Conteúdos
Este roteiro de estudos trata da crase e de suas regras de uso, com uma abordagem adequada aos alunos dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio. Os exercícios trazidos são instrumentos utilizados para auxiliar na fixação do conteúdo.
● O que é crase?
● Crase obrigatória;
● Crase proibida;
● Crase facultativa; e
● Exercícios de fixação.
Objetivos
● Conhecer as regras de uso da crase; e
● Compreender como aplicar os conhecimentos sobre crase na elaboração de textos.
Estude também:
Estudar em casa: modos e tempos verbais
Estudar em casa: a adequação ao tema na redação do Enem
Palavras-Chave:
Língua Portuguesa. Gramática. Crase.
Proposta de Trabalho:
Iniciaremos este roteiro de estudos compreendendo o que é crase. Na sequência, trataremos das regras de uso da crase e, para finalizar, veremos alguns exercícios de fixação sobre o tema.
1ª Etapa: O que é crase?
A crase representa a fusão da vogal “a” (preposição) com a vogal “a” (artigo).
Ou seja:
a (preposição) + a (artigo) = à
2ª Etapa: Crase obrigatória
Em regra, ocorre crase quando o termo anterior exige preposição e o teste posterior é do gênero feminino.
Dica importante: para ter certeza de que o uso de crase é adequado, experimente trocar a palavra feminina por uma masculina. Se ela for antecedida de “ao” (junção da preposição “a” com o artigo “o”), então no caso da palavra feminina ocorrerá crase!
Exemplo:
Irei ao mercado.
Portanto:
Irei à padaria.
a) Crase na indicação de horas
Ocorre crase antes do numeral cardinal que indica as horas.
Exemplo:
Eu saio do trabalho às 17 horas.
No entanto, quando a indicação de horas está acompanhada de preposição (desde, após, para etc), não ocorre crase.
Exemplos:
Estou na escola desde as 8 horas.
O jantar está marcado para as 19 horas.
b) Crase nas locuções femininas
Ocorre crase nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas femininas.
Exemplos:
À noite.
Às pressas.
À esquerda.
À espera.
Às vezes.
À procura.
À medida que.
À espera de.
c) Crase nos pronomes demonstrativos
Ocorre crase nos pronomes demonstrativos “aquilo”, “aquela” e “aquele”, sempre que o termo anterior exigir preposição.
Exemplo:
O que tenho a dizer refere-se àquilo que aconteceu na reunião.
d) Crase nos pronomes relativos
Ocorre crase nos pronomes relativos “a qual” e “as quais”, sempre que o termo anterior exigir a preposição “a”.
Exemplo:
As mulheres às quais eu me referi são aquelas com vestidos verdes.
e) Crase antes das locuçòes “à moda de” e “à maneira de”, quando elas estiverem subentendidas
Ocorre crase nos casos em que as locuções “à moda de” e “à maneira de”estão subentendidas.
Exemplos:
Bife à milanesa (é o bife à moda de Milão).
Poesia à Fernando Pessoa (é a poesia à maneira de Fernando Pessoa).
f) Crase depois dos verbos de destino
Ocorre crase depois dos verbos que indicam destino, sempre que o substantivo que designa o destino for feminino.
Vejamos uma dica que poderá ajudar muito da identificação dos casos em que ocorre crase:
g) Crase como acento diferencial
A expressão “à vista” admite crase, uma vez que a ausência do acento muda o seu sentido.
Exemplo:
Eu só vendo à vista. (nesta frase, tem-se o sentido de forma de pagamento)
Estou aqui vendo a vista. (aqui, o sentido é de paisagem)
3ª Etapa: Crase proibida
Não ocorre crase:
● antes de palavras do gênero masculino;
● antes de verbos;
● em expressões formadas por palavras repetidas (por exemplo, “cara a cara” e “lado a lado”;
● antes de pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, nós, vós, eles) e do caso oblíquo (me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, o, lhe);
● antes dos pronomes demonstrativos “isso”, “esse”, “este”, “esta” e “essa”;
● quando nos referimos a dias da semana (por exemplo: de segunda a sexta-feira);
● antes de expressões que indiquem tempo futuro ou distância (por exemplo, “daqui a pouco”); e
● antes de pronomes de tratamento (por exemplo: a você). Atenção, cabe aqui uma exceção, já que os pronomes de tratamento “senhora”, “senhorita” e “dona” admitem crase!
4ª Etapa: Crase facultativa
Temos o uso facultativo da crase em três situações:
a) antes de pronomes possessivos femininos
Exemplo:
Enviou uma carta à sua amiga.
ou
Enviou uma carta a sua amiga.
b) antes de nomes próprios femininos
Exemplo:
Fale isso a Maria Eduarda.
ou
Fale isso à Maria Eduarda.
c) depois da preposição “até”
Exemplo:
Fui até a igreja.
ou
Fui até à igreja.
5ª Etapa: Exercícios de fixação
Seguem abaixo alguns exemplos de como o tema usualmente aparece nas provas de vestibulares. O gabarito está depois das questões.
1) (UNICENTRO – 2017)
O animal satisfeito dorme,
Mário Sérgio Cortella
O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.
A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece. Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a ideia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas.
Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?
Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.
Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar, EMAGRECER etc.) ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio.
Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar.
Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando…
Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente.
Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não convém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”…
Excerto do livro “Não nascemos prontos! – provocações filosóficas”. De Mário Sérgio Cortella.
Disponível em: Conti Outra
Assinale a única alternativa em que o acento indicativo de crase deve ser obrigatório. Atenção: os acentos foram omitidos propositadamente.
a) Todos eles receberam cartas escritas a mão.
b) Eles visitaram a casa dos pais no feriado.
c) Sempre retorno a casa depois de uma boa pedalada.
d) Joaquim foi a uma festa com uma fantasia a Elvis Presley.
e) Vilão e herói ficaram cara a cara para o duelo.
Disponível em: Q Concursos
2) (IF Sul Rio-Grandense – 2016) Na frase: “Paralela ___ sua vontade de crescer, havia ___ ideia de não mudar nada: viver em algum lugar entre ___ plenitude adulta e ___ infância”. Em qual das alternativas abaixo se encontram as palavras que completam corretamente as lacunas, na ordem em que aparecem?
a) a – a – a – a
b) à – à – a – a
c) a – a – à – a
d) à – a – a – à
e) a – a – à – à
Disponível em: Q Concursos
3) (FGV) Assinale a alternativa em que está correto o uso do acento indicativo de crase:
a) O autor se comparou à alguém que tem boa memória.
b) Ele se referiu às pessoas de boa memória.
c) As pessoas aludem à uma causa específica.
d) Ele passou a ser entendido à partir de suas reflexões sobre a memória.
e) Os livros foram entregues à ele.
Disponível em: Toda Matéria
4) (FEI) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas das seguintes orações:
I. Precisa falar ___ cerca de três mil operários.
II. Daqui ___ alguns anos tudo estará mudado.
III. ___ dias está desaparecido.
IV. Vindos de locais distantes, todos chegaram ___ tempo ___ reunião.
a) a – a – há – a – à
b) à – a – a – há – a
c) a – à – a – a – há
d) há – a – à – a – a
e) a – há – a – à – a.
Disponível em: Toda Matéria
5) (UFABC) Nas alternativas que seguem, há três frases que podem estar corretas ou não. Leia-as atentamente e marque a resposta certa:
I. O seu egoísmo só era comparável à sua feiura.
II. Não pôde entregar-se às suas ilusões.
III. Quem se vir em apuros, deve recorrer à justiça.
a) Apenas a frase II está correta.
b) Apenas as frases I e II estão corretas.
c) As três frases estão corretas.
d) Apenas a frase I está correta.
e) Apenas as frases II e III estão corretas.
Disponível em Toda Matéria
Gabarito
1) d) Joaquim foi a uma festa com uma fantasia a Elvis Presley.
2) a) a – a – a – a
3) b) Ele se referiu às pessoas de boa memória.
4) a) a – a – há – a – à
5) c) As três frases estão corretas.
Roteiro de Estudos elaborado pela professora Daniela Leite Nunes
Coordenação Pedagógica: professora Dr.ª Aline Bitencourt Monge
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