Cultura surda é um termo usado para descrever e representar a experiência de vida de sujeitos que se reconhecem como surdos. Segundo a professora Ana Claudia dos Santos Camargo, pessoas surdas têm experiências visuais no mundo que interferem na forma como elas se relacionam com os outros. Ela trabalha na divisão de educação especial da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo (SP), sendo responsável pela frente bilíngue que atua com estudantes surdos. Nesta entrevista Camargo contou ao Instituto Claro quais são os principais desafios que envolvem a educação para pessoas surdas.
Bilinguismo
Segundo Camargo, a grande barreira ainda é a comunicação, por isso os estudos linguísticos apontam para o contexto do bilinguismo. Ele apresenta a língua brasileira de sinais (Libras) como primeira língua e o português escrito como segunda língua.
“Identificar a primeira e a segunda língua não significa que as línguas não tenham a mesma importância. Quando a gente está falando de um cultura bilíngue, ela tem que ter acesso às duas línguas. A língua de sinais é respeitada na sua estrutura e a língua portuguesa é respeitada na sua estrutura”, afirma.
A especialista lembra que a situação da educação no Brasil está mais acessível para os surdos. Desde quando foi reconhecida por lei como a língua oficial das comunidades surdas, a Libras vem conquistando espaços nas escolas. Em 2021, por exemplo, a Educação Bilíngue de Surdos foi incluída na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) como uma modalidade de ensino independente — antes fazia parte da educação especial.