Trabalho no 5° ano com crianças de 9 a 11 anos, a maioria dos alunos foram alfabetizados no 3° ano e apresentam grandes dificuldades quanto à leitura e a produção de escrita, mas além das dificuldades em Português, percebi que precisava trabalhar autoestima deles como alguns ficam em tempo integral na escola acabam tirando suas dúvidas e dividindo seus sentimentos no âmbito escolar e era ali que estes impulsos estavam se manifestando, às vezes de formas bem agressivas e explosivas.
Preocupada com esses comportamentos e com as dificuldades apresentadas, queria muito que meus alunos se encontrassem, se descobrissem e que se encantassem através da leitura, descobrindo o prazer do encontro consigo mesmo nos livros. De inicio o que me animava é que tinham apreciação por gibis, mas o acervo da escola é muito limitado e logo a “caixinha” foi ficando esquecida. Então selecionei alguns livros com 30 a 50 páginas e apresentei a classe que imediatamente torceu o nariz, leram uma média de dois livros no primeiro bimestre, mas não senti que tivesse tocado eles de alguma forma, então uma professora e amiga em particular enviou-me de presente o livro “A Bolsa Amarela” de Ligya Bojunga com a seguinte frase: Pra eles e pra você! Iniciei o livro como leitora da turma, meu único objetivo era despertar o interesse por algo que falasse a mesma língua deles e com os mesmos anseios. No primeiro capítulo consegui o que busquei o semestre inteiro, a famosa frase: aaaaaaaaaaah!
Continua professora! E lá se foram mais algumas páginas até que o livro se tornou nosso bom dia e nos acompanhou por algumas semanas. Então planejei uma semana de atividades didáticas que envolveram a reflexão,a produção de textos, interpretações, a confecção de uma bolsa amarela que deixamos exposta na sala durante uma semana e disponível para receber em forma de bilhetes todas as vontades da turma. Outros professores compartilharam da ideia então reunimos os alunos e montamos uma oficina para a construção de um mural expressivo onde todos da escola pudessem parar observar e ler. A reposta geral foi fascinante e claro muito positiva.
Como professora acredito no potencial do ser humano e como leitora acredito muito na força das palavras e em como podem fazer a diferença, estejam no texto que estiverem elas podem ter o poder de descosturar alguns pensamentos, de acomodar algumas vontades e explodir outras. Professora : Eleandra A Sganderla Escola Municipal Recanto Feliz, Francisco Beltrão, Parana.