Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins (EUA) revelou que uma proporção significativa de crianças com TDAH (84%) apresentam déficit das Funções Executivas, comumente relacionadas ao baixo rendimento escolar e dificuldades de relacionamento. O estudo foi apresentado pela Shire Farmacêutica no último Congresso Brasileiro de Neurologia Infantil, realizado em São Paulo.
Segundo Guilherme Polanczyk, psiquiatra do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, as funções executivas se referem a um grupo de mecanismos mentais superiores necessários para organizar e planejar uma ação, encontrar vias alternativas para atingir um objetivo, inibir uma resposta predominante, concentrar-se ou prestar atenção. "Nessas situações, agir de forma automática ou confiar no instinto ou na intuição seria imprudente, insuficiente ou impossível", afirma o médico.
Ele explica que déficits nas funções executivas são frequentes em indivíduos com TDAH e estão associados a falhas no desempenho acadêmico, comprometimento de relações sociais e interpessoais e prejuízo do funcionamento global. "Contudo, déficit em funções executivas não é específico do TDAH e não está presente em todos os indivíduos afetados pelo transtorno", ressalta ele.
Sobre o TDAH
Estudos estimam que o transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) atinja entre 5 a 7% das crianças em todo o mundo. No Brasil, este percentual pode ser estimado, de acordo com dados do IBGE de 2010, em 1,4 milhões de crianças diagnosticada com TDAH. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o TDAH como um transtorno mental comum em crianças e altamente tratável, e relaciona o transtorno a consequências de longo prazo que incluem dificuldades ocupacionais, doenças psiquiátricas comórbidas e uso abusivo de substâncias.