Conteúdos

Guerra na Síria: origens, conflito, desdobramentos

Objetivos

– Contextualizar a origem da guerra na Síria
– Conhecer os envolvidos no conflito
– Citar desdobramentos

1ª Etapa: Início de conversa

O objetivo desse plano de aula é conhecer a situação de guerra em que a Síria está inserida, contextualizando o passado, a fim de entender as origens do conflito, citando os principais envolvidos e explicitando seus desdobramentos e impactos. Abaixo encontra-se um resumo do conteúdo a ser abordado.

Geograficamente, a Síria se situa no Oriente Médio e é delimitada pela Turquia, Iraque, Líbano, Jordânia e Israel. Sua capital é Damasco, que se firmou economicamente como centro comercial e de turismo, bem como Aleppo, a segunda maior cidade do país. Ambas localidades possuíam relíquias arqueológicas e arquitetônicas listadas como Patrimônio Mundial, as quais sofreram com as sucessivas guerras e as intervenções do Estado Islâmico (grupo fundamentalista religioso, mulçumano, com atuação terrorista, que atua majoritariamente no Oriente Médio, disputando o controle de algumas regiões).

Governada pela França até 1946, quando se tornou uma república, a Síria vivenciou sucessivos golpes de estado e ainda sofre com a instabilidade política. Em 1963, o partido Baath tomou o poder. Entre os ideais do Baath estão o pan-arabismo – a unificação de nações de língua e culturas árabes, e o nacionalismo árabe, que prevê uma união política árabe anti-imperialista. A resistência a esse partido, tanto de líderes religiosos quanto da população civil, é uma das forças resultantes da guerra vivida hoje pela Síria.

Em 1967, Israel tomou da Síria as Colinas de Golã, na Guerra dos Seis Dias, a qual venceu. A frustração social pela perda desse território, entre outros descontentamentos, teria favorecido a ascensão do militar Hafez Al-Assad ao poder na Síria, através de um golpe de Estado. O militar chefiou o país por 30 anos e, aliando-se ao Egito, deu início à Guerra do Yom Kippur contra Israel, que possuindo poder bélico muito superior, venceu novamente, bombardeando áreas próximas as capitais dessas duas nações, Damasco (Síria) e Cairo (Israel). Em 1976, Hafez também ocupou militarmente o Líbano. Durante a longa permanência de Hafez Al-Assad no poder, também chefiando o Baath, o autoritarismo do Estado e os conflitos travados interferiram no cotidiano da população.

Em 2000, Bashar Al-Assad tornou-se presidente da Síria, após a morte de seu pai, Hafez. Embora noticiasse que seu governo seria equilibrado, ao que diz respeito a atuação do Baath, Assad continuou com a repressão estatal a qualquer movimentação contrária ao seu governo e aos ideais do partido. Sua política externa incluiu privatizações e a centralização de serviços nas mãos de aliados, com redes de corrupção e concentração de riqueza.

Em 2010, a chamada Primavera Árabe se levantou: uma onda de protestos contra governos ditatoriais teve início na Tunísia, apoiada pelo uso de mídias, expressão popular e ativismo. No ano seguinte, as manifestações não depuseram Bashar Al-Assad, mas trouxeram o fim do Estado de Sítio, em vigor há 48 anos, e a volta das eleições multipartidárias. Porém, o governo seguia respondendo violentamente aos levantes, e dizia interpretá-los como intervenção terrorista estrangeira. Mesmo assim, vários grupos armados e insatisfeitos continuavam a se organizar.

Outra questão se colocou: intenções políticas apoiadas em discursos religiosos. No Oriente Médio existem vários povos com diferenças religiosas. Na Síria, a maior parte da população é muçulmana sunita, mas há também os cristãos, os alauitas, os xiitas, entre outros. A família Assad pertence a uma minoria religiosa, os muçulmanos alauitas, que possuem proximidade com o xiismo. Assim, são acusados de favorecer essa vertente do Islã, e, inclusive, de posicioná-la no exército, com grandes poderes repressores contra os sunitas. Logo, o fato de haver vários grupos com interesses difusos, sem um objetivo comum, trouxe ainda mais caos.

É possível afirmar que a Guerra Civil na Síria teve início em 2011. O que começou como um levante antigoverno, foi se desenvolvendo com ações de grupos com diferenças religiosas e políticas disputando poder na região.

O extremismo do Estado Islâmico (ou Daesh) atrai a atenção do mundo e ajuda a justificar intervenções radicais para combatê-los. As diferentes configurações “religiosas” (xiita, sunita) aproximam a Síria de países como o Irã, de maioria xiita, e a afastam da Arábia Saudita, de maioria sunita. Nações como essas utilizam o conflito sírio como forma de atingir uma à outra, indiretamente. Grupos jihadistas e curdos completam o cenário de lutas.

A Rússia deu grande apoio a Bashar Al-Assad contra os “rebeldes” – expressão usada pelo governo sírio para designar todos os opositores. Os EUA oferecem ajuda humanitária, mas, recentemente, foram acusados de bombardear, com apoio europeu, o país já em ruínas, em resposta ao uso das armas químicas, pelo governo.

A Guerra Civil da Síria, na atualidade, é uma das mais longas, com quase meio milhão de mortos (470 mil, segundo a ONU, em dados de 2018), sendo muitos deles crianças (mais de mil somente no primeiro trimestre de 2018, conforme a Unicef), e não possui expectativa de término. Um dos maiores desdobramentos é a fuga em massa, com milhões de refugiados vivendo em abrigos, em condições subumanas e espalhados pelo globo em situações complexas.

Mesmo que essas pessoas consigam escapar da guerra, há dificuldades de adaptação em outras localidades: língua, cultura e religião podem ser uma barreira em determinados países. Existe o preconceito em relação aos estrangeiros que são vistos, por alguns, como terroristas. As experiências vividas no ambiente de conflito podem trazer traumas irreversíveis aos refugiados e imigrantes. Muitas vezes, é difícil conseguir emprego nos locais de chegada e meios para manter a família.

Há anos recebemos notícias sobre os confrontos na Síria. Não é de hoje que esse país vive conflitos internos e com outras nações, como Líbano e Israel. Porém, a conjuntura atual é definida pela ONU e pela Anistia Internacional como “o pior desastre humanitário de nosso tempo”, com pessoas precisando buscar abrigo longe de sua terra natal, já destruída, ou sendo vitimadas por diversas formas de violência.

Referências bibliográficas:

Fontes: FURTADO, G.; RODER, Henrique; AGUILAR, S.L.C. A guerra civil síria, o Oriente Médio e o sistema internacional. Série Conflitos Internacionais, São Paulo, v.1, n.6, 2014. Acesso em 10 de março de 2018

PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto: depoimento [2016]. Entrevistadores: L. Dumovich e A.M. Raietparvar. Rio de Janeiro. Entrevista concedida à Revista Diáspora, “Decifrando a grande tragédia síria”, n.6, 2016. Acesso em 11 de março de 2018

2ª Etapa: Sensibilização do tema

Nesse encontro, a fim de fixar o conteúdo base, o (a) professor (a) poderá propor que os alunos preencham, em duplas, um quadro simples e tragam para o debate dúvidas e novas interpretações.
Foto de uma tabela com informações sobre a Guerra na Síria

Um exercício interessante é pedir aos alunos que tragam reportagens atuais de jornais e revistas para a leitura e interpretação conjunta. Nesse caso, o professor pode ler a reportagem em voz alta, explicar e promover uma discussão com a turma. Ou ainda, dividir os alunos em grupos para leitura entre pares, que devem elencar resumidamente os pontos principais da reportagem e apresentar aos demais.

3ª Etapa: Aprofundamento de fatores-chave

Como continuidade da reflexão, o (a) professor (a), juntamente com os estudantes, poderá aprofundar-se na temática Primavera Árabe, na qual, populações e ativistas de países do Oriente Médio e África se levantaram contra governos ditatoriais, detentores de riquezas e privadores de liberdades individuais e direitos civis, resultando numa onda de protestos que durou cerca de dois anos (2010-2012). A seguir encontra-se um Dossiê sobre a Primavera Árabe, que pode ser utilizado para se aprofundar e lecionar sobre esse tema. Acesse esse link.

Sugerimos, também, a leitura do texto indicado abaixo. Nessa etapa, os seguintes fatores poderão ser trabalhados:

– Abordar países envolvidos;
– Trabalhar as causas do levante;
– Discutir o papel da mídia na iniciativa.

Atividade para casa: Sobre a ação da mídia e a Primavera Árabe, os alunos poderão realizar o resumo escrito do artigo lido nesta aula;

Artigo: “O papel da comunicação digital na Primavera Árabe”: apropriação e mobilização social”, de Vivian Vieira. Acesso em 12 de março de 2018

4ª Etapa: Elaboração do produto final

Após assistirem – em sala de aula ou em casa, o documentário “Síria em fuga”, de Gabriel Chaim, indicado ao prêmio Emmy, propõe-se que os alunos produzam um texto, de até 25 linhas, sobre suas impressões acerca do conflito, mencionando pontos importantes abordados durante as aulas, como:

– A relevância da Primavera Árabe;
– Os discursos religiosos;
– A questão dos refugiados.

Materiais Relacionados

Indica-se material para estudo e aprofundamento, que o(a) professor(a) pode usar para compreender e/ou relembrar o conteúdo, assim como, selecionar para o trabalho com os alunos:

1 – No site “História do Mundo”, há um resumo que trata da Guerra Civil, para melhor compreensão do conflito. Ao final, encontra-se uma videoaula desenvolvida pelo autor do resumo

SILVA, Daniel Neves. Guerra civil na Síria. Site História do Mundo. [2017]. Acesso em 11 de março de 2018

SILVA, Daniel Neves. Guerra Civil na Síria. Portal Brasil Escola. 2017. 3’49”. Acesso em 11 de março de 2018

2 – Uma entrevista realizada com o antropólogo Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto, renomado especialista no Islã, mostra nuances políticas e religiosas do conflito no Oriente Médio.

PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto: depoimento [2016]. Entrevistadores: L. Dumovich e A.M. Raietparvar. Rio de Janeiro. Entrevista concedida à Revista Diáspora, “Decifrando a grande tragédia síria”, n.6, 2016. Acesso em 11 de março de 2018

3 – Na página da ONU, há um texto atualizado e informativo sobre a Síria. A proposta é mostrar ao leitor como é possível ajudar a população síria.

ONUBR. Como você pode ajudar a Síria? Site. 2018. Acesso em 11 de março de 2018.

4 – No site da Anistia Internacional, está disponível uma análise sobre a crise global de refugiados.

SHETTY, Salil. Combate à crise global dos refugiados: compartilhar é não esquivar-se da responsabilidade. Site da Anistia Internacional. 2016. Acesso em 11 de março de 2018

5 – Indica-se, como sugestão de leitura para o (a) professor (a), o texto sobre a Primavera Árabe:

RAMOS, Luis Felipe Gondim. Origens da Primavera Árabe: uma proposta de classificação analítica. Acesso em 12 de março de 2018

Arquivos anexados

  1. Plano de aula – Guerra na Síria
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