Conteúdos

– Grada Kilomba – Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano;
– Sujeito, objeto, “a/o/x outra/o/x” e escravizada/o/x.

Objetivos

– Entender o projeto colonial de coisificação do sujeito;
– Conhecer a filosofia afroperspectivista;
– Conhecer a narrativa e cosmo-percepção da mulher negra no mundo.

Sugestão de aplicação para o ensino remoto:
Tais sugestões estão organizadas em tópicos, com uma breve explicação de cada recurso.

–  Jitsi Meet: É um sistema de código aberto e gratuito, que permite a criação e implementação de soluções seguras para videoconferências via Internet, com áudio, discagem, gravação e transmissão simultânea. Possui capacidade para até 200 pessoas, não há necessidade de criar uma conta, você pode acessar através do seu navegador ou fazer o download do aplicativo, disponível para Android e iOS.

Trabalhando com essa ferramenta, é possível:
– Compartilhar sua área de trabalho, apresentações e arquivos;
– Convidar usuários para uma videoconferência por meio de um URL simples e personalizado;
– Editar documentos simultaneamente usando Etherpad (editor de texto on-line de código aberto);
– Trocar mensagens através do bate-papo integrado;
– Visualizar automaticamente o orador ativo ou escolher manualmente o participante que deseja ver na tela;
– Reproduzir um vídeo do YouTube para todos os participantes.

Gravação de videoaula usando o Power Point: O PPT, já tão utilizado no preparo das aulas, também permite a gravação de uma narração para os slides, que tanto nos auxiliam na explanação dos conteúdos. É possível habilitar a função de vídeo enquanto grava, assim, os alunos irão vê-lo em uma janelinha no canto direito da apresentação. O legal dessa ferramenta é que ela é bem simples e eficaz.

– Envio de Podcast aos alunos: Talvez esse nome ainda seja novidade para você, mas Podcast nada mais é do que um áudio gravado (tipo esses que enviamos pelo WhatsApp). Podem ser utilizados para narrar uma história, para correção de atividades, revisar ou aprofundar os conteúdos. Para tanto, sugerimos o app Anchor, que pode ser baixado em seu celular, muito fácil e simples de utilizar.

– Plataforma Google Classroom: O Classroom permite que você crie uma sala de aula virtual. Esta ação irá gerar um código que será enviado aos alunos, para que tenham acesso à sala de aula. Neste ambiente virtual, você poderá criar postagens de avisos, textos, slides do ppt, conteúdos, links de vídeos, roteiros de estudos, atividades, etc. É uma forma bem simples e eficaz de manter a comunicação com os alunos e postar as aulas gravadas, usando os recursos anteriormente mencionados. Confira também outros recursos oferecidos pelo Google, como a construção de formulários (Google Forms) para serem realizados pelos alunos.

Sugiro aulas de até 30 minutos. Além disso, nem toda aula precisa gerar uma atividade avaliativa, para não sobrecarregar a/o/x aluna/o/x. As aulas virtuais também podem ser úteis para correção de exercícios e plantões de dúvidas.

Previsão para aplicação:
4 aulas (30 min./aula)

Proposta de Trabalho:

1ª Etapa: Introdução ao pensamento de Grada Kilomba

Para iniciar esta parte é interessante fazer uma introdução sobre a condição da mulher negra no mundo, a partir da visão da escritora afro-portuguesa, filósofa, artista interdisciplinar e feminista negra, Grada Kilomba (Lisboa, 1968). Em 2008 publicou o livro Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano, que seria sua tese de doutorado, feito em filosofia pela Universidade de Berlim, onde atualmente reside e leciona. Em 2019, aconteceu a primeira exposição da artista no Brasil, que ocorreu na Pinacoteca de São Paulo, chamada Desobediências Poéticas.
A obra Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano é uma descrição profunda sobre a condição da mulher negra no mundo, principalmente das que nasceram e residem na Alemanha. Enquanto fazia sua tese de doutorado, a filósofa vivenciou a visão que os alemães têm sobre o lugar que os corpos negros não devem ocupar, o espaço acadêmico ou a própria sociedade alemã em si, isto é, para muitos alemães é totalmente um choque ver uma negra ou negro falando muito bem o idioma deles, ver uma afro-alemã com domínio da língua é ainda mais desconcertante ou inaceitável.
Esse livro é um compilado de entrevistas feitas com algumas mulheres negras que nasceram na Alemanha ou que residem no país por algum motivo, mostrando vários episódios de racismo ou objetificação. São vários acontecimentos que geram situações absurdas do cotidiano, exemplos como a questão do cabelo, da pele, da sexualidade e de bonecos ou estátuas estereotipadas que remetem e reforçam a ideia de corpos subjugados e desumanizados.
O conceito de memória, Kilomba tira do psicanalista Sigmund Freud, o qual dizia sobre a teoria do esquecimento, que é uma noção que todas as experiências são registradas de alguma forma na mente, algumas dessas vão para o inconsciente e ficam indisponíveis para a consciência. A ideia de plantação complementa a visão de memória da filósofa, pois juntas mostram o reflexo de toda essa situação encravada pela opressão vivida pelos povos negros e subjugados da história.
A memória da plantação é uma lembrança que gera muitos traumas históricos, mesmo que esquecidos conscientemente, de alguma forma acabam se manifestando na vida das pessoas em algum momento, criando episódios banalizados de racismo no cotidiano, com resultados de ansiedade, depressão e muitas dores — o racismo histórico é algo dessa natureza, aquilo que não se pode evitar lembrar e nem se pode esquecer, é uma memória plantada que muitas gerações estarão condenadas a carregar em suas vidas. Um exemplo disso é quando muitos brancos percebem uma mulher negra dentro da universidade ou em outro espaço de poder elitizado, manifestando algo impactante neles.
Logo no início da obra, Kilomba descreve um episódio em que estava dentro da biblioteca da Universidade de Berlim e uma funcionária a indagou falando que aquele espaço era para estudantes, ou seja, ela era um corpo estranho para a maioria das pessoas presentes naquele local, pois uma mulher negra não pode ser estudante, tampouco professora, para a consciência dominante alemã pode ser apenas doméstica ou de outra natureza que não intelectual.
Há outra passagem do livro que descreve um episódio de racismo muito perturbador, quando ela tinha entre 12 e 13 anos, um médico a convidou para ser sua empregada, enquanto ele viajava com sua família. Simplesmente por ela ser negra, o médico achou que estava precisando de um emprego. Além disso, outro problema muito grave, é o fato de que, na época, ela era apenas uma criança e iria prestar serviço para pessoas mais velhas. Para este médico, pessoas brancas devem ser servidas por crianças negras, o que as negras podem fazer, as brancas mais velhas não devem fazer, ou seja, a infância existe somente para as brancas. Como disse a própria Kilomba, o médico buscou por meio de um racismo muito enraizado transformá-la enquanto paciente em uma servente ou mão de obra barata. Abaixo veremos um trecho de seu livro que demonstra a sensação da filósofa em relação a experiência com o médico, podendo esta parte do livro ser lida em sala de aula e refletida com as/os/xs alunas/os/xs, vejamos:

“Você gostaria de limpar nossa casa?”

Quando tinha entre 12 e 13 anos, fui ao médico por causa de uma gripe. Após a consulta, ao me dirigir à porta, ele, de repente, me chamou. Ele estivera olhando para mim, e disse que havia tido uma ideia. Ele, sua esposa e dois filhos, de aproximadamente, 18 e 21 anos, estavam indo viajar de férias. Haviam alugado uma casa no sul de Portugal, em algum lugar no Algarve, e ele estava pensando que eu poderia ir com eles. O médico então propôs que eu cozinhasse as refeições diárias da família, limpasse a casa e eventualmente lavasse suas roupas. “Não é muito”, disse ele, “alguns shorts, talvez uma camiseta e claro, nossas roupas íntimas!”. Entre essas tarefas, ele explicou, eu teria tempo suficiente para mim. Eu poderia ir à praia “e fazer o que você quiser”, insistiu. Ele tinha máscaras africanas decorando o outro lado do consultório, eu devo ter olhado para elas. “Elas são de Guiné-Bissau!”, disse ele. “Eu trabalhei lá… como médico”. Olhei para ele, calada. Eu realmente não me lembro se fui capaz de dizer algo. Acho que não. Mas me lembro de sair do consultório em um estado de vertigem e de vomitar, após ter me distanciado de lá algumas ruas, antes de chegar em casa. Estava diante de algo irracional. (KILOMBA, 2019, p. 93)

Quando se pensa no termo doméstica, o que vem na cabeça da maioria das pessoas é a imagem de uma mulher negra. Lélia Gonzalez problematizou isso no Brasil nos anos 70, 80 e 90, por isso temos também um plano de aula abordando a visão de Gonzalez, que deixou um texto fundamental, publicado em 1984, Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, que serve para entendermos essa questão, que infelizmente, ainda é bastante atual.

Kilomba descreve outra situação que vivenciou quando trabalhava em Portugal como psicanalista, dentro do departamento de Psicologia Clínica e Psicanálise de um hospital. Neste lugar era frequentemente vista como a mulher da faxina, ela menciona que quando saiu do seu país de origem foi um alívio imenso, no entanto acabou vivenciando na Alemanha a mesma visão racista que a Europa tem em todo seu território. Um espaço demasiadamente violento que coisifica os corpos negros, além da herança que deixaram para todo Ocidente, para além da Europa.

Vale lembrar que neste continente tivemos um dos nomes mais importantes do feminismo mundial, Simone de Beauvoir, que nasceu na França no início do século XX, que dizia que a mulher era sempre considerada a outra da humanidade. Para Kilomba, as mulheres negras são vistas de maneira ainda mais sintomática, isto é, não são consideradas as outras da humanidade, mas sim “as outras das outras”, porque a outra é somente a mulher branca, enquanto as mulheres negras são ainda mais marginalizadas, subjugadas ou subalternas.

Há várias situações descritas no livro, por isso é uma leitura que ajuda na descolonização da visão racista e sexista do mundo. É essencial para qualquer pessoa, mas principalmente para brancas e brancos que estão condicionados a verem os corpos negros como estranhos ou como coisas, algo que muitas vezes acontece de forma inconsciente, como nos lembrou Grada Kilomba, “o racismo é uma problemática branca”. Sem dúvidas, o racismo é um problema de todas/os/xs.

A/O/X professora/o/x pode fazer uma leitura dos conceitos que Kilomba explicou em sua obra, e com isso criar um debate entre alunas/os/xs sobre a importância de descolonizar a linguagem e, com isso, a própria visão de mundo.

Para essa etapa, sugiro a gravação prévia de um podcast (veja qual recurso usar e como fazer no início deste plano) sobre a história e obras de Grada Kilomba. Você poderá narrar o texto descrito anteriormente, inserir músicas ao fundo, ler trechos de suas obras ou até mesmo pedir para alguém de casa gravar pequenos trechos com você, mudando o tom e entonação da voz, assim, o podcast ficará mais interessante. Compartilhe o episódio gravado com as/os/xs alunas/os/xs através da plataforma Google Classroom.

Saiba mais sobre a obra no Canal Letras Pretas:
Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano – Grada Kilomba

2ª Etapa: Sujeito, objeto e a “outra”

Depois de introduzir um pouco sobre a obra, Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano, através do podcast, você poderá continuar explicando a visão que a filósofa tem dos conceitos sujeito, objeto, “outra/o” e “escravizada/o”, por meio de um debate fomentado em uma aula ao vivo online pela plataforma Jitsi Meet. É interessante ver que a obra descreve estes conceitos no formato itálico (mostre para a turma trechos dos textos que contenham essa marcação, através do recurso do compartilhamento de tela do seu computador), pois reconhece que a língua portuguesa é bastante poética, mas também é bastante violenta em sua essência, a qual cria dimensões para legitimar e perpetuar as relações de poder. Para Kilomba, muitas palavras são formas de definir o lugar de uma identidade estereotipada do sujeito subalternizado no mundo, esses conceitos descrevem a verdadeira condição humana imposta para subjugadas/os/xs.
Entre esses termos, há um bastante difundido até mesmo entre aquelas/es/xs que lutam contra o racismo, que muitas vezes usam o termo escrava/o em suas escritas ou falas. Como descreve Kilomba, é bastante problemático essa designação, pois remete à ideia das/os/xs negras/os/xs serem por natureza pessoas que têm uma essência de escravas/os/xs e não de serem pessoas submetidas a um processo de desumanização. Por isso é mais indicado designar escravizada/o/x, pois mostra toda a construção feita através da colonização histórica e não das condições naturais de um povo massacrado na história Ocidental.
Portanto, para Kilomba, parece mais que urgente buscarmos um novo vocabulário que possa inserir as várias identidades humanas do discurso epistêmico, em outras palavras, todas/os/xs precisam entrar no cenário do conhecimento, criando com isso uma linguagem que insere sujeita/o/x dentro da episteme e das várias áreas do conhecimento, sobretudo da filosofia, que é uma das mais racistas e sexistas do nosso mundo.
Vejamos o entendimento de Kilomba sobre os termos sujeito, objeto, “a/o outra/a” e escravizada/o.

Sujeito:

“No original inglês, o termo subject não tem gênero, no entanto, a sua tradução corrente em português é reduzida ao gênero masculino – o sujeito –, sem permitir variações no gênero feminino – a sujeita – ou nos vários gêneros LGBTI+ – xs sujeitxs –, que seriam identificadas como erros ortográficos. É importante compreender o que significa uma identidade não existir na sua própria língua, escrita ou falada, ou ser identificada como um erro. Isto revela a problemática das relações de poder e violência na língua portuguesa, e a urgência de se encontrarem novas terminologias. Por esta razão, opto por escrever este termo em itálico: sujeito.” (KILOMBA, 2019, p. 15)

Objeto:

Object, assim como subject, é um termo que não tem gênero na língua inglesa. No entanto, a sua tradução corrente em português é também reduzida ao gênero masculino – o objeto –, sem permitir variações no gênero feminino – a objeta – ou nos vários gêneros LGBTI+ – xs objetxs, expondo, mais uma vez, a problemática das relações de poder e violência na língua portuguesa, e a urgência de se encontrarem novas terminologias. Além disso, parece-me importante lembrar que o termo object vem do discurso pós-colonial, sendo também usado nos discursos feministas e queer para expor a objetificação dessas identidades numa relação de poder. Isto é, identidades que são retiradas da sua subjetividade e reduzidas a uma existência de objeto, que é descrito e representado pelo dominante. Reduzir o termo à sua forma masculina revela uma dupla dimensão de poder e violência. Por ambas as razões, opto por escrever este termo em itálico: objeto.” (KILOMBA, 2019, p. 15)

”A outra/o”

Other é um termo neutro em inglês, ausente de gênero. A sua tradução em português permite variar entre dois gêneros – a/o outra/a. Embora seja parcialmente satisfatório, pois inclui o gênero feminino e põe-no em primeiro lugar, não deixa de o reduzir à dicotomia feminino/masculino, menina/menino, não permitindo entendê-lo a vários gêneros LGBTI+ – xs outrxs – expondo mais uma vez, a problemática das relações de poder e a violência da língua portuguesa. Por estas razões, opto por escrever o termo em itálico e entre aspas: “outra/o”.” (KILOMBA, 2019, p. 16)

Escravizada/o

“Na minha escrita, uso o termo “escravizada/o”, e não escrava/o, porque escravizada/o descreve um processo político ativo de desumanização, enquanto escrava/o descreve o estado de desumanização como a identidade natural das pessoas que foram escravizadas. No entanto, o termo aparece por vezes de forma figurativa: nesses casos, opto por escrevê-lo em itálico: escrava/o.” (KILOMBA, 2019, p. 20)

Compartilhe esses textos com as/os/xs alunas/os/xs durante a aula através de slides, fazendo uso do recurso de compartilhamento de tela do seu computador. Depois, deixe-os disponíveis na plataforma Google Classroom.

3ª Etapa: Tornando-se sujeito da episteme

Para esta parte, inicie a aula ao vivo on-line através da plataforma Jitsi Meet, assistindo com a turma (através do recurso de compartilhamento de tela do seu computador) ao vídeo da Kilomba, While I Write, “Enquanto eu Escrevo”, que servirá como inspiração para as/os/xs alunas/os/xs escreverem, algo como ferramenta para a escrita que faz da pessoa sujeito da episteme e não objeto do discurso. Vejamos o vídeo e um trecho da obra da filósofa diaspórica negra:

Enquanto eu Escrevo, de Grada Kilomba

Observação: Este vídeo está em Língua Inglesa, contudo, é possível ativar uma legenda com tradução automática para o Português. Para acionar essas ferramentas, siga os seguintes passos:

Usando um computador ou notebook, com o vídeo já iniciado, passe o cursor/mouse na base do vídeo de forma a localizar os botões Legendas/legendas ocultas e Detalhes. 1) Clique no ícone Legendas/legendas ocultas para ligar a legenda; 2) Clique no ícone Detalhes para configurar a língua desejada para a tradução automática; 3) No quadro aberto em Detalhes, clique em Legendas/CC, depois em Traduzir automaticamente e escolha o Português na lista de línguas disponíveis para a tradução.

Abaixo encontra-se a transcrição traduzida do vídeo:

Do projeto: Descolonizando conhecimento / Performando conhecimento

“ENQUANTO EU ESCREVO”, POR GRADA KILOMBA

Às vezes, eu temo escrever.
Escrever se transforma em medo,
de eu não poder escapar de tantas construções coloniais.
Neste mundo,
Eu sou vista como um corpo que não pode produzir conhecimento.
Como um corpo ‘sem lugar’.
Eu sei que enquanto eu escrevo,
cada palavra que eu escolho
será examinada,
e talvez até mesmo invalidada.
Então por que eu escrevo?
Eu preciso.
Eu estou incorporada em uma História
de silenciamentos impostos,
de vozes torturadas,
línguas despedaçadas,
idiomas forçados e,
discursos interrompidos.
E eu estou cercada por
espaços brancos
Onde eu dificilmente posso entrar ou permanecer.
Então, por que eu escrevo?
Eu escrevo quase como uma obrigação,
para me encontrar.
Enquanto eu escrevo,
Eu não sou o ‘Outro’,
mas o eu,
não o objeto,
mas o sujeito.
Eu me torno a relatora,
e não a relatada.
Eu me torno a autora,
e a autoridade
da minha própria história.
Eu me torno a absoluta oposição
do que o projeto colonial havia predeterminado.
Eu me torno eu.

Escrito e Criado por GRADA KILOMBA

Música por MOSES LEO

Efeitos Sonoros por GRADA KILOMBA

Agradecimentos Especiais a JACOB SAM-LA-ROSE

Legendas pela comunidade Amara.org / Legendados pela comunidade Amara.org

Trecho da obra – “Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano”, de Grada Kilomba

“A ideia de que se tem de escrever, quase como uma obrigação moral, incorpora a crença de que a história pode ‘ser interrompida, apropriada e transformada através da prática artística e literária’ (hooks, 1990, p. 152). […] Eu sou quem descreve minha própria história, e não quem é descrita. Escrever, portanto, emerge como um ato político. O poema ilustra o ato da escrita como um ato de tornar-se e, enquanto escrevo, eu me torno a narradora e a escritora da minha própria realidade, a autora e a autoridade na minha própria história. Nesse sentido, eu me torno a oposição absoluta do que o projeto colonial predeterminou.” (Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano, Grada Kilomba, 2019, p. 29)

Sugestões de atividades:

Atividade 1:
Depois de assistirem ao vídeo e lerem o texto, poderão escrever um relato sobre algum tipo de violência sofrida, ou seja, abordarão sobre algum momento em que se sentiram como objetos da violência alheia. Você pode dar um tempo (sugiro 15 minutos) para que as/os/xs alunas/os/xs escreverem no caderno e, em seguida, peça para compartilharem com a turma, caso se sintam confortáveis com isso. Esse compartilhamento pode ser feito de forma escrita, pelo chat da plataforma, ou de forma oral, habilitando o microfone das/os/xs alunas/os/xs.

Atividade 2:
As/Os/Xs alunas/os/xs farão um trabalho em grupo de forma online e remota. Farão uma entrevista com uma mulher negra universitária, pode ser uma amiga ou alguém da família, que atenda às características mencionadas. A entrevista pode ser realizada através de uma ligação do WhatsApp ou por e-mail. A convidada irá compartilhar um pouco sobre a situação vivida por ela no espaço acadêmico. Após a conclusão dos trabalhos pelas/os/xs alunas/os/xs, será agendada uma aula ao vivo online via Jitsi Meet, onde todos os grupos apresentarão as entrevistas transcritas.

Sugestões de perguntas:
1. Conte um pouco sobre o que é ser mulher negra na universidade brasileira.
2. Por que você escolheu cursar tal área?
3. Você sente que tem seu lugar de fala?
4. Existem muitas mulheres negras na universidade?
5. Quais foram as autoras negras que você estudou na sua área?
6. Quantas professoras negras deram aula para você? Existem funcionárias negras em outros setores da faculdade? Quais são?
7. Qual seria sua mensagem para todas negras/os/xs da educação básica?

Materiais Relacionados

LIVROS:
1.  CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. São Paulo. Tese (Doutorado em Educação) Universidade de São Paulo, 2005.
2. CASTRO, Clarissa Petry. Repensando as mulheres e a filosofia: uma análise dos livros didáticos de filosofia de ensino médio. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Especialização. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 60 p., 2016.
3. DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Trad. Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.
4. GONZALEZ, Lélia. Lélia Gonzalez: primavera para as rosas negras. São Paulo: Filhos da África, 2018.
5. KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano, Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
6. NASCIMENTO, Maria Beatriz. Beatriz Nascimento: quilombola e intelectual. São Paulo: Filhos da África, 2018.
7. RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Pólen, 2019.
8. SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

VÍDEOS:

1. Enquanto eu escrevo (Grada Kilomba)
2. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano (Grada Kilomba – Canal Letras Pretas)
3. Roda de Conversa: Grada Kilomba e Djamila Ribeiro

Plano de aula elaborado pelo professor mestre Fabiano Bitencourt Monge
Adaptação para o ensino remoto elaborada pela professora doutora Nathalie Lousan

Arquivos anexados

  1. Plano de Aula: Grada Kilomba: a condição da mulher negra no mundo

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