Trabalho numa escola pública do interior de São Paulo, com alunos do 3º ano do ensino fundamental. Quando iniciei as aulas com esta turma, encontrei crianças que tinham atitudes e comportamentos muito infantilizados para a idade, não mostravam comprometimento e nem responsabilidade para com as atividades que eram desenvolvidas com eles. Havia alunos completamente desinteressados e apáticos diante de tudo que era proposto. Decidi então desenvolver a ideia de fazer uma sala roteiro, esse projeto levou dois meses para ser finalizados. Precisava de um método eficaz para engajá-los na aprendizagem e favorecer sua participação como sujeitos da ação. Minha meta não era ensinar os conhecimentos técnicos de um roteiro e, sim, aspectos do texto escrito. No caso do roteiro, o texto seria a base para a criação das imagens; o aluno estaria mobilizado a aprender a descrever cenários, personagens, a separar diálogo e narração, a definir tempo e espaço para a sua história. Mas escrever sobre o quê? Que conteúdo abordar no curta-metragem? Eu havia notado que os alunos não tinham cuidado com seu próprio material escolar. Falar de cinema e ensinar o que é um stop motion, uma dublagem, como se produz uma história e os pontos básicos de uma animação, não corrigiriam essas falhas encontradas no comportamento da sala.

Elegi a sustentabilidade como o tema e o coloquei como um dos objetivos a ser desenvolvido com a turma. Na verdade foram duas, portanto, as atividades trabalhadas no desenrolar do projeto: a) ensinar às crianças o sentido da sustentabilidade e conscientizá-las; b) produzir um roteiro que se concretize em um curta-metragem e que tenha um valor social para os alunos. O projeto ficou rico, os alunos escreveram seus roteiros e produziram os curtas. O projeto tornou-se interdisciplinar (Arte, Geografia e Ciência fizeram parte). A sua importância foi justamente por possibilitar a prática reflexiva, tanto de minha parte e dos alunos, quanto da parte dos pais. O projeto me ensinou a observar melhor os meus alunos na oralidade, na expressão artística e trabalho em grupo e assim melhor avalia-los. E me ensinou que a educação é um processo que exige criatividade e persistência, e que se por um determinado caminho não se tem sucesso, certamente por outro se consegue abrir possibilidades para o desenvolvimento do ser humano. Diogo Fernando dos Santos Escola Municipal Padre Zezinho Alunos do 3º ano do Ensino Fundamental Pindamonhangaba/ São Paulo

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