Conteúdos
História Contemporânea;
Objetivos
• Refletir sobre a segunda metade do século XX e seus principais fatos históricos;
1ª Etapa: Antes do Filme
O filme de Sílvio Tendler se organiza a partir dos conceitos de “Utopia” e “Barbárie” e traz um conjunto de acontecimentos históricos pós 2ª Guerra Mundial. Assim, seria interessante introduzir a discussão com os alunos perguntando o que eles entendem por esses termos. São opostos, complementares, excludentes? Será que um mesmo fato histórico pode ser uma utopia para uns e barbárie para outros? Seria interessante pontuar que alguns direitos conquistados, que estão hoje consolidados em nossa sociedade, eram considerados utopia há tempos atrás. Por exemplo, direitos das mulheres e direitos trabalhistas. Essas conquistas são vistas de maneira diversa pelas diferentes culturas. Respeitá-las é importante, desde que suas práticas não resultem em violência contra a humanidade.
2ª Etapa: Debate
Após a exibição do filme, pode se levantar com os alunos as imagens/ depoimentos que mais lhes chamaram a atenção, e quais eventos históricos já conheciam. Qual a visão da história que o diretor nos traz? É uma visão linear, coerente? Quais são os seus critérios para a seleção dos documentos, e que impacto isso traz para o produto final do filme? A discussão sobre os conceitos de “utopia” e “barbárie” também pode ser resgatada sob um novo olhar a partir das impressões dos alunos sobre o filme.
3ª Etapa: História e Geografia – Os acontecimentos históricos abordados no filme
O (a) professor (a) de História pode dividir a turma em grupos, de forma que cada grupo pesquise um acontecimento internacional citado no filme: Guerra do Vietnã, Maio de 68 na França, bombas atômicas no Japão, a Primavera de Praga, o conflito Israel-Palestina, a Revolução Cultural na China, o Holocausto, a queda do Muro de Berlim etc. É interessante agendar os tempos para pesquisa e partilha dos grupos com a classe, para que os acontecimentos citados rapidamente no filme ganhem profundidade. Essa opção pode também ser uma atividade anterior à exibição do filme. É interessante lembrar que a dicotomia do filme é “utopia” e “barbárie”.
4ª Etapa: História e Arte – Montagem e Narrativa
As disciplinas História e Arte podem trabalhar conjuntamente a técnica cinematográfica da montagem e a construção da narrativa histórica. Toda narrativa, seja real ou ficcional, implica uma seleção de dados, enfoques, pontos de vista e temporalidades, que geram diferentes visões sobre um mesmo tema. Sílvio Tendler usa montagem de fotografias, registros cinematográficos, depoimentos e narrações “em off”, criando um encadeamento que exprime a sua própria visão da História. Os professores podem, a partir disso, fazer uma discussão de Teoria da História, de modo a refletir sobre o modo como pensamos os acontecimentos passados, já que a História é escrita no presente a partir do olhar sobre os vestígios do passado. É importante discutir com seus alunos que o cineasta está presente na narração, deixando explícita sua visão pessoal. Nem todos os documentários deixam isso claro.
5ª Etapa: História e Sociologia – a recente História do Brasil
O filme pode ser um ponto de partida para o olhar e a discussão acerca dos acontecimentos recentes na vida brasileira: as manifestações em junho de 2013, a recente campanha eleitoral de 2014 e ainda as manifestações nostálgicas que pedem a volta do regime militar. No filme, há os protestos de 1964 (por ocasião do golpe), 1968 (movimento estudantil e de artistas contra a censura), 1984 (Diretas Já) e 1992 (que pedia o impeachment do Presidente Collor). Como os alunos entendem os recentes movimentos populares, que se iniciaram contra o aumento da tarifa do transporte público? E o que sabem da ditadura civil-militar? Que relações são possíveis entre esses momentos?
6ª Etapa: Ciências – Tecnologia e Barbárie
A história do desenvolvimento tecnológico está atrelada tanto a utopias – como tornar possível uma ideia aparentemente impossível – quanto à barbárie (a tecnologia desenvolvida para a guerra, por exemplo). Os professores de física e química podem abordar com os alunos o lugar da tecnologia e do desenvolvimento científico nos eventos trabalhados pelo documentário. Dessa forma, é possível pensar a questão ética que está sempre envolvida no pensamento científico, e como as diferentes ideologias se apropriam da tecnologia.
7ª Etapa: Filosofia e Sociologia
Os professores dessas disciplinas podem discutir em seus respectivos campos teóricos os conceitos centrais do filme, a Utopia e a Barbárie. A história do séc. XX não pode ser pensada sem a noção de “revolução”, que por sua vez está diretamente ligada à Filosofia da História, particularmente ao pensamento marxista. Esta visão permeou intensamente as utopias do Século XX. Há muitos líderes e pensadores no filme (Che Guevara, Martin Luther King, entre tantos outros). Como eles refletiam as utopias de uma parcela da população? Que impacto essas ideias tiveram na História?
O documentarista Sílvio Tendler deixa muito claro que o filme apresenta a sua visão pessoal, tanto é que deu um subtítulo ao filme “Ter 18 anos em 1968”. Sua perspectiva é de quem foi jovem no Brasil em uma determinada época (ditadura militar e contracultura). Dois dos brasileiros que depõem no filme assumiram, pouco tempo depois, cargos importantes no governo federal. O jornalista Franklin Martins tornou-se ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo de Lula; e Dilma Roussef, que já era ministra à época do depoimento, foi eleita Presidenta da República, por dois mandatos. Ambos foram militantes de movimentos armados contra a ditadura militar e falam sobre a relevância da luta política nas suas vidas. Como os alunos entendem a luta política hoje? No momento atual, em um país democrático, quais as formas possíveis de uma luta política? Como eles imaginam um mundo melhor? Quais suas utopias? O que seria necessário para alcançá-las, e quais suas implicações?
Materiais Relacionados
• Para saber mais sobre a filmografia de Sílvio Tendler, cuja marca é o documentário histórico: