Conteúdos

Este plano de aula visa apresentar o movimento do cangaço brasileiro, identificando suas principais características, contradições e contextualização histórica.

Objetivos

  • Conhecer o movimento do cangaço brasileiro;
  • Identificar as principais características do cangaço brasileiro;
  • Relacionar a ascensão do cangaço com o contexto social da Primeira República;
  • Compreender a ação de Getúlio Vargas em relação ao cangaço brasileiro;
  • Refletir sobre as contradições presentes no movimento cangaceiro; e
  • Analisar o movimento do cangaço a partir do contexto histórico social da época. 

Conteúdos / Objetos do conhecimento: cangaço, movimentos sociais, Primeira República e Era Vargas. 

Palavras-chave: cangaço, sertão, banditismo, república, Lampião.

Previsão para aplicação:

2 aulas de 50 minutos cada.

Ano:

9º ano – ensino fundamental II (anos finais)

1ª Etapa: Contextualização

Professor(a), nesta etapa você deve introduzir o assunto que será trabalhado durante a aula. Aproveite o momento para identificar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do tema.

Para começar esta aula, leia com os estudantes o cordel a seguir. Antes de ler, você pode explicar à turma o que é o cordel: uma parte importante da cultura popular nordestina, um estilo de contar as histórias locais por meio de rimas e versos escritos em livros pequenos que são vendidos pendurados em uma corda, por isso o nome “cordel”. Aqui no portal, você encontra um plano de aula sobre o tema.

O meu nome é Virgulino

O lagarto nordestino

Ouça bem o que lhe digo

O cangaço é meu quintal

Meu sobrenome é perigo

Vai logo me dando essas moedas

Vai logo rezando a padre Ciço

Foi com Antônio e Levino

Com meus irmãos eu aprendi

Que no cangaço o homem

Tem que ser macho

No cangaço o homem

Não pode dormir.

KRETUS, Sandro. Codinome Lampião.

Acesso em: 24 de setembro de 2023.

Depois de ler o cordel, faça as seguintes perguntas à turma para iniciar a discussão:

  • Vocês sabem quem foi Lampião? O que vocês conhecem sobre ele?
  • O que vocês sabem sobre o cangaço?

Incentive os estudantes a responderem, seja de forma escrita ou oralmente, conduzindo a discussão. O objetivo é introduzir o tema da aula e reconhecer os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o tema.

2ª Etapa: Problematização e aprofundamento

Professor(a), esta etapa tem como objetivo aprofundar a discussão do tema proposto para a aula.

Para isso, faça um resumo do que foi o cangaço. Você pode usar o quadro ou slides para realizar a exposição.

  • O cangaço é um movimento que se forma no sertão nordestino, composto pela população camponesa pobre, e surge ainda no século XIX;
  • Durante a Primeira República, no século XX, o movimento ganha força e é motivado, principalmente, pela sensação de abandono dos sertanejos em relação ao governo republicano, que concentrava seus esforços de investimentos na região Sudeste;

O cangaço teve seu início no final do século XIX, com o fim da Guerra de Canudos, consolidando seu auge entre os anos de 1900 e 1940, no agreste do Nordeste brasileiro. Formando-se grupos oriundos da miscigenação de índios e escravos fugitivos de engenho, os brancos geralmente eram os senhores de engenho, grandes coronéis latifundiários, provindo do litoral, obtendo sucesso com a exploração da cana-de-açúcar ou com o comércio, dedicando-se no início a pecuária, posteriormente isto e consequentemente prestígio político.

NASCIMENTO, José Anderson. Cangaceiros, Coiteiros e Volantes. Aracaju, Academia Sergipana de Letras, 1996.

  • Os cangaceiros formavam bandos e eram andarilhos. Andavam pelas cidades e vilarejos do sertão saqueando fazendas e povoados. O modo de agir era predominantemente violento, envolvendo mortes e estupros;
  • Eram muitas as motivações que levavam homens e mulheres a entrarem no cangaço, principalmente as necessidades econômicas. Entretanto, também era comum que a entrada no cangaço fosse motivada pela busca por vingança depois de alguma violência sofrida, principalmente advinda de alguma autoridade – grandes proprietários de terra, agentes de governo, soldados;
  • As mulheres estavam presentes nos bandos do cangaço. Muitas ingressaram por vontade própria, outras foram forçadas a seguir com o bando, que sequestrava meninas e mulheres nos povoados que invadiam. Para muitas, seguir com os bandos era uma forma de se libertar das opressões que sofriam em suas famílias, buscando maior liberdade.
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                             Mulheres cangaceiras (crédito: Aventuras na história)

Acesso em: 24 de setembro de 2023.

  • Um dos principais personagens do cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva, conhecido pelo codinome de Lampião.
  • Lampião era pernambucano, da atual Serra Talhada, e entrou no cangaço por vingança, depois de perder o pai em uma disputa de terra com a oligarquia local. Integrou o bando do cangaceiro Sinhô Pereira, que depois de abandonar o cangaço o deixou como líder. Ele chefiou o maior e mais temido bando de cangaceiros que atuou no sertão nordestino, fazendo saques de fazendas e agindo de forma caracteristicamente violenta.
  • Por muitas vezes saquear dos mais ricos e dar para os mais pobres, a figura de Lampião foi vista com heroísmo, tornando-se quase uma figura mitológica no sertão e na tradição cultural nordestina, junto com sua esposa, Maria Bonita.
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                 Lampião e Maria Bonita (crédito: Brasil Escola)

Acesso em: 24 de setembro de 2023.

  • O cangaço foi um movimento perseguido e reprimido pelas autoridades republicanas. Mas foi com o Estado Novo de Vargas que se intensificaram as ações de perseguição contra os bandos. Vargas tinha intenção de construir linhas férreas e rodovias nas regiões Norte e Nordeste e, além disso, o governo ditatorial agia sob as bandeiras da lei e da ordem.
  • As “volantes” eram tropas do governo formadas por nativos que conheciam a região e agiam com métodos muito semelhantes aos dos cangaceiros.
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                           Volante do Tenente Zé Rufino (crédito: Cariri Cangaço)

Acesso em: 24 de setembro de 2023.

  • Em 1938, o bando de Lampião foi cercado pelas tropas do governo em Angicos, no sertão sergipano, e a maior parte do bando foi morta, tendo suas cabeças cortadas e expostas na praça da cidade de Piranhas, em Alagoas.
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                  Cabeças dos membros do bando de Lampião (crédito: Wikipédia).

Acesso em: 24 de setembro de 2023.

3ª Etapa: Sistematização

Professor(a), esta etapa tem como objetivo sistematizar os conhecimentos dos estudantes a respeito do tema trabalhado durante a aula.

Para isso, a atividade deve servir como forma de evidência daquilo que os estudantes aprenderam, tornando visível quais os objetivos de aprendizagem alcançados ao longo da aula, ainda que parcialmente.

Para finalizar, em duplas, os estudantes devem realizar a análise dos seguintes documentos:

  1. Exiba o vídeo a seguir para os estudantes:

Lampião e o Cangaço | Nerdologia

Acesso em: 24 de setembro de 2023.

  1. Peça que leiam o texto a seguir:

“A figura do cangaceiro, pode-se dizer que se encontra um tripé do banditismo. O primeiro diz respeito à vingança de sangue, feito por uma família contra a outra por motivos pessoais (na maioria das vezes, banal) quando a honra familiar e individual é defendida. O segundo é o banditismo puro ou simples, trata-se do bandido que rouba para si, assaltando à mão armada, um meio de vida encontrado em sociedades onde há poucas oportunidades de vida decentes para todos. Por último, o banditismo social, quando a atitude é realizada em protesto, nem sempre consciente, às injustiças, às desigualdades e hierarquias da sociedade, é o ‘roubar dos ricos para dar aos pobres’.”

SANTOS, Wilson Alvares dos. Cangaço: um movimento social. 2018.

          Em seguida, peça que respondam às seguintes questões:

  • Qual era o contexto em que viviam os sertanejos na época da ascensão do cangaço?
  • Quais os principais motivos que levaram os sertanejos a aderir ao cangaço?
  • Por que o movimento é considerado uma vertente do banditismo? Como ele está ligado à realidade brasileira no início da República?

Plano de aula elaborado pela professora Júlia Bittencourt.

Coordenação Pedagógica: prof.ª dr.ª Aline Bitencourt Monge.

Revisão textual: professora Daniela Leite Nunes.

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Acesso em: 24 de setembro de 2023.

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