Conteúdos

O álbum Elis e Tom, letra, música e contexto histórico

Objetivos

– Conhecer a cantora Elis Regina e o compositor Tom Jobim;
– Conhecer o álbum gravado por Elis e Tom em 1974;
– Conhecer o contexto histórico em que o álbum foi produzido;
– Reconhecer esse álbum como um marco para a música popular brasileira.

1ª Etapa: Elis - cantora e Tom – compositor

Inicie a aula apresentando o vídeo de Elis e Tom cantando “Águas de março” no Fantástico, de 20 de outubro de 1974 (link 3).

Em seguida, converse com os alunos sobre a apresentação desses dois artistas brasileiros: Elis – cantora e Tom – compositor. Explique a eles que esse encontro foi um sucesso na época e até hoje é reconhecido como um trabalho primoroso. Peça para que os alunos comentem qual conhecimento têm sobre esses artistas, anote na lousa o que forem apresentando para voltarem a essas anotações no final desta sequência.

2ª Etapa: Elis Regina – sua biografia, performance e discografia

Para estudar esse álbum será importante que os alunos trabalhem em pequenos grupos e organizem o seguinte trabalho:

Grupo 1: Elis Regina – sua biografia, performance e discografia 

Os alunos devem apresentar o percurso de Elis Regina – principalmente a trajetória: de 1960 a 1980 – apontando como a cantora esteve engajada na consolidação do projeto de consolidação da MPB.

Elis apareceu pela primeira vez ao grande público no I Festival de MPB da TV Excelsior, em 1965 quando ganhou o primeiro lugar com a música “Arrastão” (Edu Lobo/Vinícius de Moraes), com isso teve grande popularidade. É fundamental que os alunos mostrem, além das características de timbre de voz, ritmo, como Elis foi se modificando ao longo da carreira. Inicialmente criticada pelo exagero na  performance, foi instalando uma forma de ser única. Devem mostrar que Elis imprimiu a própria personalidade a todas as músicas que cantou.

Além disso Elis também tinha muita influência do rádio, de cantores como Cauby Peixoto e Angela Maria, ao longo de sua carreira teve também influência do jazz, samba em sua performance. Segundo LUNARDI (2011), a carreira de Elis pode ser dividida em:

A título de sistematização, a trajetória de Elis pode ser dividida em cinco fases: de 1961 a 1964, desde que gravou seu primeiro LP pelo Continental, ainda atuando como parte do elenco da Rádio Gaúcha de Porto Alegre, à sua mudança para o Rio de Janeiro, passando a trabalhar na TV e a fazer shows em bares/ boates como crooner de grupos musicais; de 1965 a 1968, consagrando-se como cantora de festivais, lutando contra os estrangeirismos em música popular, participando de “O Fino”, recebendo críticas e readequando seu repertório e performance ao discurso de modernidade musical e impulsionando uma carreira internacional; de 1969 a 1971, momento em que Elis, visivelmente, modernizou repertórios e performances flertando com o pop e com o soul e apresentou o programa “Som Livre Exportação”; de 1972 a 1976, quando passou a apresentar um discurso mais intelectualizado e engajado em suas aparições públicas, de acordo com os valores ideológicos da MPB do período, consagrando-se no espetáculo “Falso Brilhante”, que parecia conciliar a popularidade e o reconhecimento de qualidade por parte da crítica; finalmente, de 1977 a 1980, Elis viveria o auge de sua carreira, como artista engajada e respeitada nos meios intelectual e artístico, marcada pelas “canções da abertura”. Estas últimas quatro fases, em linhas gerais, correspondem aos três momentos históricos de afirmação da MPB, conforme tese de Marcos Napolitano: a institucionalização inicial, ainda na forma de um movimento musical e ideológico, de corte nacional-popular; a ampliação do seu sentido enquanto “gênero” musical eclético, reconhecido como expressão cultural e intelectual; e a afirmação no mercado fonográfico como síntese entre “qualidade e popularidade”.

Auxilie os alunos na organização dessa trajetória. Eles podem apresentar essa divisão numa linha do tempo, por exemplo. Devem colocar a indicação de alguns álbuns e espetáculos importantes para a carreira da cantora. Podem encontrar essas informações no dicionário de mpb, link disponível na Seção Saiba Mais.

Grupo 2: Elis e Música Popular Brasileira 

Este grupo deve pesquisar sobre a relação de Elis Regina e a consolidação MPB, verifique se os alunos reconhecem que Elis esteve engajada no movimento da formação da MPB, inserindo, por meio de sua performance, o que a música nacional deveria ter: crítica e denúncia social; fosse através das letras, fosse pela interpretação ou pela inserção do samba como algo tipicamente nacional. É importante mostrar que Elis impôs uma marca autoral em sua interpretação como cantora.

Este grupo deve mostrar como a carreira de Elis Regina esteve de certa forma associada ao surgimento da MPB, ao lado de grandes nomes como Chico Buarque de Holanda, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros.

Segundo LUNARDI (2011):

Os debates estético-ideológicos em torno da MPB, surgidos após o impacto renovador da Bossa Nova, foram marcados pela necessidade de artistas e intelectuais de esquerda em se comprometer com o social e com o político utilizando-se de várias linguagens artísticas – como a música, o teatro e o cinema – para fazer frente ao “Regime Militar” instalado no Brasil pelo “Golpe de 1964”. A nova música popular brasileira, nesse sentido, deveria afirmar-se pelo compromisso político e pela defesa dos interesses da nação-povo, transmitindo uma mensagem “conscientizante” ao público. Dessa mistura de Bossa Nova com a tradição da música popular de “raiz”, surgiu a Moderna Música Popular Brasileira (MMPB), também chamada de “música de festival”, da qual Elis Regina, ao lado de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros, foi um dos maiores expoentes.

Importante também que apresentem o papel dos festivais para a consolidação e ampliação da MPB.

Este grupo deve montar um painel com os principais festivais e os artistas que tiveram envolvidos para ser afixado na sala.

Grupo 3: Álbum Elis e Tom

Este grupo será responsável por apresentar como se deu a concepção e realização desse álbum e sua importância para a carreira de ambos.

Talvez os alunos estranhem tanta atenção à carreira de Elis, por isso é importante mostrar a eles que o projeto de gravação foi um presente da produtora pelos 10 anos de carreira da cantora, ela poderia escolher o compositor com que desejasse gravar. E o encontro Elis & Tom ocorreu em Los Angeles, no estudo da MGM, teve a produção do então marido da intérprete, César Camargo Mariano, e do próprio Tom Jobim.

Os encontros também eram parte do projeto de ampliação do conceito de MPB, que ocorreu entre 1972 e 1974, segundo NAPOLITANO (2008):

“Para a carreira de Elis, gravar com Tom Jobim, significava um tipo de reconhecimento perseguido desde a década anterior, consagrando-a como intérprete moderna e sofisticada de música brasileira. Para Tom Jobim, o LP com Elis ampliava o seu público potencial, incorporando-o definitivamente como um compositor ícone da MPB, superando as acusações de ‘entreguismo’ cultural e ‘alienação’ que tanto pesaram sobre o maestro no final dos anos 1960.” […]

O álbum demarcou a adaptação de Elis ao estilo Bossa Nova, o disco foi idealizado por André Midani, produtor da PHILIPS, atendendo ao propósito comercial de juntar “o maior compositor do Brasil em um dueto com a maior cantora do Brasil”, para trazer a Tom prestígio entre o público e para Elis reconhecimento na classe artística.

O álbum composto por quatorze faixas de repertório inteiramente do gênero Bossa Nova e com temáticas de amor, como “Corcovado” (Tom Jobim), “Fotografia” (Tom Jobim) e “Inútil paisagem”(Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), com arranjos de Cesar Camargo e do próprio Tom Jobim. Todas as músicas, exceto “Águas de março” e “Soneto de separação”, foram interpretadas exclusivamente por Elis, todo o processo foi registrado em vídeo, indicado na Seção Saiba Mais. O disco apresentou uma Elis mais intimista, esse encontro teve a havia um tom de saudade de ambos, uma relação que estava sendo esperada por ambos.

Este grupo deve selecionar alguns trechos do vídeo de gravação do LP para discutir com os colegas o ambiente intimista e descontraído que o álbum teve. Podem ser escolhidos os momentos em que Elis e Tom conversam sobre o “tom” de determinadas músicas e Elis vai colocando sua marca às letras do compositor.

Grupo 4: As músicas do álbum

Este grupo ficará encarregado de apresentar as músicas do álbum para discutir com os colegas as mudanças na performance de Elis e a qualidade de arranjos trazidas pelos produtores Tom e Cesar Mariano.

Como material de pesquisa, os alunos devem utilizar a crítica publicada no jornal Folha de S. Paulo,  “Elis e Tom, num disco muito especial” – o link está disponível na Seção Saiba mais – na qual o jornal antecipa aos leitores o disco que ainda não havia chegado ao Brasil. Importante notar que a matéria traz um comentário sobre o arranjo e a performance de todas as músicas do álbum.

Seria importante que comparassem a versão “Águas de março” apresentada na 1ª etapa desta sequência com a de Elis sozinha, numa entrevista sobre Tom Jobim para a TV Cultura, o link está disponível na Seção Saiba Mais. Eles devem apresentar as duas versões, pedir os comentários dos colegas e, depois, mostrar a crítica da Folha de S. Paulo. Isso pode ser feito também com “Soneto de Separação”.

É importante que os alunos ouçam o álbum todo para que possam reconhecer o arranjo e a performance desses músicos.

3ª Etapa: Apresentações das pesquisas e avaliação

Os grupos devem se apresentar seguindo a ordem dos grupos, sendo o último grupo, o que fez o estudo das músicas.

Para garantir que todos tenham os registros desta sequência, é importante que os grupos produzam um material para ser entregue aos colegas, pode ser uma síntese escrita ou mesmo um esquema com as informações. Se for possível, produzir slides com as apresentações.

Os alunos precisam, ao final dos trabalhos, reconhecer Elis Regina como cantora que imprimiu um tom autoral nas músicas que interpretou, o que a colocou como protagonista de consolidação da MPB. Além disso, eles devem entender que o encontro de grandes nomes da MPB fazia parte desse projeto na música brasileira e, neste caso específico, visava à aproximação de dois ícones da música – ele como compositor, ela como cantora. O lançamento desse LP foi visto por alguns críticos como divisor de águas para a carreira de Elis e trouxe para Tom a popularidade nacional desejada.

Materiais Relacionados

1 – Para conhecer vida e discografia de Elis Regina e Tom Jobim;
2 – Para assistir à entrevista em que Elis fala sobre Tom na TV Cultura;
3 – Para assistir ao vídeo “Águas de março”, interpretada por Tom e Elis no Fantástico;
4 – Para assistir ao vídeo da gravação do álbum Elis e Tom L&A de 1974;
5 – Para ler a dissertação de mestrado “Em busca do “Falso Brilhante”. Performance e projeto autoral na trajetória de Elis Regina (Brasil, 1965-1976);
6 – Para ler a dissertação de mestrado “Elis de todos os palcos”;
7 – ECHEVERRI, Regina. Furacão Elis. São Paulo, Leya, 1985.
8 – Para trabalhar com grupos: LOTAN, Rachel; COHEN, Elizabeth G. Planejando o trabalho em grupo. 3.ed., Porto Alegre, Ed. Penso, 2017.

Arquivos anexados

  1. Plano de Aula Elis e Tom – Literatura
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