Relato da história de uma turma de 8ª série onde a professora entendeu que podemos mudar nosso destino e que uma chance pode significar muito na vida de algué
 

O ano de 1983 passou muito depressa. Eu como professora atuante e bastante rígida e orgulhosa jamais admitia sequer, dar uma segunda chance a um aluno, principalmente nas séries finais, saindo da 8ª série, estes alunos estariam entrando no segundo grau e não poderiam levar pendências. Naquele ano tive uma turma muito carinhosa e estes me fizeram sentir-me diferente como profissional e como pessoa. Tão logo se iniciou o ano deparei-me com Agenor, um aluno diferente. Pouco falava, tinha olhos grandes e azuis. Descobri que o mesmo tinha dificuldade de aprendizagem. Procurava ajudá-lo como podia, para que ele se animasse e conseguisse melhorar. Podia ajudá-lo somente no período de aula porque o menino precisava ajudar seus pais na lavoura na parte da tarde. Como era de se esperar após provas, recuperação, conselho de classe, o menino foi reprovado em português ficando com a média 5,8 e a média para passar era 6,0. Sinceramente no momento não me interessou aquele resultado, pois era o esperado uma vez que tentei de diversas formas ajudá-lo, ele até conseguiu crescer no aprendizado, não foi o suficiente para ser aprovado. No dia da entrega dos resultados, percebi naquele olhar tão meigo, uma espécie de desespero, e era um desespero, pois ele sabia que não poderia mais estudar, nem realizar um sonho que era de ir para o quartel, sonho este que dependia muito de um resultado positivo para poder mudar para uma cidade onde pudesse se alistar. Tão grande foi sua tristeza que deu para perceber nitidamente em seu semblante. Ele montou em sua bicicleta e foi cabisbaixo rumo a sua casa que ficava distante a 10 km. Naquele momento meu coração ficou dilacerado, lágrimas escorreram pelo meu rosto e uma angústia enorme se apossou de mim, pensamentos voavam pela minha cabeça e eu só conseguia pensar: por que “eu”, eu posso mudar tudo isso, foi o que eu fiz, procurei a direção da escola e com o consentimento da mesma, mandei chamar Agenor e seus pais. Assim que chegaram expus sobre a minha decisão, porém, Agenor deveria fazer um trabalho avaliativo para que eu pudesse refazer sua nota. E assim, o menino foi aprovado. No ano seguinte o menino se alistou no quartel na cidade de Santa Rosa, cumpriu com sua obrigação de brasileiro e conseguiu tornar-se Sargento do Exército Brasileiro. Hoje, Agenor exerce sua função na cidade de Cascavel/Paraná. Quanto a mim, consegui um lugar especial no coração de Agenor e sua família. Ensino sempre e aprendo a cada dia mais.Eu amo o que faço.

Receba NossasNovidades

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.