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Marcelo Abud

A arte é uma importante ferramenta de engajamento político. Quando Pablo Picasso criou a pintura “Guernica”, em 1937, manifestou uma declaração de “guerra contra a guerra”, como dizia. Este é um caso de posicionamento político de um artista. “A capacidade da arte é medida pelo quanto pode mudar a nossa visão de mundo. O argentino Leon Ferrari, que foi considerado um artista plástico bastante engajado, dizia que ela é como uma lupa que você coloca na realidade e começa a vê-la de maneira aumentada”, cita o doutor em história social pela Universidade de São Paulo (USP), André Luiz Mesquita, ouvido pelo Instituto Claro.

Tal realidade aumentada ganha um aspecto maior de mobilização quando envolve a criação de coletivos em torno de uma causa. Essa é uma das características do chamado ativismo artístico, que geralmente representa contestações de setores marginalizados de uma sociedade. “Muitas vezes, os movimentos sociais usam música, performance, cartografia e outras ferramentas artísticas como estratégias”, pondera.

Ação conduzida pelo coletivo Frente 3 de fevereiro (crédito: divulgação)

 

Também integrante do setor de mediação e programas públicos do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Mesquita esteve envolvido, em 2017, na organização da exposição “Histórias Afro-atlânticas” em que o coletivo “Frente 3 de fevereiro” estendeu a tradicional faixa com a pergunta “Onde estão os negros?”, que costuma espalhar pela cidade. “Os artistas formam esse coletivo pra repensar a questão de que o Brasil vive uma democracia racial. Contestam essa ideia e começam a analisar notícias da mídia, a partir de 2004, quando acontece a morte do dentista Flávio Sant’ana, confundido com ladrão e morto por policiais militares”, explica.

O ativismo artístico costuma sofrer influência do local em que um determinado coletivo surge e está engajado. Mesquita alerta que é importante que a sociedade esteja atenta à cena artística que vem das periferias. “A produção musical, de poesia e de teatro que ocorre nesse lugar é muito importante. Se a gente está pensando em mudança social pros próximos anos, esta luta virá das periferias, onde encontramos a força de comunidade, o engajamento e a solidariedade que resultam em uma luta inspiradora”, conclui.

Link:
“Insurgências poéticas – arte ativista e ação coletiva (1990-2000)”, dissertação de mestrado de André Mesquita

Créditos:
As músicas utilizadas no áudio, por ordem de entrada, são: “Calamatraca”, com Baiana System; “Você vai entender”, com Coletivo 1Kilo; “Quem policia a polícia”, com o coletivo Frente 3 de Fevereiro; e “Negro Drama” (Edi Rock e Mano Brown), com Racionais MC’s. A poesia declamada (slam) é do coletivo Família de Rua. A trilha de fundo é composta e tocada por Reynaldo Bessa.

Crédito da imagem: reprodução Facebook Daniel Lima/Invisíveis Produções

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