Um foca no resultado, já o outro, na convivência social. Vitor Barau, , membro da coordenação da ONG Atletas pela Cidadania, conversou com o NET Educação para explicar a diferença entre o esporte de competição e o de socialização, e a importância do Esporte de Competição para a sociedade. Confira abaixo!
NET Educação – Quais as diferenças entre esportes de competição e esporte de socialização?
Vitor Barau – A primeira questão está no nome, a não competição. Quando falamos de esporte de competição, falamos de esporte para formar atleta, com o princípio da competição, focando no resultado. Já o esporte de socialização, aqueles praticados na escola, se baseia no empoderamento da pessoa, fortalecimento da autoestima, cuidados com a saúde, o trabalho em equipe, e a convivência social.
NET Educação – Você acha que o esporte de competição também pode se tornar um processo de sociabilização?
Vitor Barau – Pode, mas não é o principal modo de socializar por meio do esporte, pois a competição tem regras, focos e metas.
Mas uma competição ética, onde visamos o trabalho em grupo e a competição além do prêmio, é uma forma de socialização.
NET Educação – É possível integrá-lo ao esporte dado em sala de aula, visando o incentivo da prática também fora da escola?
Vitor Barau – É possível, mas o papel da escola não é formar atletas, mas formar cidadãos para saber conviver em sociedade.
Para formar atletas é necessário tomar alguns cuidados para não tornar a prática excludente, buscando apenas os melhores de cada modalidade.
O que a escola pode fazer é estimular a participação dos alunos em esportes de competição e, caso identifique algum talento, indicar para uma federação esportiva relacionada ao tipo de esporte da pessoa em destaque.
NET Educação – Como você vê o incentivo do esporte de competição no Brasil?
Vitor Barau – Temos uma política equivocada, que privilegia poucos. Se você buscar só talento, você não desenvolve a base. E o que é a base? A Sociedade!
Esporte é uma atividade física com regras, se não há um movimento para estimular a prática, por meio de campanhas e integração com políticas públicas, não conseguimos atingir a todos.
Com isso, o esporte acaba não tendo tanto valor na sociedade e vira uma opção apenas de lazer.
O único esporte que todos veem como profissão hoje em dia é o futebol, que traz a ilusão do financeiro, por conta de jogadores como Neymar, que com pouca idade já ostenta uma fortuna.
Claro que temos muitos talentos no futebol, por isso até há diversas escolas de futebol pelo Brasil, mas temos que estimular as demais práticas.
O esporte combate a obesidade, melhora a autoestima e ainda, indiretamente, impacta na diminuição da taxa de violência.
Agora na Olimpíada de Londres, todo mundo cobrando resultados dos atletas. Mas como ter resultado se eu não tenho uma sociedade que pratica esporte?
O incentivo ao esporte deve partir do Estado para a Sociedade, como parte da essência, o que pode gerar bons resultados.
Nos EUA todo mundo pratica esporte depois da escola, depois da educação física. Até pela logica americana do capitalismo, todos tem na essência ser vencedores.
NET Educação – Como é o trabalho da ONG Atletas pela Cidadania?
Vitor Barau – Buscamos desenvolver a cultura esportiva no Brasil, visando à democratização, para que todos pratiquem modalidades.
Estamos falando de planejamento para a Copa do Mundo, em 2014, e para Olimpíadas, em 2016, mas não há planejamento relacionado ao esporte. Só se fala de estrutura, do investimento econômico, e não falam do esporte, o esporte não está sendo pensado. Isso deve ser reconhecido como legado.
A ONG Atletas pela Cidadania reúne atletas e ex-atletas de diferentes gerações e modalidades esportivas para chamar a atenção, sensibilizar, conscientizar e mobilizar a sociedade no apoio a causas importantes para o Brasil.
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