Conteúdos
História e cultura brasileira;
Objetivos
• Conhecer o modernismo brasileiro na literatura e o Cinema Novo;
1ª Etapa: Arte – a História do Brasil a partir da música
Mário de Andrade, além de escritor, foi um grande estudioso da música, tendo feito importantíssimas pesquisas sobre os ritmos, canções e danças brasileiras de diferentes etnias, como parte do programa modernista de aproximação e valorização da cultura popular. No filme Macunaíma, podemos notar que a trilha sonora é extremamente variada e recorre a diversos ritmos populares brasileiros, desde indígenas até de rock nacional. Sugerimos que na aula de Arte, os (as) professores (a) estudem a obra a partir da trilha sonora, entendendo como ela ajuda a construir a narrativa do diretor, aproveitando para estudar a particularidade e as características dos ritmos populares brasileiros. É possível propor, por exemplo, que cada grupo de alunos se aprofunde em um ritmo diferente, estudando suas características musicais e sua história, culminando com uma exposição à toda a classe.
2ª Etapa: Antes do Filme
É interessante que os alunos leiam o livro de Mário de Andrade antes de ver o filme. O professor, conhecedor da turma fará esta definição ou deixará a escolha livre para os alunos. A mediação do professor em relação ao filme pode provocar curiosidade para a leitura posterior do livro. É importante deixar claro que são duas obras diferentes, embora o filme seja uma adaptação do livro, contextualizando a produção de cada uma delas. Mário de Andrade publicou o livro Macunaíma em 1928, no esteio, portanto, do movimento modernista. A obra fílmica é uma releitura de Mário de Andrade dentro do movimento cinematográfico Cinema Novo (veja o link "para saber mais"), no ano de 1969, que retoma um personagem ousado, como Macunaíma, para discutir um novo projeto de Brasil, no auge da ditadura militar. Contextualizar a produção tanto da obra literária como audiovisual é importante para facilitar a fruição por parte dos alunos e para que a ironia das duas obras faça sentido para eles.
3ª Etapa: Debate
Após o filme, o professor pode levantar com os alunos alguns aspectos “absurdos” da narrativa e construir hipóteses de quais seriam os sentidos possíveis, no contexto da obra. Por que, por exemplo, Macunaíma nasce negro de uma mãe índia e depois se transforma em branco? A partir daí pode-se discutir a perspectiva modernista sobre a identidade brasileira, a antropofagia, a importância da miscigenação na formação do Brasil, inclusive trazendo para os tempos atuais essa discussão. No momento histórico em que a obra literária foi escrita era comum a defesa do "branqueamento" da população brasileira, como forma de se atingir a "civilidade europeia". Os modernistas sugerem a inspiração na arte europeia, porém propõe uma atitude antropofágica, a transformação desta inspiração que, deglutida e misturada, integra a base na cultura brasileira. Embora os cineastas do Cinema Novo tenham se expressado em outro momento histórico (anos 1950/60), quando a tese do branqueamento já não fazia sentido, eles também defendem uma arte essencialmente brasileira e a retomada das origens para se compreender as razões da dependência econômica e política do Brasil. Modernismo e Cinema Novo são movimentos que denunciam a exclusão de grande parte do povo brasileiro. Sugerimos partir de cenas e inquietações provocadas pela obra, inclusive “incompreensões” por parte dos alunos para aprofundar em seu entendimento. Pode ser interessante tentar recontar o filme coletivamente, para que todos esses aspectos apareçam espontaneamente e possam ser discutidos.
4ª Etapa: História: os limites entre o mito e a História
Macunaíma traz o desafio de pensar a história e a cultura a partir de uma obra simbóilca, não realista, baseada em mitos e lendas, misturando realidade e ficção. Pode-se discutir com os alunos quais são os relatos que nos conformam, tanto “oficiais” como “ficcionais”, e como a arte pode se apropriar deles para gerar uma reflexão sobre a própria história. Tanto a obra literária quanto o filme se apropriam de mitos e símbolos brasileiros (objeto de estudos profundos realizados por Mário de Andrade), como o curupira, o muiraquitã, a caipora, o gigante Piamã, etc. Ao mesmo tempo, aparecem elementos modernos, como a cidade grande, o carro, o dinheiro, a repressão policial, etc. Todos estes aspectos aparecem misturados e transformados, num grande movimento antropofágico que se pergunta pela identidade brasileira.
5ª Etapa: Língua Portuguesa: O anti-herói no Brasil contemporâneo
Macunaíma, ou o “herói sem nenhum caráter”, é uma sátira à visão épica e romântica que se construiu do índio brasileiro. Ele é preguiçoso “Ai, que preguiça”, medroso, trapaceiro, e só quer saber de “brincar”. Essa inversão dos valores românticos não tem como objetivo criticar o brasileiro (essa mistura entre índio, branco e negro que vemos no personagem de Macunaíma), mas sim o próprio modelo de heroísmo que foi importado da Europa e que nada corresponde à realidade e à cosmovisão indígena.
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• Para ler críticas contemporâneas ao filme acesse o link.