Conteúdos
– Divisão temporal histórica
– Renascimento e Iluminismo
– Obras de arte renascentistas
– Vida e obra de Leonardo Da Vinci
Objetivos
– Entender em qual período histórico se deu a divisão de tempo
– Aprender sobre o Renascimento nas artes
– Apreciar obras de arte do período
– Conhecer a vida e a obra de Leonardo Da Vinci
Previsão para aplicação:
6 aulas (50 min/aula)
1ª Etapa: Como os historiadores dividiram a história? O que foi o Renascimento?
Tempo histórico
O tempo histórico é uma convenção. Diferente de tempo cronológico e de tempo geográfico, tempo histórico é um acordo entre os historiadores, passível de debate e normalmente demarcado por um grande evento que encerra e inicia um período histórico. Os agentes da mudança do tempo histórico são os homens e as mulheres vivendo em sociedade, alterando e sendo alterados pelo seu entorno.
Nesse sentido, a ideia de demarcação de um tempo histórico diz respeito a seres humanos que, em um determinado momento e em um determinado local, partilham de ideias em comum. Apesar dessa convenção, a divisão temporal não determina que tudo ocorreu da mesma forma e que as mudanças partilhadas tenham ocorrido de forma simultânea, tampouco significa que houve uma ruptura bruta, mas que houve um evento que alterou paradigmas em alguns locais e para algumas pessoas.
A divisão da história, tal como conhecemos hoje, foi determinada durante o século XVIII, no momento em que se iniciaram estudos a respeito da teoria da história, seus métodos, objetos e formas. É uma divisão cristã e ocidental porque parte do nascimento de Cristo como marco temporal e organiza a divisão a partir de eventos ocorridos no continente europeu. Nesse sentido, tempos a seguinte divisão histórica:
a) Pré-história: 4 milhões a 10 mil anos a. C. – período demarcado por não haver escrita;
b) Idade Antiga: do surgimento da escrita a 476 d. C. – queda do Império Romano;
c) Idade Média: 476 d. C. – queda do Império Romano a 1453 d. C. – queda de Constantinopla;
d) Idade Moderna: 1453 d. C. – queda de Constantinopla a 1789 d. C. – Revolução Francesa;
e) Idade Contemporânea: 1789 d. C. – Revolução Francesa até os dias atuais.
Como dito, a divisão histórica foi feita levando em consideração apenas marcos e eventos ocorridos na Europa e no máximo em Constantinopla que, apesar de não ser na Europa, faz parte da história do continente. Além disso, tomar a história somente a partir do momento em que se desenvolve a escrita excluiu muitos povos e populações da linha temporal, sobretudo os povos africanos e ameríndios.
A intenção de iniciar um texto refletindo a respeito da divisão temporal da história, tem como objetivo desnaturalizar a ideia de tempo histórico como algo com valor absoluto e compreender essa organização como algo determinado pelos historiadores, também seres de seu tempo e local. Apesar dessa compreensão, justamente por ser uma convenção e um acordo, a divisão histórica torna-se importante para que se possa estudar história. Compreendendo isso, é possível entender o Renascimento e seu período.
Renascimento e Idade Moderna
No século XVIII, no contexto de reflexão a respeito da ciência da história, os iluministas dividiram o tempo histórico e suas eras. Denominaram, portanto, o período compreendido entre a Queda do Império Romano, em 476 e a de Constantinopla, em 1453, de Idade Média ou Idade das Trevas, tendo o nome de “Média” por estar compreendida entre a Idade Antiga e a Moderna, como se fosse apenas um período de 1000 anos de transição entre um momento e outro da história.
Para os iluministas, esse foi um momento de obscurantismo, no qual a humanidade não produziu nada no campo das artes, ciência e literatura. Também foi um momento de pleno domínio da Igreja Católica, por isso a denominação Idade das Trevas. A questão é que esse nome ou divisão ignorou todo o restante do mundo naquele momento que estava em plena produção, por exemplo, os chineses e os islâmicos que, inclusive, haviam se dedicado a traduzir filósofos gregos, bem como desenvolver a astronomia e a matemática. Além disso, ignorou também a própria Europa, já que não houve total estagnação cultural nesse período, sendo o momento no qual as universidades foram construídas no continente.
O nome foi dado pelos renascentistas, filósofos, filólogos e artistas que também se autodenominaram no século XIV. Esses intelectuais assumiram-se como herdeiros e resgatadores da cultura da antiguidade, sobretudo de Roma e Grécia, nos campos da arte, filosofia e ciência. Para eles, a partir de suas ações, a Europa estava renascendo das cinzas e de um período de trevas.
O período compreendido entre os séculos XIV e XVI foi denominado, portanto, como Renascimento. Ele demarcou o momento de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna e do sistema feudal para o capitalismo. Se caracterizou por transformações na cultura, sociedade, economia, política, religião, artes, filosofia e ciência e representou, na Europa Ocidental, uma mudança de paradigma no modo de pensar e agir inspirado na idealização dos valores da antiguidade clássica grega e romana.
O Classicismo foi o modelo adotado pelos renascentistas. Baseados na ideia de que a queda do Império Romano gerou um período de decadência e indignidade humana, dirigidas pela Igreja Católica corrupta e centralizadora, o modelo classicista buscou valorizar supostas ideias gregas e romanas retomando os temas e as formas do período.
A valorização da Idade Antiga se expressou no Humanismo, nas artes e na filosofia. A partir do Humanismo, a racionalidade na ciência e na natureza ocuparam espaço em relação ao dogmatismo religioso. Para os humanistas, ao contrário do teocentrismo (teo = Deus) pregado pela Igreja Católica durante a Idade Média, era o homem que estava no centro do universo, lógica chamada de antropocentrismo (antro = homem). Nesse sentido, a filosofia do renascimento valorizava a razão e a ética, valores da humanidade sobre o sobrenatural, o obscurantismo e o místico. É o início da forma de ciência moderna, baseada na pesquisa empírica. A invenção da prensa móvel facilitou a divulgação de ideias e de códices, formatos de livros do momento e de divulgação de ideias que favoreceu, inclusive, a divulgação e ampliação da leitura da Bíblia e questionamentos sobre o obscurantismo da igreja e do clero.
É também durante os séculos XIV e XVI que se inicia a expansão marítima europeia, também conhecida como “grandes navegações”, momento no qual os europeus, sobretudo os ibéricos – em um primeiro momento – desenvolveram navios e outras ferramentas que possibilitaram a navegação pelo oceano. Esses mecanismos, no entanto, foram facilitados pelas pesquisas islâmicas em relação à matemática e astronomia, mas também às traduções dos clássicos feitas pelos humanistas. As trocas feitas com outros grupos asiáticos, como chineses e africanos, sobretudo do norte, trouxeram novos ares para as ideias europeias, principalmente em relação ao resgate das obras clássicas de Platão e Aristóteles que foram primeiramente traduzidas para o árabe.
A expansão marítima aumentou significativamente o comércio e as trocas culturais e as cidades, sobretudo cidades portuárias como Gênova, Veneza, Florença, Milão e atraiu uma vasta gama de pessoas entre comerciantes, artistas, filósofos, cientistas. Esse foi um momento de revalorização das cidades, ao contrário do período feudal no qual o campo havia atraído à imensa maioria das pessoas, já que era onde ocorria a produção alimentícia. Nas cidades formou-se uma camada média social, composta por artesãos, construtores e comerciantes.
É na área urbana que também outro grupo pôde se desenvolver plenamente e teve papel fundamental na formação e expansão da arte e da ciência no período renascentista e moderno: a burguesia. Formada pelo sistema mercantil, pelos comerciantes – graças à expansão marítima, a burguesia tem no individualismo uma de suas marcas. A ideia de que é possível fazer por si mesmo e ser valorizado, ao contrário da ideia do sangue e do valor estar ligado à família, como era o caso dos nobres. É importante compreender que a Itália somente unificou-se no século XIX. No momento do Renascimento, as cidades eram núcleos que se encerravam em si mesmas e tinham burgueses como grandes dirigentes e força política de cada uma delas – no caso das cidades italianas.
A burguesia – e alguns nobres – favoreceu o mecenato, que era o financiamento de artistas para produção própria. No caso da burguesia, apesar da tentativa de separar-se da nobreza diferenciando o valor próprio daquele dado pelo sangue, ter um artista à sua disposição significava afirmar alguns valores nobres e, ao mesmo tempo, provar que não era preciso berço. Graças ao mecenato, iniciou-se um processo de valorização individual do artista, algo que não ocorria antes, quando o artista era quase um artesão. O artista sustentado por um nobre ou por um burguês pôde dedicar-se a se profissionalizar e estudar, tendo como função exclusiva, além da sua própria arte, realizar encomendas para as famílias mecenas, tais como retratos da família ou de seus membros, decoração das casas e capelas, etc.
Os artistas do Renascimento eram pessoas que estudavam muito, buscando soluções artísticas para questões como luz e sombra, profundidade e perspectiva, representações físicas de corpo, etc. O corpo humano e sua representação ocupava grande espaço nos estudos dos artistas do período, buscando resgatar as formas dos gregos e romanos. Estavam inseridos em toda essa ideia de dedicação, racionalidade, ética e pesquisa, já que eram também humanistas e sabiam que seu valor se dava pela sua competência individual e não por um nome herdado por serem nobres – apesar de alguns o serem. Viajavam bastante, mantinham contato com outros povos, sobretudo do oriente próximo, além de viverem em cidades onde a troca de ideias e mútua influência acontecia de forma natural.
Florença era a cidade mais importante do século XV no contexto do Renascimento. Congregava uma série de artistas, artesãos e intelectuais, bem como tinha um índice baixíssimo de analfabetismo. A cidade era conhecida também pela grande quantidade de obras públicas que eram feitas constantemente. A ideia da cidade era que suas construções representassem ideias inovadoras e não somente fossem úteis. Além disso, Florença era uma república independente.
Dos principais artistas do período, destacam-se: Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarrotti, Rafael Sanzio, Donatello e Sandro Boticcelli. Os escritores de maior destaque são: Dante Alighieri, Willian Shakespeare, Miguel de Cervantes e Luis de Camões. Entre os filósofos, Maquiavel e Voltaire são exemplos; entre os cientistas, Galileu Galilei e Giordano Bruno.
2ª Etapa: Leonardo da Vinci – vida e obra
Leonardo da Vinci foi um polímato, ou seja, uma pessoa que deteve inúmeras habilidades como a de artista, arquiteto, engenheiro, matemático, físico, fisiologista, botânico, entre outras coisas. Além disso, muito provavelmente viveu com homens e era vegetariano. Leonardo morreu em 1519 na França, muito embora tenha vivido e produzido a vida inteira nas cidades de Florença, Veneza e Milão. Sua mente e produção intrigam até os dias de hoje, mais de 500 anos depois de sua morte.
Leonardo da Vinci nasceu em 1452, provavelmente em abril, na região de Vinci, na Toscana, Itália rural. Era filho bastardo de um notável, Sir Piero, o que hoje seria uma espécie de tabelião, com uma camponesa chamada Caterine. Por ser filho ilegítimo, embora reconhecido por seu pai, não podia ter seu sobrenome, também não herdou sua profissão, como seria comum aos filhos primogênitos de casamento. Chamou-se, portanto, Leonardo di Piero da Vinci.
Apesar de filho não legítimo, Leonardo foi criado pelos seus avós, pais de seu pai, na região da Florença. É importante lembrar que nesse período os casamentos eram arranjados e tinham uma função de passar o nome adiante e parte da fortuna ou dinheiro do pai, no entanto, os filhos tidos fora do casamento eram muitas vezes parcialmente assumidos pelo pai e esse foi o caso de Leonardo. Apesar de não ter tido uma educação formal tão notável quanto à dos filhos de casamento, Leonardo teve tutores e aprendeu matemática e outras ciências. Porém, posteriormente, foi rejeitado no meio intelectual de Florença por não ter tido a mesma educação formal de seus pares.
Desde a infância, Leonardo apresentava grande curiosidade e gostava muito de desenhar por observação. Tinha verdadeiro fascínio pelo voo dos pássaros e passava horas observando e desenhando rasantes. Na adolescência, seu pai solicitou que Andrea del Verrocchio, mestre que dirigia um ateliê em Florença, o aceitasse como seu aprendiz, privilégio que compartilhou com Boticelli.
Era comum que homens que quisessem aprender e compreender mais sobre as técnicas artísticas se dedicassem a trabalhar como aprendizes para um artista já conhecido e, dessa forma, a partir da observação e auxílio do artista em questão, conhecer mais sobre a arte. Como dito anteriormente, é nesse período que se inicia a ideia de artista individualmente, como também criador. Nesse período, a visão de artista ainda em transição priorizava mais a técnica e menos a criação e individualidade em questão. Ser artista nesse momento, ainda é semelhante a fazer parte de uma guilda, como sapateiros, por exemplo, onde há um mestre e diversos aprendizes de trabalhos manuais ou artesãos. Leonardo da Vinci foi um dos primeiros artistas que passou a assinar seus trabalhos.
Sobre da Vinci há muitas histórias míticas que não podemos atestar a veracidade e que auxiliam na construção de uma idealização do artista como gênio, como alguém que tinha um talento inato. Uma delas é a história de que o anjo que pintou no quadro “O Batismo de Cristo”, de seu tutor del Verrocchio, foi tão perfeito que levou seu mestre à aposentadoria precoce. Muito embora o anjo tenha chamado mesmo muita atenção, não há nada que comprove essa teoria. O que ocorreu é que Leonardo se profissionalizou mais rápido que seus colegas e essa pintura foi uma espécie de prova de sua capacidade. Em 1472, Leonardo foi qualificado como mestre e passou a trabalhar na Guilda de São Lucas, com 20 anos de idade, muito novo para os padrões da época, sem deixar de colaborar, no entanto, com o ateliê de del Verrocchio.
Obra: “O batismo de Cristo” – Ateliê de Andreas del Verrocchio e detalhe do anjo pintado por da Vinci. Fonte da imagem: Leonardo Da Vinci Discípulo da experiência.
Em 1476, Leonardo foi acusado de sodomia, ou seja, acusado de manter práticas homossexuais, proibidas pela Igreja, e passou por um humilhante processo inquisitório, o qual resultou em seu desligamento definitivo do ateliê de del Verrocchio, muito embora tenha sido inocentado e isolado durante dois anos. Em 1478, passou a viver com os Médicies, seus mecenas e dinastia política de Florença. A primeira obra feita totalmente por ele é provavelmente “A Adoração dos Magos”, em 1481, encomendada pelos monges de São Donato a Scopeto e ficou inacabada, já que da Vinci migrou para Milão.
“A Adoração dos Magos”, 1481. Fonte da imagem: Info Escola
Em 1482, da Vinci enviou uma carta a Ludovico Sforza, duque de Milão e banqueiro e passou a trabalhar sob seu mecenato por alguns anos. Em sua carta, Leonardo se apresentou como engenheiro militar, além de artista e passou a desenvolver também armas e realizar estudos bélicos. Como era um período de conflito entre as cidades italianas, mas também com a França, ter um engenheiro militar era sempre bem vindo. Seu desejo, no entanto, gerou bastante choque, já que Florença era a capital cultural da Renascença e Milão era uma cidade eternamente em clima beligerante.
Apesar de não ter formação de engenharia e sequer ter uma educação formal, Leonardo fez propostas muito inovadoras para seu patrono na época, como pontes móveis e barcos que lançavam bombas e catapultas. Sua intenção era muito mais de amedrontar do que infligir danos propriamente ditos.
Outra característica do pintor era sua fama de receber encomendas e não entregá-las, tomando o dinheiro recebido, mas não devolvendo o pedido. Suas justificativas a respeito disso eram sua imensa obsessão pela perfeição e pelo movimento das pessoas e dos objetos. Tal como um cientista da época, a pintura para Leonardo da Vinci era um objeto de reflexão teórica e ele fazia experiências empíricas com luz e cor. Isso fez com que no total de obras finalizadas que conhecemos dele hoje só existam 12 obras.
Um desses casos dos quais da Vinci não entregou o prometido é o do Gran Cavallo, encomendado pelo duque de Milão Ludovico Sforza, em 1482. Leonardo passou uma década elaborando o projeto do cavalo, observando cada movimento do animal e cada um dos músculos e ângulos de sua projeção. Em 1492, da Vinci havia concluído o enorme modelo de argila que estava em frente à cidade. Quando o projeto estava terminado sua ideia era a de produzir o monumento usando aproximadamente 17 toneladas de bronze, uma quantidade enorme do material, algo impensável para um momento de conflito bélico. A França invadiu Milão em 1494, Sforza usou o material para a produção de canhões em defesa da cidade, na invasão, o cavalo de argila foi destruído.
O cavalo era o símbolo de sua família, que controlava a cidade. Sua fama o impediu de tomar a tarefa de pintar o teto da Capela Sistina, já que o bispo exigia comprometimento, deixando para Michelangelo. Em 1977, no entanto, o piloto aposentado Charles C. Dent resolveu levar adiante o projeto original de Leonardo da Vinci e conseguiu o financiamento do bilionário americano Frederik Meijer na construção de duas grandes estátuas de 7 metros cada. Uma foi instalada em Milão e a outra em Michigan, nos Estados Unidos.
“Gran Cavallo” – Reconstrução de 1994; Fonte da imagem: Leonardo Da Vinci Discípulo da experiência.
Após o fracasso na entrega da obra Gran Cavallo, Leonardo mudou-se para Veneza onde passou a trabalhar como engenheiro militar e arquiteto do Duque por alguns anos e retornou para Florença em 1500 e, logo em seguida, migro para Cezena, onde serviu a César Bórgia, como engenheiro militar e cartógrafo. Leonardo costumava acompanhar o Cardeal em suas viagens, fazendo anotações e mapas. Além disso, Bórgia também lhe deu carta branca para fiscalizar obras e os militares de todo seu reino. O Cardeal tinha fama de impetuoso e violento e foi o modelo para a escrita do Príncipe de Maquiavel, no entanto, Leonardo produziu e elaborou ideias de fortalezas que poderiam ser contra bombas vindas dos canhões.
Apesar de toda a construção mítica em torno da figura de da Vinci, o seu material escrito, além de toda a obra produzida por ele, demonstram que era e é uma figura de extrema importância na história da Arte e da humanidade. Leonardo produziu cadernos de reflexão, pesquisa e Ciência que foram além do campo da produção artística e dedicou-se com igual fervor à pintura e a escultura as quais realizou testes empíricos e tratou a arte pela primeira vez como criação e ciência concomitantemente.
Da Vinci escrevia ao contrário, de forma que só era possível ler seus diários se colocasse um espelho na frente da folha uma ideia de óptica bastante avançada para sua época. Há uma hipótese de que sua escrita seja dessa forma graças ao fato de ser canhoto e não querer que sua mão sujasse ou que a tinta borrasse. No entanto, também poderia escrever dessa forma para proteger suas ideias originais.
Uma obsessão de Leonardo foi a construção e reprodução exata da figura do ser humano. São páginas e páginas que ele se dedicou a pesquisar e determinar o ser humano desde a concepção até imagens de robôs ou máquinas humanoides. Essa não era, no entanto, uma particularidade dele enquanto artista, mas dos pintores e escultores, seus contemporâneos que utilizavam da dissecação e da observação de corpos nus, como modelos vivos, para não só a representação, mas o estudo do corpo humano. Da Vinci foi além e em seus estudos descobriu como uma criança se forma no útero de sua mãe, como a gordura se armazena no corpo humano e o que é o colesterol, como se forma uma imagem no globo óptico, fez todo um mapeamento dos músculos no corpo humano, etc.
O “Homem Vitruviano” é um de seus estudos que buscou sintetizar as proporções áureas do corpo humano. Seu objetivo inicial era conhecer o corpo para poder realizar melhores pinturas sem necessariamente precisar recorrer a um modelo vivo. Sendo o homem imagem e semelhança de Deus, a sua representação seria também o ponto máximo da simetria da natureza. Baseado no Tratado de Marcus Vitruvius Pollio, arquiteto romano, as proporções do corpo humano são totalmente matemáticas e representam muito do homem renascentista com suas inspirações na antiguidade e seus estudos empíricos.
Homem Vitruviano, 1487. Fonte da imagem: BBC Brasil.
Imagem escaneada de página de caderno de da Vinci com esboço de imagem de ser humano. Fonte da imagem: British Library.
Para da Vinci, a pintura era a arte superior. Era a partir dela que se tornava possível uma representação mais precisa da realidade. O artista se debruçou e se dedicou à reflexão não só sobre a técnica, mas sobre o devir da arte, sobretudo da pintura. Uma das técnicas que até hoje são ligadas a Leonardo é a do sfumatto, uma forma de sombreamento das imagens elaborada e usada por ele na maioria de suas obras para representar o “algo” que existia entre a luz e a imagem que alterava sua cor, a depender do local em que estava localizado. Hoje sabemos que esse algo é a atmosfera que acabava deixando as coisas mais distantes com a cor azulada. O sfumatto é uma técnica em degradê que representa a passagem da imagem da luz para a sombra, sem que seja de forma abrupta e o espectador da obra não perceba essa mudança muito leve e natural ocorrendo no quadro em si. Para isso, ele usa técnica da velatura, na qual o quadro é pintado em camadas de forma que, ao secar uma, pinta-se outra por cima. Algumas obras de da Vinci chegam a ter 40 ou 50 camadas, algo muito difícil de se fazer com tinta à óleo. Nesse sentido, para ele, a pintura era uma representação filosófica da realidade, na qual não só está o objeto representado como o todo ao redor dele.
“Virgem dos Rochedos” – Leonardo da Vinci, 1486 – Pode-se ver o sfumatto no fundo da tela, na parte azul. Fonte da imagem: Cultura Genial.
Apesar de ter se profissionalizado cedo, da Vinci somente obteve fama a partir de sua obra “Última Ceia”, pintada como mural no refeitório do convento de Santa Maria Deller Grazie, em 1497. O quadro, medindo 4,6m x 8,8m, é muito chamativo e na sua época já causou impacto. É até hoje uma das obras que mais gera controvérsia, sendo bastante explorada em teorias da conspiração. Na obra, Da Vinci utilizou uma técnica de perspectiva na qual parece que o refeitório dos monges continua na mesa em que estão Jesus e os Apóstolos no momento fatídico em que Ele anuncia a traição. Pode-se observar pela continuidade da cena atrás de Jesus, que o mural aparece em uma perspectiva muito profunda. Jesus está colocado no centro da mesa, formando um triângulo equilátero entre ele e seus apóstolos, e Pedro fala – a sua direita – no ouvido de João que Judas é traidor. Uma forma de expor Judas sem destacá-lo. O movimento presente em uma cena em que todos estão sentados é também uma das coisas que mais chama atenção, já que cada um dos apóstolos está reagindo à notícia da traição de Cristo de uma maneira muito particular.
Esse mural, no entanto, já passou por inúmeras restaurações desde sua criação. O que houve é que Leonardo era acostumado a pintar telas a óleo que levavam muito tempo para serem finalizadas. O mural é uma obra que necessita de rapidez, já que é feito sobre o gesso ainda fresco para que haja uma combinação entre tinta e a camada de gesso. Como não dispunha exatamente dessa técnica, a tinta utilizada sobre o gesso já seco acabou por gerar uma pintura mais frágil à ação do tempo. Além disso, a obra estava em um refeitório, sujeita a altas temperaturas, bem como outras sujeiras.
As restaurações alteraram a obra. O exemplo mais claro de alteração é a cor de Judas e seus traços, já que aparece muito mais escuro que os outros apóstolos e tem traços menos europeus e mais parecidos com árabes que o restante. Outra questão que chama atenção é a ausência dos pés de Cristo, no qual há uma porta em seu lugar. Na pintura original, há pés e Judas tem traços europeus como os outros. Essas informações são conhecidas porque Leonardo, tal como outros artistas renascentistas, mantinha uma escola ou ateliê onde ensinava discípulos. Uma das tarefas mais comuns ao se ensinar era copiar ou ajudar o mestre em seus projetos e tanto a Santa Ceia quanto a Mona Lisa, que falaremos abaixo, têm cópias feitas por terceiros na mesma época.
“Santa Ceia” – Leonardo da Vinci. Fonte da imagem: Cultura Genial.
A obra Mona Lisa é uma história totalmente a parte. O quadro ganhou projeção internacional e fama na década de 1910, quando foi roubado do acervo pessoal da família real francesa que havia adquirido a obra em 1515, logo após seu término. Era, no entanto, uma obra encomendada por Francesco Giocondo, em 1503, que contratou o pintor para retratar sua esposa. O título é conhecido por “Mona Lisa”, literalmente, “Senhora Lisa” ou “Gioconda”, a mulher de “Giocondo”, que tinha 24 anos na época de seu retrato. Leonardo nunca entregou a obra ao seu contratante, mas também não recebeu para isso, já que era amigo da família, ele estava fazendo um favor.
Uma das justificativas para seu atraso diz respeito ao fascínio que o próprio artista teve diante de sua obra. Essa obra hoje pode não apresentar nenhuma questão tão intrigante, mas em sua época ela gerou certo furor por duas razões principais, a primeira é que não era costume fazer retratos usando apenas o dorso e o rosto da pessoa retratada, mas o corpo inteiro, o que fazia com que os quadros fossem imensos sempre. Mona Lisa inaugura uma forma de retrato moderno que usamos até hoje, na qual ela se encontra extremamente centralizada, tanto lateralmente quanto com o fundo da tela, onde somente está retratado o colo e o rosto. Outro elemento de destaque é o fundo, no qual foi utilizada a técnica do sfumatto e velatura, já citados anteriormente, o que confere a obra a sensação de três dimensões e não de algo plano ou chapado com mudanças súbitas de cores.
Apesar de tudo isso, é possível que a fama da obra tenha ocorrido mais porque houve esse roubo, feito por um italiano, no começo do século XX, do que por outras razões técnicas. Muito embora da Vinci seja reduzido à Mona Lisa, outras obras foram igualmente ou até mais bem elaboradas que essa, sem tirar o mérito da resolução do problema do enquadramento e do retrato apenas de uma parte do corpo que se tornou uma regra para os retratistas, reproduzida até os dias de hoje. O quadro tem também inúmeras versões com cores diferentes e reproduções feitas por artistas contemporâneos e da época dele.
Existem dúvidas a respeito das cores originais usadas pelo artista, já que ao longo de cinco séculos a obra passou por restaurações e aplicações de camadas de verniz que comprometeram sua paleta de cores. É a obra mais visitada de toda a história do Museu do Louvre, onde está em exposição desde o começo do século XX.
“Mona Lisa”, 1505. Fonte da imagem: Cultura Genial.
Obcecado em encontrar uma solução para uma obra onde deveria haver duas figuras de adultos e duas de crianças, Leonardo da Vinci elaborou na mesma época em que estudava e pintava Mona Lisa, diversas versões da obra “A Virgem e o Menino com Sant´Anna”, a qual ficou conhecida tendo o cordeiro no lugar da segunda criança, provavelmente João Batista.
“A virgem, o menino e Sant´Anna”, 1510. Fonte da imagem: Vírus da Arte.
Por volta desse período, em 1513, Leonardo da Vinci morou em Roma, sob judice do Papa Leão X, também da família Médice. Partiu de Milão graças a guerra e a restauração do ducado dos Sforza, que gerou desconforto para ele. Em Roma, apesar de protegido, Leonardo não obteve muitas encomendas.
No ano de 1516, Milão foi dominado pelo rei da França, Francisco I, que ficou impressionado com os projetos de robôs e máquinas feitas por Leonardo, ainda que não fossem possíveis de serem implantados. Francisco tornou-se o mecenas de da Vinci e o levou para a França onde passou seus últimos anos, dando para ele uma residência oficial, o castelo de Cloux, onde morreu aos 67 anos.
O fascínio que Leonardo da Vinci exerce na modernidade diz respeito à sua capacidade de ter antevisto, ou imaginado, objetos que somente seriam inventados pela humanidade nos séculos XIX, XX ou que no século XXI ainda não foram realizados. Por exemplo, modelos de aviões, helicópteros, paraquedas, escafandros, tanque de guerra, bicicleta, arma com pólvora e outros, como robôs. Essa sua capacidade, associada ao fato de que esteve sumido por dois anos e deixou pouquíssimos registros a respeito de sua vida pessoal, inspiraram uma série de teorias da conspiração a respeito de sua imagem e de suas obras que vão desde abdução alienígena até diversas mensagens que ele teria deixado na “Última Ceia”, como a ausência de taças ou que Judas era, na verdade, uma mulher, Maria Madalena.
A mais famosa teoria da conspiração inspirada em da Vinci diz respeito ao Santo Graal. Na simbologia católica, o Santo Graal é a taça na qual Jesus Cristo serviu o último vinho na última ceia e que depois, Pedro, o primeiro Papa, usaria para realizar a eucaristia e essa taça, muito embora exista até hoje, estaria perdida. De acordo com a ideia cristã, Jesus teria servido o vinho como se fosse seu sangue, no entanto, após muitas mudanças e sincretismos com a cultura celta, passou-se a acreditar que o Santo Graal era uma taça com capacidades de manutenção eterna da vida que também abrigou literalmente o sangue das feridas e chagas de Cristo após a crucificação. Essa busca pelo Santo Graal a partir dos códigos que teriam sido deixados por da Vinci inspirou o livro e o filme “Código da Vinci” de Dan Brown.
Leonardo da Vinci era um homem extremamente obcecado por algumas coisas, como o corpo humano e a água e seus movimentos, bem como por registrar todas as impressões que tinha sobre as coisas e sobre a natureza. Dedicou-se a escrever um grande Tratado de Pintura que somente foi publicado em 1651.
Um dos exemplos do fascínio exercido até os dias de hoje pela figura de Leonardo da Vinci diz respeito à obra Salvator Mundi. Descoberta em 1900, após ter sido atribuída como perdida, a obra só teve sua autenticidade comprovada em 2017, através de estudos realizados com carbono 12, capaz de determinar a época de sua produção e outros mecanismos que checam a técnica e o material utilizado, além do traço e do estilo. A obra foi vendida por 45 milhões de dólares a um comprador desconhecido e anônimo. Apesar da venda milionária, a obra é ainda questionada por muitos.
“Salvator Mundi” – 1490 a 1500 (provável data). Fonte da imagem: Cultura Genial.
3ª Etapa: Exercício de Reflexão - existe um gênio criador?
Como organizar um debate em sala de aula?
– Lembre-se: o debate é uma discussão mediada pelo(a) professor(a) e visa chegar a uma posição comum na resolução de algum problema ou questão entre os alunos.
– Não é necessário dividir a sala em grupos antagônicos. O debate pode ocorrer com nuances de opiniões, sem ser necessariamente alunos contra ou a favor de algo.
Proposta de atividade:
1) Assista com os alunos ao vídeo “De onde vem os gênios?”, do Canal “Nerdologia”.
2) Peça para que os alunos organizem suas ideias em um papel, pensando na resposta para a pergunta “De onde vem os gênios?”. Diga para anotarem ao menos dois argumentos para suas ideias.
3) Organize a sala de forma que haja uma ordem e um limite de tempo para que cada aluno possa falar – as regras podem ser propostas pelos alunos e devem ser anotadas na lousa para que todos tenham acesso.
4) É importante que do debate saia um produto com uma síntese da discussão. Pode ser um texto coletivo, um vídeo ou um cartaz que represente aquilo que o grupo todo pensou.
Importante: não se deve permitir que se firam os direitos humanos, que os alunos expressem posições preconceituosas, racistas, machistas e homofóbicas. Isso deve ser explicado no começo do debate.
4ª Etapa: Exercícios de Vestibular - Renascimento e Leonardo da Vinci
1) (Enem – 2012) Leia este trecho em que se faz referência à construção do mundo moderno:
“… os modernos são os primeiros a demonstrar que o conhecimento verdadeiro só pode nascer do trabalho interior realizado pela razão, graças a seu próprio esforço, sem aceitar dogmas religiosos, preconceitos sociais, censuras políticas e os dados imediatos fornecidos pelos sentidos”. (CHAUÍ, Marilena. “Primeira filosofia”. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 80.)
A leitura do trecho nos permite identificar características do Renascimento. Assinale a afirmativa que contém essas características:
a) nova postura com relação ao conhecimento, a qual transforma o modo de entendimento do mundo e do próprio homem.
b) ruptura com as concepções antropocêntricas, a qual modifica as relações hierárquicas senhoriais.
c) ruptura com o mundo antigo, a qual caracteriza um distanciamento do homem face aos diversos movimentos religiosos.
d) adaptações do pensamento contemplativo, as quais reafirmam a primazia do conhecimento da natureza em relação ao homem.
RESPOSTA: A
2) (Enem 2014) Leia atentamente os relatos a seguir:
“O pintor que trabalha rotineira e apressadamente, sem compreender as coisas, é como o espelho que absorve tudo o que encontra diante de si, sem tomar conhecimento”.
“Experiência, mãe de toda a certeza.”
“Só o pintor universal tem valor.”
São trechos de Leonardo da Vinci, personagem destacado do Renascimento. Neles, o autor exalta compreensão, experiência, universalismo, valores que marcaram o:
a) Teocentrismo, como princípio básico do pensamento moderno.
b) Epicurismo, em alusão aos princípios dominantes na Idade Média.
c) Humanismo, como postura ideológica que configurou a transição para a Idade Moderna.
d) Confucionismo, por sua marcada oposição ao conjunto dos conhecimentos orientais.
e) Escolasticismo, dado que admitia a fé como única fonte de conhecimento.
RESPOSTA: C
3) (Fuvest – 2010) O Renascimento foi o período de renovação de idéias. Teve início na Itália e depois se espalhou pelo Europa. O Renascimento foi também uma época de grandes artistas e escritores, como Leonardo da Vinci, Michelângelo e Shakespeare. A vida cultural deixou de ser controlada pela Igreja Católica e foi influenciada por estudiosos da Antiguidade grego-romana chamados de humanistas.
SCHMIDT, Mário. Nova História Crítica. 6ª série. São Paulo: Nova Geração, 1999, p. 112. O Renascimento teve como características, EXCETO
a) inspiração na Antiguidade Clássica
b) valorização do homem
c) desejo de romper com a cultura Medieval
d) valorização da cultura teocêntrica
RESPOSTA: D
4) (UFC – 2010) A análise histórica do Renascimento italiano, caso das obras de Leonardo da Vinci e de Brunelleschi, permite identificar uma convergência entre as artes plásticas e as concepções burguesas sobre a natureza e o mundo naquele período. Acerca da relação entre artistas e burgueses, é correto afirmar que ambos:
a) convergiram em ideias, pois valorizavam a pesquisa científica e a invenção tecnológica.
b) retomaram o conceito medieval de antropocentrismo ao valorizar o indivíduo e suas obras pessoais.
c) adotaram os valores da cultura medieval para se contrapor ao avanço político e econômico dos países protestantes.
d) discordaram quanto aos assuntos a serem abordados nas pinturas, pois os burgueses não financiavam obras com temas religiosos.
e) defenderam a adoção de uma postura menos opulenta em acordo com os ideais do capitalismo emergente e das técnicas mais simples das artes.
RESPOSTA: A
(Unicamp – 2011) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Para as artes visuais florescerem no Renascimento era preciso um ambiente urbano. Nos séculos XV e XVI, as regiões mais altamente urbanizadas da Europa Ocidental localizavam-se na Itália e nos Países Baixos, e essas foram as regiões de onde veio grande parte dos artistas.
(Adaptado de Peter Burke, O Renascimento Italiano. São Paulo: Nova Alexandria, 1999, p. 64.)
5) Podemos associar ao Renascimento importantes mudanças no pensamento filosófico europeu, tais como a valorização do conceito de
a) Humanismo, que colocava o ser humano no centro do conhecimento, valorizando o homem por este ser considerado uma criação divina.
b) Iluminismo, que considerava a razão, a observação e a experimentação superiores à fé como forma de conhecimento do universo sensível.
c) Antropocentrismo, que colocava o ser humano no centro do conhecimento, contrapondo-se à filosofia Escolástica baseada nos dogmas cristãos.
d) Geocentrismo, que colocava o estudo da Terra no centro do conhecimento, ao descobrir que o planeta descrevia uma trajetória elíptica em torno do sol.
RESPOSTA: C
6) A relação entre o Renascimento cultural e o ambiente urbano na Europa dos séculos XV e XVI justifica-se porque.
a) as cidades eram centros comerciais e favoreciam o contato com a cultura árabe, cujo domínio das técnicas do retrato e da perspectiva sobrepôs-se à arte europeia, dando origem ao Renascimento.
b) a presença de artistas nas cidades atraía os investimentos de ricos burgueses em busca de prestígio social, fazendo com que as regiões que concentravam os artistas, como a Itália e os Países Baixos, se urbanizassem mais que as outras.
c) nas cidades podia-se estudar a cultura artística em universidades, dedicadas ao cultivo da tradição clássica e ao ensino de novas técnicas, como o uso do estilo gótico na arquitetura e da perspectiva na pintura.
d) a riqueza concentrada nas cidades permitia a prática do mecenato, enquanto o crescimento do comércio estimulava o encontro entre as culturas europeia e bizantina, possibilitando a redescoberta dos valores da antiguidade clássica.
RESPOSTA: B
7) (PUC – SP) Sobre as principais características técnicas de produção artística, nas quais se basearam os pintores e escultores renascentistas para a produção de suas obras, assinale a alternativa incorreta:
a) princípios matemáticos e racionais;
b) o antropocentrismo;
c) o plano reto e motivos religiosos; ou
d) a adoção da perspectiva
RESPOSTA: C
8) (IFSP 2017) Leia o trecho e analise a figura abaixo.
“A Última Ceia, obra-prima de Leonardo Da Vinci, retrata uma época, um movimento artístico e um avanço histórico em termos de perspectiva, olhar dramático, técnica e ciência.”
ROMES, 2008.
Fonte da imagem: Info Escola.
Assinale a alternativa que apresenta a qual período histórico a obra acima pertence.
a) Iluminismo.
b) Renascimento.
c) Feudalismo.
d) Cruzadas.
e) Reforma.
RESPOSTA: B
9) (Uefs 2016) O movimento em direção à modernidade iniciado pela Renascença foi significativamente acelerado pela Revolução Científica do século XVII. A Revolução Científica destruiu a cosmologia medieval e estabeleceu o método científico – a observação e a experimentação rigorosa e sistemática – como meio essencial de desvendar os segredos da natureza.
PERRY, Marvin. Tradução de Waltensir Dutra e Silvana Vieira. Civilização ocidental. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 282.
A afirmação do texto relaciona-se
a) ao renascimento científico europeu, que introduziu novas concepções relativas, dentre outras, ao heliocentrismo, à anatomia humana, às operações matemáticas decimais e à produção de textos.
b) ao modo de produção feudal, resultante do aumento da produtividade agrícola e da expansão do poder dos senhores feudais, ampliando a exploração sobre a classe servil.
c) à finalização da concorrência comercial entre as cidades italianas que disputavam a hegemonia no mar Mediterrâneo.
d) à eclosão da Reforma Protestante, que condenava o apoio da Igreja Católica às interpretações científicas dos fenômenos religiosos.
e) ao fortalecimento das tradições, que afirmavam a identidade entre as raças e a igualdade da capacidade intelectual entre elas.
RESPOSTA: A
10. (Unesp 2012) Os centros artísticos, na verdade, poderiam ser definidos como lugares caracterizados pela presença de um número razoável de artistas e de grupos significativos de consumidores, que por motivações variadas — glorificação familiar ou individual, desejo de hegemonia ou ânsia de salvação eterna — estão dispostos a investir em obras de arte uma parte das suas riquezas. Este último ponto implica, evidentemente, que o centro seja um lugar ao qual afluem quantidades consideráveis de recursos eventualmente destinados à produção artística. Além disso, poderá ser dotado de instituições de tutela, formação e promoção de artistas, bem como de distribuição das obras. Por fim, terá um público muito mais vasto que o dos consumidores propriamente ditos: um público não homogêneo, certamente (…).
(Carlo Ginzburg. A micro-história e outros ensaios, 1991.)
Os “centros artísticos” descritos no texto podem ser identificados
a) nos mosteiros medievais, onde se valorizava especialmente a arte sacra.
b) nas cidades modernas, onde floresceu o Renascimento cultural.
c) nos centros urbanos romanos, onde predominava a escultura gótica.
d) nas cidades-estados gregas, onde o estilo dórico era hegemônico.
e) nos castelos senhoriais, onde prevalecia a arquitetura românica.
RESPOSTA: B
Materiais Relacionados
O(A) professor(a) poderá recordar os conceitos fundamentais sobre a divisão do tempo e história da história nos seguintes sites:
1) MACHADO, Geraldo Magela. História. Disponível em: InfoEscola. Acesso: 14/10/2019.
2) NEVES, Daniel. História. Disponível em: Brasil Escola. Acesso: 14/10/2019.
3) BERNARDES, Luana. Divisão da História. Disponível em: Todo Estudo. Acesso: 14/10/2019.
4) Divisão da História. Disponível em: EducaMais Brasil. Acesso: 14/10/2019.
O(A) professor(a) poderá recordar os conceitos fundamentais sobre o Renascimento nas artes nos seguintes sites:
1) Renascimento. Disponível em: Site História das Arte. Acesso: 14/10/2019.
2) Características do Renascimento. Disponível em: EducaMais Brasil. Acesso: 14/10/2019.
3) SOUSA, Rainer. Renascimento. Disponível em: Mundo Educação. Acesso: 14/10/2019.
4) ALVES, Lorena Castro. A Arte do Renascimento. Disponível em: Escola Educação. Acesso: 14/10/2019.
O(A) professor(a) poderá conhecer um pouco mais sobre a vida e obra de Leonardo da Vinci consultando os seguintes sites:
1) TRANCREDI, Silvia. Leonardo da Vinci. Disponível em: Site Brasil Escola. Acesso: 14/10/2019.
2) CAETANO, Erica. Leonardo da Vinci. Disponível em: Mundo Educação. Acesso: 14/10/2019.
3) AIDAR, Laura. Vida e Obra de Leonardo da Vinci. Disponível em: Toda Matéria. Acesso: 14/10/2019.
4) CUNHA, Sônia. Leonardo da Vinci: 11 obras fundamentais. Disponível em: Cultura Genial. Acesso: 14/10/2019.
O(A) professor(a) poderá aprofundar o conteúdo nas seguintes obras:
1) BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. Coleção Primeiros Passos. Editora Brasiliense.
2) CARDOSO, Oldimar. Para uma definição Didática da História. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 28, nº 55, pp. 153-170, 2008.
3) BURKE, Peter. Cultura Popular na Idade Moderna (1500-1800). Companhia de Bolso. São Paulo, 2008.
4) HUIZINGA, Johan. O Declínio da Idade Média. Editora Ulisseia. São Paulo, 1998.
5) TEIXEIRA, Everton Souza de Souza. Valores da Renascença em Leonardo da Vinci. Revista Eletrônica Discente de História.com. Volume 3, número 16, 2016.
6) FONSECA, Maria de Jesus Martins. Leonardo da Vinci: um génio universal. Revista Millenium nº 05, 1997.
Dicas:
1) Site da British Library com páginas de cadernos de Leonardo da Vinci digitalizadas.
2) Site da British Library com obras de da Vinci organizadas.
3) Reportagem “Por que o Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci é tão icônico?”, da BBC Brasil.