Espaços dedicados à leitura são o diferencial nas escolas
Projetos de “salas de leitura” trazem novo olhar sobre a prática
AutorCarolina Pires
CategoriasNotícias
Publicado em16 de abril de 2013
Em tempos de novas tecnologias e uso da internet, professores buscam diferenciais para atrair a atenção dos alunos à tradicional leitura dos livros impressos. Uma pesquisa realizada em 2012 pelo Instituto Pró-Livro, divulgou que o brasileiro lê, em média, 4 publicações por ano entre literatura, contos, romances, religiosos e didáticos. Desse total, apenas 2,1 são lidos completamente e 2, em partes.
Kelly Cristina da Silva Marcomini, bibliotecária na Escola Municipal de Ensino Básico Angelina Dagnone de Melo, em São Carlos, interior de São Paulo, busca diversos projetos culturais para envolver os estudantes e a comunidade à leitura. “Na nossa biblioteca criamos parcerias para aproximar a sociedade e a escola. Temos espaço para realização de trabalhos em grupo, sala de informática e a sala multiuso, onde realizamos as mais variadas atividades, como oficinas de teatro e ‘contação’ de história”, explica. A biblioteca em que Kelly trabalha, que é também administrada pela Escola Municipal, abre de segunda a sexta para o público geral. “Anualmente realizamos também um feira de troca de livros, como forma de articular a comunidade em prol da leitura. Durante o evento, acontecem diversas oficinas culturais”, conta a bibliotecária.
Oficina de Teatro na Biblioteca da EMEB Angelina Dagnone de Melo
Já na Escola Municipal do Ensino Fundamental Jackson de Figueiredo, em São Paulo, Juliana Marques, professora de Língua Portuguesa, faz trabalhos na Sala de Leitura, para "transformar" os alunos em leitores. “Para trabalhar com o espaço, tive que elaborar um projeto, que, em síntese, tinha por objetivo despertar o interesse da leitura nas crianças, e apresentar à diretoria. Ele seria avaliado junto com propostas de outros três professores”, comenta a educadora.
Na Sala de Leitura, a professora trabalha com turmas de 1º a 9º ano e também de Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Eu tenho uma aula de 45 minutos por semana com cada série. Como o tempo é bastante curto, costumo dividir em duas partes: a aula em si e o empréstimo de livros. Dependendo da turma, envolve apresentação de livros e autores interessantes, ‘contação’ de histórias (especialmente para os menores) e conversas sobre tipos de textos e linguagem”, explica Juliana.
Outro ponto importante é o papel dos pais na adoção da leitura na vida das crianças e adolescentes, já que são tomados como exemplo. O modo como adotam a leitura em seu dia a dia é indiretamente absorvido pelas crianças. Segundo a psicopedagoga clínica, Ana Cássia Maturano, “deve-se ficar claro a elas que essa atividade precisa ter sempre um caráter prazeroso — e nunca ser relacionada a um castigo —, para que a criança não entenda como uma punição”.
Sem restrição de idade, a leitura sempre deve ser exercida. Porém, há livros destinados a certas faixas etárias, o que deve ser devidamente ressaltado aos responsáveis. Quando crianças, os filhos podem precisar da participação ativa dos pais, no momento reservado à leitura – para melhor interação entre ambos e o conteúdo exposto na história.
Biblioteca para todos
Com base na Lei 12.244, até 2020 todas as escolas, públicas e particulares, devam ter pelo menos uma biblioteca em seus espaços. Pensando nisso, surgiu o movimento Eu Quero Minha Biblioteca, organizado pelo Instituto Ecofuturo e organizações parceiras.
O objetivo é sensibilizar e instrumentalizar gestores públicos, escolas e a sociedade com informações sobre como efetivar a lei. “Temos que olhar para a solução, por isso criamos a campanha. A ideia énos unir, dar todo o suporte com informações explicando como fazer para a criação da biblioteca e fazer com ela aconteça”, comenta Christine Fontenelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo.
Toda a ação é feita pelo site www.euquerominhabiblioteca.org.br. E nele, é possível encontrar conteúdos e guias com orientações de acesso aos recursos públicos para implantar e manter uma biblioteca.
Matéria do Jornal da Cultura sobre incentivo à leitura