Conteúdos

– Compreensão e discussão da historiografia sobre a modernidade
– Entender o marco histórico da modernidade
– Utilização crítica do conceito de modernidade

Objetivos

– Marco histórico-inicial da modernidade
– Compreender quais são os valores morais e éticos que configuram o período moderno
– Abordar as várias etapas da modernidade
– Refletir se é possível “ser moderno’’
– Questionar se ainda estamos na modernidade
– Limites do conceito/tempo histórico “modernidade”

Previsão para aplicação:
4 aulas (50 min/aula)

1ª Etapa: Localizando a modernidade

Perguntar aos alunos: O que vocês entendem por modernidade? A partir disso, analisar o que entendem por processo histórico ou se apenas relacionam a palavra ao fator estético.

Quando começa a modernidade? 

Tanto as Ciências Sociais quanto a Filosofia consideram que é praticamente impossível estabelecer um marco histórico e dizer “e aqui começou a modernidade”. Porém, há alguns fatores históricos que marcam essa virada epistemológica que vai transformar as relações sociais no mundo inteiro.

Os principais fatores são: 

A Revolução Industrial: com o aperfeiçoamento do motor a vapor, em 1777, por James Watt, que identificou falhas nos motores anteriores, que demoravam muito para aquecer, ao introduzir dois cilindros na máquina. A partir disso, toda a noção de tempo, trabalho e lucro seria transformada profundamente. Tal transformação do tempo e espaço a partir do trabalho permanece até hoje.

A Revolução Francesa: período revolucionário que explodiu no dia 5 de maio de 1789 e que derrubou a monarquia francesa e questionou todos os valores éticos e morais. É a partir desse marco que valores como igualdade, liberdade, fraternidade (esses se tornam o lema da Revolução Francesa) passam a ocupar o vocabulário popular. Esse momento foi importante para criar as bases daquilo que entendemos como Estado, participação, voto, representatividade, enfim, uma série de valores políticos que ainda hoje são discutidos.

A razão: a modernidade no campo das ciências humanas e exatas tem o seu fundamento com René Descartes, a partir de sua frase mais conhecida “Cogito, ergo sum” ou “Penso, portanto sou”. Para os tempos atuais e de massificação de frases a partir dos memes, hoje, essa sentença pode parecer banal, porém, na época, Descartes trazia a razão para o centro do raciocínio, frente ao pensamento metafísico imposto pelas religiões. Tal virada epistêmica ficou conhecida como Racionalismo.

Essa mudança de pensar, empreendida por Descartes, ocorreu na primeira metade do século XVII, ou seja, antecedeu e influenciou as revoluções francesa e industrial e todo pensamento posterior.

Portanto, esses três momentos marcam uma nova etapa na maneira de organizar o pensamento e de olhar sobre o mundo, logo, são eles que fundam a modernidade e, de uma maneira ou de outra, ainda hoje continuam a influenciar os debates.

Por exemplo, as sociedades ainda são organizadas pelo tempo e calendário do trabalho, fator que surge com a modernidade a partir do século XVIII e permanece até hoje.

2ª Etapa: O outro lado da modernidade

Se por um lado a modernidade é esse tempo histórico que se inicia com profundas transformações nas mentalidades, na maneira de pensar o mundo, o tempo – que passa a ser controlado pelo trabalho -, é também neste momento que temos o aprofundamento da hierarquização das raças e a construção daquilo que conhecemos como Europa enquanto o centro do mundo e valor moral, fazendo do resto do mundo apenas espaços de reprodução do conhecimento produzido na Europa, ou seja, é na modernidade que o racismo e o tempo arcaico são inventados.

Uma das marcas da modernidade é a dominação do homem sobre o homem e isso se deu de variadas maneiras: colonização, escravização e guerras. Esta última teve dois auges: a I e a II Guerra Mundial, que também trouxe a outra grande marca da modernidade: a barbárie. Tanto a primeira quanto a segunda guerra mundial marcaram profundamente e fizeram com que artistas e políticos passassem a dedicar uma vida contra as guerras ou refletir sobre as mazelas construídas pela ganância humana.

A hierarquia das raças e a colonização de países fez também com que outra questão surgisse: povos modernos (no sentido estético e histórico) e os povos arcaicos, também no sentido estético e histórico. Esse tipo de divisão do planeta e da história tem sido questionado nos últimos 40 anos por duas correntes de pensadoras e pensadores das Ciências Humanas: os Estudos da Subalternidade e os Estudos Decoloniais, que têm questionado e abandoando essa divisão binária da história entre modernos e arcaicos.

3ª Etapa: Nós ainda somos modernos?

Nesse momento, depois de explicar o que é a modernidade e sua divisão histórica, perguntar: Nós ainda somos modernos? Ou repetir a frase do começo da atividade: Vocês se consideram modernos? E por fim: E o Brasil, é moderno?

A partir dessa conversa com os estudantes, perceber se compreenderam as questões históricas que definem a modernidade; a organização das sociedades a partir do trabalho – a Divisão Internacional do Trabalho -, e também pontuar que a divisão clássica de “países modernos” e “países arcaicos” deve sempre ser questionada e lida com muito cuidado.

Para esse momento, exibir o documentário “Caverna dos sonhos esquecidos”, pois esse trabalho coloca em questão “o que é a modernidade”.

Materiais Relacionados

1) Vídeo “Rumo a Modernidade – Transição do Feudalismo para o Capitalismo”. Acesso em: 27 maio 2019.

2) Vídeo “Bauman e a modernidade líquida | Sociologia Contemporânea | Thaís Lima #01”. Acesso em: 27 maio 2019.

3) A caverna dos sonhos esquecidos, documentário dirigido por Werner Herzog (2010) que coloca em questão entendimentos clássicos sobre o tempo histórico da modernidade.

4) Livros sugeridos:
– BEJAMIN, Walter. BARRENTOM, João. Baudelaire e a modernidade. Autêntica, 2015.
– BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Zahar, 2001.
– HARVEY, David. Paris, Capital da modernidade. São Paulo: Boitempo, 2014.

Arquivos anexados

  1. Plano de aula – Modernidade

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