Leciono no Curso Pós- médio de formação de docentes na rede pública Estadual, e sou coordenadora do Programa de Escolarização Hospitalar do HC /UFPR. A mais ou menos 3 anos, resolvi iniciar e coordenar um projeto destinado as alunas do curso de formação de docentes, e futuras professoras, oferecendo a elas a oportunidade de conhecer uma área inovadora de atendimento do professor, que participa do processo educativo em ambiente hospitalar. No inicio, ao propor tal projeto a elas, as reações foram as mais diversas: Que hospital não era lugar de estudar, Que a criança que se apresenta enferma não deveria ser "incomodada" com aulas ou tarefas escolares, e que crianças doentes e seus familiares estão em situação de tristeza e dor, e que não teriam vontade nem motivação para tal atendimento. Apoiada na legislação vigente, esclareci ás alunas que o atendimento escolar hospitalizado é um direito da criança e do adolescente, e que a prática é possível, real, e gratificante, inclusive podendo contribuir no tratamento das crianças, e em relação á aprendizagem, resgatar conteúdos escolares ou complementar conhecimentos,que por motivo da doença, essas pessoas tiveram que deixar de ter acesso ou nunca tiveram.

As alunas então, organizadas em duplas, na minha companhia, fizeram visitas de observação ás instalações, e funcionamento do programa dentro do hospital. Eram somente dois encontros, onde no primeiro observavam, e no segundo, sob minha supervisão, interagiam com os alunos/pacientes da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental, oferecendo atendimento escolar, carinho e atenção. Aos poucos,as alunas se apaixonavam pelo atendimento e pelo interesse das crianças e percebiam a importância que a presença delas como professoras tinham nas pediatrias onde propunham atividades. O quanto eram esperadas ,colaborando com a recuperação e evolução cognitiva daquelas crianças, além da motivação ás famílias em relação á recuperação e retorno destes jovens á escola e retomada da vida após a alta hospitalar. As alunas saiam das unidades, emocionadas e estimuladas a investir na formação profissional. Hoje, continuo com o projeto, e recebo agradecimentos e depoimentos de alunas que conheceram este trabalho, e que querem fazê-lo novamente, reconhecendo a transformação que a educação hospitalar pode proporcionar, trazendo esperança para alunos/pacientes em busca de uma vida normal, e a perspectiva para educadores de um novo ideal profissional.