A inovação do ensino é possível por meio da Educação 3.0, acredita o professor do Departamento de Liderança Organizacional, Política e Desenvolvimento e os Estudos de Inovação, John Moravec. Em entrevista exclusiva ao NET Educação, ele aborda a definição e os benefícios do ensino.
Também mestre em Estudos Liberais, na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e co-fundador do Fórum Horizon, uma mesa redonda sobre o futuro da educação em todos os níveis, Moravec afirmou que não existe um modelo pronto de Educação 3.0 que sirva para todos os países. “É preciso trabalhar com cada aluno, pais e comunidades, e desenvolver o que é mais significativo para eles. Não acho que deveríamos nos basear nos exemplos dos outros para alcançarmos as próprias soluções”, ressaltou. Veja mais abaixo.
NET Educação – Qual é a definição de Educação 3.0?
John Moravec – É o paradigma da educação associado com a sociedade 3.0. Vou explicar. A sociedade 1.0 foi a passagem da sociedade agrícola para a industrial, entre os séculos 18 e 20. A 2.0 é associada com a emergência da sociedade do conhecimento, que começou no século 20, ligada à criação e ao compartilhamento de conhecimento em sistemas mais complexos.
Já a sociedade 3.0 está prevista para um futuro próximo. Ela é impulsionada pela aceleração das mudanças tecnológicas e sociais, e caracterizada pela presença da globalização, horizontalização do conhecimento e relacionamentos, e uma sociedade orientada pela inovação dos cidadãos 3.0.
NET Educação – A Educação 3.0 ajuda a preparar melhor os alunos para desafios futuros? Como?
John Moravec – A Educação 3.0 é focada em um nível individual de produção de conhecimento e nos benefícios que a aplicação disso pode trazer (inovação). Então, essencialmente, os alunos no paradigma 3.0 estão ativamente engajados na construção de seu futuro.
NET Educação – O quanto o Brasil está longe disso?
John Moravec – O Brasil está muito longe. Mas, não se sintam mal com isso, porque todos os países do mundo ainda estão.
NET Educação – O índice de evasão no ensino médio é alto no Brasil. O número de garotos de 15 a 17 anos que deixaram a escola atingiu 16,3% em 2011, segundo pesquisa. A Educação 3.0 poderia resolver isso?
John Moravec – Sim. Se o ensino é pessoalmente significativo, então a motivação para aprender e desenvolver emerge de dentro dos estudantes, e sobram poucos motivos para evasão. O problema é que geralmente não são respeitados seus desejos e necessidades pessoais e, como resultado, os alunos deixam a escola.
NET Educação – Poderia dar um exemplo prático do aprendizado colaborativo e personalizado que funciona muito bem?
John Moravec – Nas escolas de nível primário e secundário, acredito que o modelo da Sudbury é a mais promissora. No ensino superior e de base comunitária, eu posso citar a KaosPilots (Dinamarca), Knowmads Business School (Holanda), Shibuya University Network (Japão), o Bank of Common Knowledge (Espanha), e Hyper Island (Suécia), entre outros. Mas, eu não vou defender nenhum modelo como único. É preciso trabalhar com cada aluno, pais e comunidades, e desenvolver o que é mais significativo para eles.
NET Educação – Em que ponto da transição de uma educação 2.0 para 3.0 está os Estados Unidos?
John Moravec – Estamos indo em direção a sociedade 3.0, mas as nossas escolas ainda estão em grande parte situadas no paradigma 1.0. Este é um problema global, e eu não acho que deveríamos nos basear nos exemplos dos outros para alcançarmos as próprias soluções. É como tentar encontrar o garoto mais bonito em uma família feia. Em vez de procurar orientação nos outros países, precisamos reinventar a educação agora, nós mesmos.