Conteúdos
– História geral
– História de Portugal
– Ditadura salazarista
– Mobilização militar
– Mobilização social
– Reflexos nas lutas anticoloniais africanas
Objetivos
Compreender o processo revolucionário que derruba a ditadura de Salazar em Portugal, no ano de 1975, e seus desdobramentos para o país.
1ª Etapa: Contexto
Professor (a), essa etapa se destina à introdução do assunto com os alunos, analisando seus conhecimentos prévios sobre o tema e contextualizando o conteúdo a ser desenvolvido durante a aula.
Para isso, iremos usar a letra de duas músicas: “Tanto Mar”, do compositor Chico Buarque de Hollanda e “Grândola Vila Morena”, de José Afonso.
Distribua as letras das músicas para os alunos, que devem estar separados em grupos de até 4 membros.
Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
Tanto Mar – Chico Buarque.
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Grândola Vila Morena – José Afonso
– Auxilie os alunos na análise das letras das músicas, indicando que a primeira, “Tanto Mar”, de Chico Buarque, é uma canção brasileira, feita para comemorar a Revolução dos Cravos, a partir da visão por fora do acontecimento. Já a segunda, foi a música eleita como hino do processo revolucionário português, ou seja, mostra uma narrativa interna do acontecimento.
– Professor (a), se for possível, também execute as duas canções para os alunos, antes da análise da letra.
O objetivo com a análise das letras é que os alunos tenham um contato inicial com o que foi a Revolução dos Cravos e do alcance popular que o movimento teve na época, que reverbera até hoje em Portugal e em outros países.
2ª Etapa: Desenvolvimento do tema
Professor (a), nessa etapa você irá aprofundar o tema da aula com os alunos. Para isso, faça uma breve explanação do que foi a Revolução dos Cravos. Distribua para os grupos o texto que resume o movimento revolucionário e peça que façam a leitura dos documentos.
“A Guerra colonial foi o início de tudo. Sem ela não teria havido nenhuma revolução portuguesa. Ao menos não na forma em que ela ocorreu. O epicentro do abalo não era a metrópole, mas a África. A revolta dos povos colonizados por Portugal obrigou o país a desviar recursos pesados do orçamento para manter o esforço de guerra. Aumentavam a emigração (traço secular), a deserção, o descontentamento entre civis e militares […].” (SECCO, 2005, p. 12)
“A 25 de abril de 1974 um golpe de Estado levado a cabo pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) põe fim a 48 anos de ditadura do Estado Novo e inicia o período que ficaria conhecido como Revolução dos Cravos. O MFA granjeia de imediato apoio popular e mais tarde um crescente prestígio político que o levará a ocupar um lugar de destaque na estabilização do Estado e na consolidação do regime democrático.” (VARELA, Raquel. “Um, dois, três MFA…”: o Movimento das Forças Armadas na Revolução dos Cravos – do prestígio à crise. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.32, nº63 p. 403-425. 2012)
Professor (a), é importante que os alunos tenham protagonismo na análise dos documentos para conhecimento do assunto tratado em aula, entretanto, durante todo o processo, auxilie-os no trabalho com questionamentos que direcionem a leitura e ajudem na compreensão do evento histórico.
Resumo sobre a Revolução dos Cravos
A Revolução dos Cravos foi um movimento que iniciou em 25 de Abril de 1974, com uma insubordinação e revolta das bases militares do exército português, que ganha amplo apoio dos setores populares, resultando no fim da ditadura salazarista; e marca a transição para o regime democrático de inspiração socialista.
Antes da Revolução dos Cravos, Portugal era comandado por uma ditadura militar desde o golpe de 1926, com um governo fascista encabeçado por Antônio de Oliveira Salazar, desde 1932. Paralela à insatisfação popular com o governo de extrema direita, havia um imenso rechaço da população e dos militares com as guerras que o país travava no continente africano, na tentativa de conter os movimentos anticoloniais que eclodiram desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Angola, Guiné Bissau, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste haviam iniciado revoltas para conseguir sua independência de Portugal, que, por sua vez, reprimia esses movimentos na tentativa de manter suas colônias. A vitória da democracia em Portugal é uma importante alavanca para o avanço das lutas anticoloniais africanas, com Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Cabo Verde obtendo sua independência nesse meio tempo.
O nome Revolução dos Cravos faz menção às flores de cravo, símbolo nacional, que a população distribuiu aos soldados revoltosos em agradecimento e comemoração à vitória do movimento revolucionário. O governo passa então a ser comandado pelo MFA – Movimento das Forças Armadas, fortemente influenciado pelo Partido Comunista. Como parte das ações, o novo governo estatiza bancos, indústrias e promove a reforma agrária. Em 1976 é promulgada a nova constituição portuguesa, que torna irreversível as nacionalizações e a reforma agrária no país.
3ª Etapa: Atividade
Professor (a), nessa etapa os alunos devem realizar uma atividade que sintetize os conhecimentos adquiridos durante a aula.
Para isso, baseados nos textos que foram lidos e analisados durante a aula, os grupos irão escrever um texto de no máximo 10 linhas, sintetizando o que foi a Revolução dos Cravos e suas consequências para a história política portuguesa.
Materiais Relacionados
– Professor (a), para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, sugerimos que assista ao documentário “As Armas e o Povo”, do Coletivo de Trabalhadores da Atividade Cinematográfica. Acesso em: 29/05/2019.
Referências bibliográficas:
“As Armas e o Povo”, do Coletivo de Trabalhadores da Atividade Cinematográfica.
BUARQUE, Chico. Tanto mar. Chico Buarque e Maria Bethânia ao vivo. Rio de Janeiro, 1975.
AFONSO, José. Grândola Vila Morena. Lisboa, 1987.
VARELA, Raquel. “Um, dois, três MFA…”: o Movimento das Forças Armadas na Revolução dos Cravos – do prestígio à crise. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.32, nº63 p. 403-425. 2012.
SECCO, Lincon. Trinta Anos da Revolução dos Cravos. Revista Adusp. São Paulo, outubro de 2004.