Conteúdos

Este plano de aula de educação física aborda os aspectos conceituais, técnicos e táticos da lógica interna do handebol, relacionando conhecimentos acerca do esporte com base em conceitos e procedimentos específicos.

  • Aspectos conceituais, técnicos e táticos a respeito da lógica interna do handebol.

Objetivos

Espera-se que os e as estudantes sejam capazes de relacionar conhecimentos conceituais e procedimentais acerca do handebol.

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Palavras-chave:

Esporte Escolar. Handebol. Esportes de invasão.

Previsão para aplicação:

2 aulas (50 min./aula)

Materiais utilizados:

● Bolas de handebol; e
● Coletes.

Proposta de trabalho:

Serão apresentados conhecimentos e propostas atividades a respeito do handebol, tendo como foco a aprendizagem e aprimoramento técnico/tático, assim como a relação solidária entre os/as estudantes participantes. Os conhecimentos e as atividades podem ser dialogados e aplicados ao longo de aulas duplas ou individuais, cabendo ao/à professor/a adaptar da melhor maneira as atividades ao tempo disponível para a aplicação.

Lembre-se de realizar sempre um momento de diálogo no início e outro no fim de cada encontro, tendo em vista os conhecimentos e conceitos relevantes para a aula, assim como o cuidado com a convivência, promovendo uma corresponsabilidade com toda a turma pela qualidade das interações entre todas as pessoas.

Este plano pode compor um bloco de aulas, em que são trabalhados os esportes de invasão de forma generalizada e, na sequência, trata-se de forma específica alguns esportes de invasão, tendo em vista as especificidades técnicas e táticas de cada um, assim como as generalizações relacionadas à lógica interna desses esportes.

Esperamos que este plano seja útil e colabore com a prática docente.

1ª Etapa: Apresentação do tema

O handebol é, assim como o futebol, o basquete, o hockey e o futebol americano, entre outros, um esporte de invasão. Para a sua prática, são necessárias uma bola, duas equipes e uma quadra com as marcações adequadas. Ainda que muito praticado mundialmente, no Brasil não é um esporte tão conhecido e praticado quanto o futebol. Há poucas transmissões de partidas e campeonatos de handebol, sendo que a tv aberta transmite quase exclusivamente em Jogos Olímpicos, nos quais o esporte está presente desde 1936.

Vamos relembrar o que são os esportes de invasão:

[…] são aquelas modalidades em que as equipes tentam ocupar o setor da quadra/campo defendido pelo adversário para marcar pontos (gol, cesta, touchdown), ao mesmo tempo em que têm que proteger a própria meta. […] Nesses esportes é possível perceber, entre outras semelhanças, que as equipes jogam em quadras ou campos retangulares. Em uma das linhas de fundo (ou num dos setores ao fundo), fica a meta a ser atacada, e na outra linha de fundo a que deve ser defendida. Para atacar a meta do adversário, uma equipe precisa, necessariamente, ter a posse de bola (ou objeto usado como bola) para avançar sobre o campo do adversário (geralmente fazendo passes) e criar condições para fazer os gols, cestas ou touchdown. Só dá para chegar lá conduzindo, lançando ou batendo (com um chute, um arremesso, uma tacada) na bola, ou no objeto usado como bola, em direção à meta. Nesse tipo de esporte, ao mesmo tempo em que uma equipe tenta avançar a outra tenta impedir os avanços. E para evitar que uma chegue à meta defendida pela outra, é preciso reduzir os espaços de atuação do adversário de forma organizada e, sempre que possível, tentar recuperar a posse de bola para daí partir para o ataque. O curioso é que tudo isso pode ocorrer ao mesmo tempo. Num piscar de olhos, uma equipe que estava atacando passa a ter que se defender, basta perder a posse de bola e pronto, tudo muda (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012, p. 26)

No handebol, as equipes são formadas por sete jogadores/as, que ocupam, basicamente, quatro posições táticas. A primeira delas é o/a goleiro/a, que tem a função de defender os arremessos da equipe adversária com qualquer parte do seu corpo. É a única pessoa autorizada a estar dentro da área que cerca o gol. Outra posição é a dos/as armadores/as, que “costumam jogar na zona central do ataque, organizando as ações ofensivas, arremessando de média distância ou tentando desequilibrar a defesa adversária com passes para companheiros em boa posição de arremesso” (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2014, p. 94).

Ainda, se tem as pontas, que são os/as jogadores/as que “se posicionam nas extremidades da quadra (nas “pontas da quadra, daí seu nome) buscando “abrir” a defesa adversária, trazendo seus marcadores para perto de si, evitando que a defesa assuma posição compactada ao centro e tentando arremessar de curta distância” (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2014, p. 95). Por último, jogando infiltrados/as na defesa adversária, colados à área do/a goleiro/a, ficam os/as pivôs, que tentam segurar a defesa, abrindo espaço para que seus/as companheiros/as de equipe possam arremessar ao gol ou receber a bola, de costas para o gol, a fim de fazer um giro e arremessar de curta distância.

2ª Etapa: Resolvendo problemas relacionados à técnica

Considerando a técnica como meio para efetuar a intenção tática, por muito tempo se acreditou que realizar movimentos isolados, em situações com pouca ou nenhuma interferência (por exemplo, tocar a bola de uma pessoa para a outra sem imprevisibilidades, como as causadas pelos adversários), era suficiente para treinar a técnica, até que ela pudesse ser aprimorada e aplicada em um contexto de jogo. Formas de superar essas limitações correspondem à criação de cenários menos complexos do que um jogo completo de handebol, com uma bola para cada pessoa, ou mesmo limitação do espaço de aproximação entre um/a jogador/a e outro/a, principalmente quando se tem na turma jogadores/as pouco experientes, que ainda possuem pouca ou nenhuma intimidade com a prática do handebol.

Veremos abaixo exemplos de atividades em que se trabalha diferentes habilidades com os pés, em um nível de complexidade tática reduzida. Objetivos técnicos e táticos: deslocamento para interceptar o trajeto da bola e realizar um passe/arremesso com direcionamento e objetivo.

O drible

O drible é a ação que permite que os/as jogadores/as a se desloquem com a bola pela quadra, quando ela é batida e impulsionada em direção ao chão com uma das mãos. Durante uma partida de handebol, quando a bola está parada nas mãos não é permitido driblar a bola novamente e as opções são reduzidas ao passe ou deslocamento por três passos, antes de se livrar da bola (arremessando ou passando para um/a companheiro/a). Na técnica do drible aplicada ao handebol, não se deve conduzir a bola colocando a mão ao lado ou por baixo da bola (como no basquete), mas sim rebatida de cima para baixo (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2014).
Trabalhando a relação eu-bola no handebol, por meio da técnica do drible:
Ofereça uma bola para cada estudante, podendo ser qualquer modelo que, ao bater no chão, suba de volta, para que todas e todos possam realizar exercícios diversos de driblar a bola, por meio de diferentes comandos e ações. De tempos em tempos, sugira que façam os seguintes exercícios:
– driblar a bola em pé, depois de joelhos, sentados/as, e até mesmo deitados/as;
– driblar se deslocando em diferentes sentidos: para frente, para trás, para a direita, para a esquerda, com diferentes velocidades nesse deslocamento e, por fim, de olhos abertos e fechados; e
– driblar passando por outras partes da escola, onde se tenha obstáculos: por cima de bancos, muretas, degraus, desviando de cones, plantas etc.

Drible com interferência – pega-pega linha

Proponha um jogo de pega-pega, em que as pessoas só podem se deslocar correndo sobre as linhas da quadra. Todos os participantes terão uma bola, que deverão levar consigo, driblando a bola, para poder fugir. Se a bola escapar de alguém durante o jogo, essa pessoa deverá buscar a bola e voltar para o jogo ocupando espaços sobre alguma das linhas. Durante o jogo, proponha algumas alterações como, por exemplo: é proibido correr, só é permitido driblar a bola com a mão não dominante etc.

3ª Etapa: Resolvendo problemas relacionados à tática

As situações de jogo descritas a seguir possuem maior complexidade tática, e se aproximam de situações reduzidas de um jogo de handebol. Todas são situações em que se exige o aprimoramento da comunicação durante as ações de jogo. As noções de tática, ou as estratégias utilizadas para jogar uma partida de handebol, compreendem uma série de informações que devem ser observadas pelos/as praticantes, para que possam tomar as melhores decisões durante um jogo, buscando a melhor forma de utilizar os espaços e acionar o máximo de recursos que o coletivo pode oferecer. Procure direcionar a atenção/percepção dos/as estudantes às formas mais adequadas de ocupar os espaços, tendo em vista uma participação cooperativa e solidária entre os/as jogadores/as.

Solidariedade entre os/as jogadores/as: quando se tem, em uma mesma turma, pessoas com experiências muito diferentes em relação handebol, é preciso conversar sobre a solidariedade que as pessoas mais experientes podem oferecer àquelas que estão começando a aprender.

De que modo elas podem fazer isso:
– não roubando a bola da mão de quem está aprendendo a dominar e driblar a bola;
– realizando uma marcação um pouco mais distante, dando espaço e tempo para o/a aprendiz tomar sua decisão do que fazer;
– orientar os/as aprendizes sobre as situações de jogo, ajudando-os/as a perceber os elementos do jogo, em que momento correr ou desacelerar, como ajudar a marcação ou como apoiar o ataque;
– ter paciência e falar com respeito com as pessoas (para todo mundo); e
– incentivar o/a colega a aprender.
Essas atitudes auxiliam também o aprendizado da pessoa experiente, pois quando essa pessoa tem que elaborar mentalmente algo que já sabe para ensinar à outra, ela acaba reforçando o próprio aprendizado.

Polícia e ladrão

Divida a turma em grupos de 4 integrantes. Dessas quatro pessoas, devem ser escolhidas 3 para ser ladrões e 1 será policial. Então, os trios jogarão entre si, mas todos ao mesmo tempo, no espaço da quadra. Haverá uma bola por trio.
Os policiais devem pegar os ladrões, que precisam fugir para não serem levados para a cadeia (você pode demarcar qualquer espaço na quadra, mas sugerimos utilizar o círculo central para delimitar a cadeia). A posse da bola deixa o ladrão imune ao policial e, dessa forma, os ladrões devem tocar a bola entre si para se manterem salvos, dentro do seu próprio trio.
Quando presos, os ladrões serão salvos no momento em que conseguirem receber um passe de outro ladrão e devolvê-lo para um colega, também ladrão, completando uma tabela. Nesse caso, ficam livres para voltar a jogar normalmente. De tempos em tempos, troque as funções entre as pessoas que representam os ladrões e os policiais.
Objetivos táticos a serem trabalhados: observar antes de agir com a bola, movimentar-se sem bola para receber o passe e jogar coletivamente, para que os ladrões se mantenham salvos.

Jogo dos 10 passes

Divida a turma em duas equipes. O objetivo do jogo é que os/as jogadores/as da equipe com a posse de bola troquem passes até completar 10, para fazer um ponto. A equipe adversária deve impedir, interceptando os passes. Não é permitido roubar a bola da mão das pessoas, nem driblar a bola. É permitido, apenas, realizar três passes com a bola nas mãos antes de passar para um/a colega de equipe.

Táticas de defesa

Quando for trabalhar com essa atividade, realize no começo da aula uma exposição sobre as posições do handebol, as funções e as características de cada uma delas. Se tiver à disposição materiais para exibir vídeos, faça essa exposição com o auxílio de vídeos de jogos da seleção brasileira, por exemplo, para evidenciar como cada posição ocupa os espaços em quadra e as funções que desempenham, tanto no ataque quanto na defesa.
Apresente, também, três opções de organização da defesa: defesa por zona, defesa individual e defesa combinada.

A defesa individual determina que cada defensor deve marcar um adversário específico estando próximo dele o tempo todo, seja na quadra toda, sejam em ½ quadra ou em 1/3 de quadra. Essa tática de defesa permite recuperar a bola mais rapidamente do que as outras táticas e dificulta os passes do adversário, mas provoca grande cansaço nos defensores, impede que um defensor dê cobertura para outro e torna a saída para os contra-ataques mais complicada (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2014, p. 110).

A defesa por zona é o sistema básico no handebol, posicionando cada defensor em um setor da quadra próximo às linhas de seis e nove metros. Embora não dificulte os passes do adversário e demore mais para lhe tomar a bola, esses passes ficam distantes do gol e isso facilita a defesa e o goleiro. A defesa por zona também evita o cansaço dos defensores e permite que um defensor dê cobertura para outro.
A mais simples defesa por zona é chamada de 6×0, pois todos os seis jogadores ficam distribuídos ao longo da linha de seis metros, cada qual marcando um setor da defesa (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2014, p. 111).
A defesa combinada é a combinação das defesas individual e por zona. Assim, esse tipo de defesa busca posicionar seus jogadores próximos à linha de seis metros (como na defesa por zona), com exceção de um deles, que marcará individualmente o melhor jogador adversário (como na defesa individual (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2014, p. 111).

Divida as turmas em equipes de sete pessoas e oriente que, dentro de cada equipe, sejam definidas as posições que cada pessoa ocupará, exceto a de goleiro (armação, pivô ou pontas). Na quadra, acontecerão dois jogos ao mesmo tempo, sendo que duas equipes jogarão entre si em cada um dos lados. Defina duas pessoas para serem goleiras. Elas serão goleiras sem equipe, defendendo todos os arremessos.
Em um dos lados da quadra, uma das equipes deve se organizar em defesa por zona (6×0), jogando contra outra equipe. A equipe de defesa permanece defendendo, caso roubem a bola ou aconteçam arremessos ou qualquer situação em que no jogo trocaria as funções (quem defende passaria a atacar), o jogo recomeça com a bola no meio de quadra, junto à equipe selecionada para atacar. Do outro lado da quadra, acontecerá um jogo entre duas equipes, na qual a equipe defensora será organizada no sistema de defesa individual, tendo que marcar de perto o/a jogador/a da outra equipe de posição/função equivalente. Ex.: pivô marca pivô, ponta marca ponta etc. Passados 5 min de jogo, troque a equipe que defende pela equipe que ataca. Passados mais cinco minutos, troque os sistemas de jogo: as equipes que jogaram com defesa por zona agora jogarão com o sistema de defesa individual, e assim por diante, seguindo os mesmos procedimentos.

Ao final, ambos os lados da quadra realizarão novos jogos com a defesa combinada (5×1 de um lado e 4×2 de outro). Defina com antecedência quem serão as pessoas que se deslocarão da zona para defender e como será a sua movimentação (marcar um/a adversário/a específico, ou flutuar entre os/as armadores/as etc.). Como anteriormente, troque a defesa pelo ataque e os sistemas de jogos a cada cinco minutos.

Enquanto os jogos acontecem, passe pelas equipes orientando a movimentação e a organização tática. Pare o jogo, pedindo que os/as estudantes fiquem congelados no lugar e sugira que observem como estão posicionados/as em relação à bola e ao objetivo. Promova essa leitura coletiva de situação de jogo e faça questões sobre qual melhor decisão a ser tomada pela defesa e pelo ataque.

Táticas de ataque

Essa atividade se assemelha com a anterior, porém serão somadas duas diferentes táticas de ataque.
Existem dois tipos básicos de táticas de ataque no handebol: ataque 5×1 e ataque 4×2. Essas táticas permitem que a equipe posicione seus jogadores de forma adequada em relação às suas características (como força, altura, nível de habilidade técnica, entre outras) atingindo o melhor rendimento possível.

No ataque 5×1 a equipe terá apenas um pivô, enquanto no ataque 4×2 terá dois pivôs. O ataque 5×1 é mais simples e mais utilizado, e o ataque 4×2 é uma variação do anterior, que busca evitar a saída dos defensores, fixando-os junto à área do goleiro (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2014, p. 109).

Organize os/as jogadores/as e o espaço conforme a atividade anterior. Agora, as equipes no ataque serão organizadas no sistema 5×1 de um dos lados e 4×2 do outro. A defesa, antes de começar a partida, deverá conversar entre si para escolher qual das táticas aprendidas na aula anterior vão colocar em prática (individual, por zona ou combinada). Essas decisões podem ser alteradas ao longo do jogo.

Ao começar a partida, com os sistemas de tática de defesa e de ataque definidos para cada uma das quatro equipes, a troca entre ataque e defesa deverá acontecer somente após 5 minutos. Passados novamente 5 minutos, trocam os sistemas que acontecem em cada um dos lados, fazendo a troca entre ataque e defesa novamente.

Ao longo das partidas, siga fazendo as interferências, visando a reflexão conjunta sobre os elementos do jogo que devem ser observados para as melhores decisões serem tomadas pelas equipes. Cuide também da convivência e se todas as pessoas estão tendo oportunidade de jogar e aprender sobre o handebol.

Jogo completo

Proponha um jogo completo de handebol, com as principais regras definidas, trazendo os elementos sobre táticas de defesa e de ataque aprendidas nas atividades anteriores.

Referências

DARIDO, S. C.; SOUZA JÚNIOR, O. M. Para ensinar Educação Física: possibilidades de intervenção na escola. 7ª ed. Campinas: Papirus, 2014.
GONZÁLEZ, F. J.; BRACHT, V. Metodologia do ensino dos esportes coletivos. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2012.

Plano de aula elaborado pela professora Mestra Milena de Bem Zavanella Freitas.
Coordenação Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge

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