“A literatura brasileira vem de um histórico de representação negativo das pessoas negras”, afirma o formador de professores e mestrando em literatura comparada pela Universidade de São Paulo (USP), Esdras Soares. Segundo ele, essa situação só começou a mudar quando os negros começam a produzir suas próprias narrativas. “Quando eles começam a escrever seus próprios livros, a gente percebe uma mudança radical na representação dos personagens negros”, avalia. Por isso, a importância em se falar em literatura negra ou afro-brasileira.

Para embasar essa visão, Soares cita a produção teórica e literária do professor do curso de letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eduardo de Assis Duarte, e do escritor e doutor em literatura brasileira um dos criadores dos Cadernos Negros – uma antologia de textos produzidos por autores afro-brasileiros – Luiz Silva, conhecido como Cuti. “Ela [a literatura afro-brasileira] está ao mesmo tempo dentro e fora da literatura brasileira. Dentro na medida em que ela é um segmento da literatura brasileira. E fora porque está comprometida com essa visão de mundo não racista e de enfrentamento ao racismo”, completa.

Na entrevista, o pesquisador defende a validade do uso do termo, analisa os traços que distinguem a produção dos autores negros e fala sobre como ela pode ser um dos vetores para a aplicação mais efetiva da lei 11.645, que estabelece a obrigatoriedade do ensino das culturas africanas e indígenas nas escolas.

Veja também:
Após 15 anos, lei sobre ensino de cultura afro-brasileira tem aplicação tímida nas escolas

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