Em três anos, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) – plataforma digital criada em 2010 para preencher vagas em instituições públicas de ensino superior – já tem adesão de 80% das 59 universidades federais do País. Em quase metade delas, 100% das vagas para novos calouros estão sendo preenchidas pelo Sisu. Só no 1º semestre, 1,9 milhão de estudantes se inscreveram. Foram oferecidas aproximadamente 100 mil vagas nas federais. A próxima oferta de vagas está prevista para junho.
Criado pelo Ministério da Educação (MEC), o Sisu usa como critério de seleção o desempenho do estudante na prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). No início de cada semestre, o site do “vestibular nacional” pode ser consultado pelo estudante interessado em mais de 3 mil cursos. A candidatura é feita de forma online em duas opções de curso em qualquer instituição.
Segundo dados do MEC, a adesão está mais concentrada nas federais da Região Sudeste: mais de 84% de participação. As três universidades localizadas no Estado de São Paulo – Unifesp, Federal do ABC e São Carlos – participam do Sisu.
A Universidade de Brasília, a de Minas e a do Triângulo Mineiro estão entre as instituições que aderiram recentemente à plataforma. Elas pretendem oferecer quase 10 mil vagas no vestibular do ano que vem. A Federal do Espírito Santo vai ofertar pelo Sisu todas as vagas de câmpus do interior já partir do próximo semestre.
Se o ingresso de novos estudantes em instituições tradicionais como a Federal do Rio de Janeiro e a do Ceará já é feito integralmente pelo Sisu – usando apenas a nota do Enem -, outras unidades tradicionais como a do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Bahia (UFBA) ainda resistem em entrar no sistema de seleção nacional. “A rejeição na comunidade acadêmica existe, mas ela é muito menor que há três anos. Esperamos ter uma posição mais definida até junho”, afirma Ricardo Miranda, pró-reitor de graduação da UFBA.
O Estado apurou que algumas instituições que ainda não aderiram à plataforma – 12 ao todo – estão preocupadas com o aumento do ingresso de estudantes de outros Estados. Elas alegam que seria preciso mais verba para assistência e moradia estudantil como contrapartida à participação no Sisu.
Especialistas discutem como melhorar sistema
Apesar da mobilidade dos estudantes brasileiros e da facilidade de ingresso nas universidades federais, não faltam críticas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) criado pelo Ministério da Educação em 2010.
Para o presidente de honra do Instituto Henfil, Mateus Prado, especialista no Sisu, “muitas” das vagas não são preenchidas. “Deve ser aprimorada a forma como se dão as convocatórias. Tem vaga que está disponível na 15.ª chamada”, diz.
De acordo com Gustavo Balduíno, secretário executivo da Andifes, que representa as federais, “certamente” é possível melhorar o Sisu. “Daqui a dois meses, pretendemos conhecer melhor os impactos desse modelo em comparação com o tradicional”, diz Balduíno.
Para o professor da Faculdade de Educação da UFRJ, Marcio da Costa, com a adesão cada vez maior ao Sisu, novas demandas foram criadas. “A evolução da ferramenta vai exigir mais assistência e moradia estudantil.”
O estudante mineiro Gustavo Amorim, de 20 anos, por exemplo, resolveu partir do Sudeste para estudar Medicina em Alagoas por conta própria. Há um ano lá, ele diz que a decisão final da mudança só ocorreu pela facilidade que teve em perceber onde era possível conquistar a vaga. “Eu mesmo não me deslocaria para Alagoas apenas para fazer a prova. Agora, com o Sisu, só é preciso nota, disposição e meios para a mudança”, afirma o estudante.
Balanço do Enem
A edição 2013 do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) já recebeu mais de 2,3 milhões de inscrições. O prazo vai até 27 de maio. A inscrição pode ser feita pelo site http://enem.inep.gov.br, após pagamento de uma taxa de R$ 35 até 29 de maio.
3 perguntas para: Aloizio Mercadante, ministro da Educação
1. Qual o porcentual de vagas que não são preenchidas no Sisu?
Os mecanismos vêm sendo aprimorados. Com duas chamadas mais a lista de espera, praticamente 100% das vagas são preenchidas.
2. O MEC vai ampliar as bolsas de assistência?
O foco do programa de Bolsa Permanência está nos cotistas, com renda familiar de até 1,5 salário mínimo por pessoa. Isso não impede que as universidades que têm programas próprios incluam alunos de outros Estados. Em 5 anos, já foi investido mais de R$ 1 bilhão. Em 2013, a previsão é de R$ 603 milhões.
3. O MEC quer universidades estaduais no Sisu?
A adesão é voluntária. Tem crescido tanto no número de federais quanto no de estaduais. Em 2010, houve uma adesão; neste ano, 17.