Para ingressar no tema proposto, Cortella inicialmente mencionou Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro, relembrando conquistas realizadas por ele: até sua morte, em maio de 1997, foram acumulados 36 títulos de doutorado em universidades estrangeiras, o que fez do educador a personalidade mais honrada 15 anos após seu falecimento. A menção foi porta de entrada para que o também filósofo e professor titular da PUC-SP falasse sobre as virtudes necessárias para se promover inovação. Cortella elencou em primeiro lugar a esperança, “do verbo esperançar”, como fez questão de reforçar. “Trata-se de uma questão central se a ideia é modificar o mundo”, afirmou.

De acordo com Cortella, além de possuir esperança, Paulo Freire era uma pessoa humilde, segunda característica importante para o campo das mudanças. “Um dos pontos fundamentais para aceitarmos a modificação das coisas é assumirmos que não sabemos de tudo”, pontuou o palestrante. Ainda de acordo com Cortella, no caso dos educadores, só é bom ‘ensinante’ quem é bom ‘aprendente’, ao que completou: “Tolice é fazer as coisas sempre do mesmo jeito e esperar resultados diferentes”, enfatizou o profissional.
 
No entanto, a inovação nem sempre anda ao lado do ineditismo. “Mais do que criar o inédito, inovar é dar vitalidade ao antigo”, afirma o educador. “Nem sempre o que está no passado deve permanecer nele e, para isso, é fundamental que se entenda a diferença entre tradicional e arcaico; tradicional é tudo aquilo que não perdeu a vitalidade e que, portanto, deve ser levado adiante; arcaico remete a velho, antiquado, e deve ser descartado do movimento das inovações”, esclareceu o palestrante.
Cortella também pontuou a dificuldade das chamadas ‘cabeças pedagógicas conformadas’, ou ‘professores velhos’, que longe de uma questão etária, diz respeito aos docentes que se julgam prontos no tocante ao conhecimento. Nesse caso, tem-se a perpetuação de um modelo de atuação repetitivo e desgastado.
 
Em relação às tecnologias e ao uso pedagógico que se tem delas, Cortella foi taxativo: “não é a tecnologia que moderniza uma mentalidade. É que uma mentalidade moderna não recusa a tecnologia quando precisa dela”. E finalizou: “e embora mudar seja complicado, acomodar é perecer”.

Foto: Andreia Naomi

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Notícias

Veja 4 livros para trabalhar a cultura popular e o folclore

Conteúdos estão previstos nas áreas de artes, linguagens e ciências humanas e sociais aplicadas

há 6 dias
Notícias

Confira 5 livros para conhecer as máscaras teatrais

Além das aulas de artes, objetos podem ser trabalhados em biologia, geografia, literatura e matemática

há 3 semanas
Notícias

Ouça 4 podcasts que exploram as Grandes Navegações

Programas explicam o período da expansão marítima e por que Portugal foi pioneiro na travessia dos mares

há 1 mês
Notícias

Conheça 6 livros para explorar a arte indígena com os alunos

Obras abordam adornos plumários, pintura corporal e grafismos em cerâmica, pedra e papel

há 2 meses

Receba NossasNovidades

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.