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Brasil antes do Brasil – E os povos existentes antes da chegada dos europeus.

Objetivos

Entender a importância dos estudos arqueológicos e da cultura material na reconstrução do passado dos grupos humanos;
Entender que a noção de Brasil como país é uma construção recente e que não devemos aplicá-la sem mencionar que a mesma remonta ao momento da nossa Independência;
Conhecer as características de povos da pré-história brasileira e entender como eles chegaram até aqui;
Reconhecer a importância das populações indígenas que aqui habitavam antes da chegada dos portugueses e sua importância para a história brasileira.

Antes de dar início às Etapas consulte a aba Para Saber Mais.

1ª Etapa: Aplicando os conhecimentos adquiridos

Povos nômades e Sedentários, aspectos da cultura material

Professor, as competências que serão aqui trabalhadas dizem respeito à diferenciação de povos a partir de aspectos de sua cultura, por meio da análise de um outro tipo de documento historiográfico que não o escrito.

Os materiais utilizados para a realização da atividade serão um conjunto de imagens e pequenas fichas com informações geográficas, sociais e culturais possíveis de serem reconhecidas a partir de alguns aspectos da cultura material.

Os alunos devem ser divididos em ao menos três grupos e terão como objetivo caracterizar os três principais grupos de povos existentes nas terras da América do sul, antes da chegada dos portugueses: os caçadores e coletores; os sambaquieiros ou povo das conchas; os agricultores e coletores. Em seguida, os alunos devem localizar esses povos num mapa do Brasil contemporâneo.

A caracterização desses grupos de povos será realizada a partir das pequenas fichas e das imagens já disponibilizadas desde o início da atividade. Esse material não deve estar identificado com os grupos de povos, já que os estudantes, a partir da atividade interativa, serão capazes de separá-los e caracterizá-los. Posteriormente, os alunos podem pesquisar e coletar novas imagens na biblioteca ou na internet, devendo sempre catalogá-las e explicar por que motivo elas podem fazer parte de cada um dos grupos.

As fichas

As pequenas fichas devem conter informações concisas sobre cada um dos grupos de povos. Para a construção das fichas, seguem algumas informações indispensáveis a cada grupo de povos.

Caçadores e coletores:

• Primeiros habitantes das terras que posteriormente seriam chamadas de Brasil, viveram há cerca de 6 mil anos;

• Eram nômades;

• Produziam ferramentas destinadas à caça, como pontas de flecha e de lança, sendo a maioria delas construída com diversos tipos de pedras;

• Viviam espalhados por diversas localidades do nosso país, em especial no interior das regiões Sul e Sudeste do Brasil e também no interior do atual Piauí.

Os sambaquis

• Viveram há cerca de 6 mil anos;

• Habitaram as regiões litorâneas, em especial o litoral que vai dos atuais estados do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul;

• Sua principal fonte de alimento provinha do mar;

• São povos sedentários, já que não precisavam movimentar-se em busca de alimentos, pois o mar fornecia os alimento por longo tempo e em abundância.

Os agricultores e ceramistas

• Viveram a partir de 4 mil anos atrás;

• Foram os primeiros a utilizarem a agricultura como principal fonte de alimento, o que permitiu intenso sedentarismo;

• Localizaram-se, a princípio, nas terras do baixo Amazonas e da ilha do Marajó;

• Eram grandes produtores de cerâmica.

As imagens

Diversas imagens podem ser utilizadas para esta atividade. Seria melhor fornecer, pelo menos, três imagens referentes a cada um dos povos identificados acima. As imagens devem retratar aspectos da cultura material, como as pontas de flecha e lança, no caso dos caçadores e coletores, as grandes montanhas sambaquis, em que é possível encontrar diversos restos de conchas e outros esqueletos de animais marinhos, e os vasos e demais cerâmicas dos povos agricultores e ceramistas.

As imagens podem ser encontradas na internet, a partir dos sites sugeridos no “Para Organizar o Trabalho e Saber Mais”.

Ao término da catalogação das imagens e fichas, o professor deve mostrar aos estudantes de qual desses grupos pré-históricos, provavelmente, surgiram os índios tupis-guaranis, os primeiros a fazerem contato com os portugueses.

 

2ª Etapa: FECHAMENTO: O encontro entre os tupis-guaranis e os europeus


Professor, divida novamente a sala em grupos, de aproximadamente 5 estudantes, e entregue, a cada um deles, um dos trechos reproduzidos a seguir, de maneira que haja o mesmo número de trechos repetidos. Metade desses grupos representará o lado dos europeus, que chegaram às terras que hoje chamamos de Brasil, e a outra metade, o ponto de vista dos indígenas, no momento da chegada dos europeus.

O objetivo da atividade é que cada um dos grupos seja capaz de produzir um roteiro para uma história em quadrinhos que contenha as informações dos trechos dos textos. Esses roteiros devem conter as falas de cada um dos personagens (é importante salientar a necessidade de dois personagens obrigatórios, um indígena e outro europeu) e uma indicação dos desenhos a serem realizados, com as ações e gestos de cada um dos personagens, essa indicação pode ser feita de maneira escrita, ou a partir de um esboço de desenho. O roteiro deve seguir este modelo. Veja exemplo:

Roteiro para história em quadrinhos do encontro dos Índios com os Europeus.

 






Nº do quadrinho Falas Indicação para o desenho
1  Balão de pensamento: Que estranho esse pesadelo! O que fazia eu enjaulado em um navio? Fazer o chefe saindo da oca se espreguiçando e olhando para a fogueira.
     

Antes da entrega dos textos, procure ressaltar para os alunos que os indígenas já possuíam uma história, como visto na atividade anterior, do mesmo modo que os europeus que aqui chegaram.

Para o fechamento da atividade, os alunos, após terminarem suas histórias, poderão compartilhar seus quadrinhos por meio da colagem num quadro-mural e também pela representação teatral realizada a partir das falas colocadas nos quadrinhos.

Trecho 1: STADEN, Hans. A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens (1548-1555). Trad. Pedro Süssekind. Editora Dantes. Rio de Janeiro, 2004.

Cunhambebe, o afamado chefe Tupinambá, acordou sobressaltado naquela manhã. Tinha tido um pesadelo que não conseguia definir bem. As imagens dançavam em sua cabeça. Estava numa nau portuguesa, vestido com uma pele de onça dentro de uma jaula, cruzando o mar. Ele gritava: ‘Sou Cunhambebe e não estou mais vivo!’. Sua tribo nadava atrás do barco e, aos poucos, ia sendo engolida pelas águas.

Saiu exasperado de sua cabana. Viu sua gente se divertindo em torno dos restos de uma grande festa que ele, em sua providencial força, promovera na noite anterior.

“Passou uma vista de olhos ao redor e contemplou 15 cabeças de índios Maracaias, espetadas em estacas adornando sua cabana. Com uma certa condescendência, dirigiu-se a elas:

? Maracaia, inimigos dos Tupinambás, ontem estávamos fracos e recuperamos nossa força comendo nossos irmãos que estavam em vocês. Agora eles voltaram para casa. Amanhã seremos nós, os Tupinambá, que devolveremos a força dos Maracaias. Cada dia é uma batalha. Assim é a vida… a minha, a tua e a da capivara.

Um grupo de índios vinha caminhando em sua direção. Entre eles, um estranho homem, igualmente nu, mas branco, com o corpo coberto de queimaduras por causa do sol abrasador. Um deles falou:

?  Aqui trago o escravo português. Nós o capturamos na floresta, perto de Bertioga.

Cunhambebe dirigiu-se então ao homem.

?  Veio como nosso inimigo?

?  Vim, mas não como inimigo. Sou Hans Staden de Hessen.

?  Porque tentava dar tiros nos Tupinambás em Bertioga?

?  Porque os portugueses me deram tal posto e eu tinha que obedecer.

?  Porque você é português, não é mesmo?

?  Não sou, sou parente de franceses.

?  Todo português afirma ser francês ao saber que a morte é iminente. Todo português é covarde. Portanto, você é português.

Trecho 2:  GANDAVO, Pero de Magalhães. “Da condição e costumes dos índios da terra” in. Tratado da Terra do Brasil.

Não se pode numerar nem compreender a multidão de bárbaro gentio que semeou a natureza por toda esta terra do Brasil; porque ninguém pode por o sertão dentro caminhar seguro (…).

A língua deste gentio pela Costa é uma: carece de três letras, não se acha nela F, nem L, nem R, cousa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem Justiça e desordenadamente.

Estes índios andam nus sem cobertura alguma, assim machos como fêmeas; não cobrem parte nenhuma de seu corpo, e trazem descoberto quanto a natureza lhes deu. Vivem todos em aldeias, pode haver em cada uma sete, oito casas, as quais são compridas feitas à maneira de cordoarias; e cada uma delas está cheia de gente duma parte e doutra, e cada um por si tem sua estância e sua rede armada em que dorme, e assim estão todos juntos uns dos outros por ordem, e pelo meio da casa fica um caminho aberto pela se servirem. Não há como digo entre eles nenhum Rei, nem Justiça, somente em cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao qual obedecem por vontade e não por força; morrendo este principal fica seu filho no mesmo lugar; não serve doutra cousa se não de ir com eles à guerra, e aconselhá-los como se hão de haver na peleja, mas não castiga seus erros nem manda sobre eles cousa alguma contra sua vontade (…).

Estes índios são mui belicosos e têm sempre grandes guerras uns contra os outros (…).

3ª Etapa: Introdução do tema

Professor, antes de os alunos iniciarem a atividade interativa, sugerimos que faça com eles um levantamento prévio de como definiriam o Brasil. Sugira que reflitam sobre como eram as terras, hoje brasileiras, antes da chegada dos portugueses. Questione se os alunos acham que seria possível chamá-las de Brasil e peça que justifiquem. Além disso, procure perceber, a partir das falas dos estudantes, quais populações eles relacionam a essas terras – indígenas, europeus, africanos. Indique a existência de povos nas terras, hoje definidas como brasileiras, antes da chegada dos portugueses, e questione como é possível conhecer detalhes sobre a vida dessas populações, para, em seguida, apontar a necessidade da Arqueologia no conhecimento de seus modos de vida. Busque informações com os alunos sobre uma progressiva mudança dessas populações a partir da chegada dos portugueses.

 

4ª Etapa: Exploração da atividade interativa

Solicite que os alunos acessem a atividade interativa “Brasil antes do Brasil”, disponível no NET Educação (material de apoio), e, a partir daí, reflitam sobre quais eram as populações existentes na América do Sul antes da chegada dos portugueses, buscando relacioná-las com as duas teorias de povoamento da América. Mostre a impossibilidade de chamarmos o Brasil de Brasil antes do momento de nossa Independência política, ou, mais precisamente, antes de 1822.

Após o término da atividade, peça aos alunos que diferenciem, a partir de algumas características principais, ao menos dois dos povos de nossa Pré-história. Peça também que salientem como era o modo de vida dos índios tupi-guaranis antes do contato com os portugueses.

 

Materiais Relacionados

Para tomar contato com o tema, ou mesmo utilizar como recurso em sala de aula, sugerimos os conteúdos disponíveis nos seguintes links e livros abaixo:
Aspectos da pré-história brasileira:
http://www.brasilescola.com/historiag/prehistoria-brasileira.htm
Teoria de povoamento da América:
http://www.historiadomundo.com.br/artigos/povoacao-da-america.htm
Indígenas antes do descobrimento:
http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/indios-o-brasil-antes-do-descobrimento.jhtm

Acervos com objetos da pré-história brasileira
Museu de Arqueologia e Etnologia – USP – http://www.mae.usp.br/

Museu Arqueológico Sambaquí – museusambaqui.sc.gov.br

Povos da pré-história brasileira:
GUARINELLO, Norberto. Os primeiro habitantes do Brasil. Editoria Atual. São Paulo, 1994.
Contato entre índios e portugueses:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. Edusp. São Paulo, 1995.

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Arquivos anexados

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