A aluna sem motivação nenhuma na vida, encontra alegria nos livros.
 

Certa vez em uma sala de aula do 2• Ano do Ensino Médio da modalidade EJA, Sofia, professora de Língua Portuguesa, pede aos alunos que iniciem uma pesquisa sobre a escritora carioca Cecília Meirelles. Uma aluna com pouco mais de 35 anos, pois a modalidade EJA, é a educação de Jovens e Adultos, reclama que não irá realizar a pesquisa , pois odeia ler , não tem dinheiro para comprar livros e nunca havia lido uma obra literária. E que, também, não iria à nenhuma biblioteca para realizar a pesquisa, porque não tinha tempo para sair do trabalho. A docente explica para a aluna que atualmente existem diversas plataformas tecnológicas que permitem pesquisar, interagir e fazer download de livros. A aluna voltou-se ao celular e não deu atenção à professora.

No dia seguinte, a mestre pede minutos da atenção da aluna e o diálogo acontece entre elas. A discente confessa que, chegou do interior do Nordeste havia 5 meses, nunca tocou em um notebook, trabalha em uma rede de restaurantes no cargo de auxiliar de serviços gerais, sua infância, adolescência e vida adulta foram marcadas pelo trabalho árduo e explorador da vida da roça. Diante do depoimento da aluna, a professora monta uma estratégia que envolve muita didática para despertar o interesse da leitura e resgatar toda uma autoestima que havia sido perdida por parte da aluna.

Inicia-se ali uma amizade que vai além da relação em sala de aula. Vários sites educativos são indicados para a aluna: Read Print, Brasiliana, Blog midia8 , NET Educação e etc. Ao término da pesquisa, a professora realiza um Sarau e pede aos alunos que escolham um poema ou obra de Cecília e declamem para a sala, explicando o porquê da escolha.

A aluna muito emocionada faz a releitura do poema "Retratos": "Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo…"; "Em que espelho ficou perdida a minha face?". A aluna muito emocionada diz que a escolha desse poema foi pelo motivo de ela estar em uma fase muito ruim de sua vida, que ao olhar-se diante do espelho, fazia as mesmas indagações do poema. Disse, também, que não teve tempo nenhum de estudar. Fez a pesquisa toda durante o seu horário de almoço por meio do celular. E que já tinha lido uma obra literária todinha pelo seu tablet, recém adquirido. Até comentou com a professora, como a obra machadiana é repleta de muita psicologia.

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