Como fazer de um limão, uma limonada. Professor concursado do CEFET-RJ, no curso de construção civl, eu tinha como coordenador um sargentão autoritário, que nas reuniões mostrava o que estava errado e ele não aceitava. Ex- aluno do Diretor, ele fez denuncia do “mau comportamento” que eu apresentava. Convocado pelo Diretor e devidamente denunciado e sob pressão, recebi a condenação seguinte: “Devido a sua insubordinação você vai sair do curso que dá aulas ( que era a minha formação), e vai criar cursos extracurriculares na mesma modalidade.” Minha licenciatura era para desenho técnico; oficina de madeira em construção e alvenaria. Disciplinas programáticas do curso. O diretor me deu um prazo de um mês para resposta, com programa de estudo das disciplinas extracurriculares, caso contrário eu seria transferido para o CEFET-AMAZONAS.
Vale dizer que o fato aconteceu na década de 60/70. Em 20 dias procurei a diretora de 2° grau e apresentei três opções de cursos: perspectiva cônica, construções não residenciais e maquete. Todos à mão e na prancheta. A informática veio muito depois destes fatos. Ao apresentar os cursos, para castigo, o diretor resolveu pelos três, sem auxiliares. Foi um limão dos grandes, mas me permitiu uma limonada que bebo até hoje. Os CEFET’S se comunicavam por informativos, folhetos, etc. Os cursos despertaram tal interesse nos alunos do curso que eu não dei conta da demanda e se inscreviam um ano antes, para os três cursos. Resultado: com a informação nos outros CEFET’S dos cursos extracurriculares, os diretores pediram estes cursos para os professores de desenho técnico. Como eu tinha que cumprir meu horário, consegui atender somente cinco estados, dando cursos de perspectiva e maquete para professores. Foi uma época em que eu “viajei” viajando nos CEFET’S do Brasil. Só sai da escola na “expulsória”, quando fiz 70 anos, o tempo máximo permitido no serviço público. Minha profissão nunca foi um trabalho e sim uma paixão que vivi intensamente e ainda sinto saudades, quando revejo as fotos das exposições na escola. Obrigado pela chance de contar esta história.