A prefeitura de Mogi das Cruzes, na qual trabalho como professora, iniciou um trabalho com professores domiciliares e hospitalares e há alguns meses estou atuando. Este trabalho já existe em diversos lugares, porém é raro o atendimento pedagógico ser em UTI infantil. A clientela é bem atípica, pois o hospital é especializado em reabilitação e as crianças apresentam um processo degenerativo, acamados e com poucos movimentos ou quase nenhum. A dificuldade maior do trabalho é a comunicação, pois a maioria não fala , sendo uma comunicação apenas com o olhar. No início, não sabia exatamente que caminho seguir, mas foi no dia a dia, no contato, que minha mente foi clareando.

O trabalho é baseado em estimulação dos sentidos como audição, visão, olfato e tato. Trabalho com a estimulação, como uma forma de mantê-los o máximo possível em contato com o mundo: conto histórias diversas, converso, canto, coloco músicas infantis ou músicas clássicas, dependendo do objetivo (pois há alunos que apresentam movimentos desordenados e uma agitação constante). Além disso, tenho também os estimulados através do contato com bexiga, massa de modelagem, brinquedos , e o estímulo olfativo feito materiais diversos, o espelho e brinquedos luminosos para estimulação daqueles que ainda enxergam, pois muitos já perderam a visão.

De qualquer forma, acredito que o mais importante é dar atenção e carinho, pois muitos não têm nem contato com familiares, que é o mínimo para uma criança se desenvolver. Todos os dias, me dirijo à UTI infantil, com muito amor e cuidado, dividindo o período de “aula” no dia, para atender aproximadamente seis alunos, que dependendo das possibilidades pessoais, será desenvolvido um trabalho muito específico e particular. A UTI apresenta 28 crianças, sendo dividido o trabalho em duas professoras. A idade das crianças varia entre oito meses e dezesseis anos e a maioria nunca saiu do hospital: nasceram e pouco tempo depois foram internados. O prazer de tentar ajudar aqueles que têm pouca ou nenhuma perspectiva de futuro vem do coração. Para quem tem tudo, como a maioria dos professores das crianças em idade escolar, nosso trabalho parece insignificante, mas para as poucas mães ali presentes e seus filhos da UTI, é uma alegria ter alguém que se interesse em ensinar, em estimular, ou seja, alguém que mostre o quanto as crianças são importantes.

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