Em setembro do ano passado, o governo federal anunciou o projeto de reformulação do Ensino Médio para as escolas das redes pública e privada. O novo modelo apresenta propostas que alteram o conteúdo e formato das aulas, carga horária, elaboração de vestibulares e contratação de professores e ainda está sob Medida Provisória.

Separamos os principais pontos discutidos na proposta e conversamos com Rebeca Otero, coordenadora de Educação da UNESCO no Brasil, para entender como as medidas podem impactar a atuação dos profissionais da educação daqui para frente.

Vale lembrar que as medidas têm dividido opiniões de professores, especialistas em Educação, estudantes e seus pais. Para esclarecer as dúvidas sobre o novo modelo, o site oficial do Ministério da Educação separou uma lista de perguntas frequentes.

Carga horária e ensino integral
Atualmente, a configuração do Ensino Médio prevê 800 horas de aula e três anos de duração, com 200 dias letivos por ano. Com a reformulação, a grade será ampliada para 1.400 horas. O ensino integral será fortemente incentivado pelo governo, que pretende dar apoio financeiro por 10 anos às instituições que adotarem esta modalidade.
Para Rebeca Otero, coordenadora de Educação da UNESCO no Brasil, esta proposta pode gerar efeitos positivos desde que não sirva apenas para manter o aluno mais tempo na escola, sem melhorar efetivamente a integralidade do ensino. Outro ponto importante é saber se as escolas estão prontas para adotar este modelo, já que é necessário ter uma boa infraestrutura, corpo docente capacitado e um plano didático coerente com os objetivos da nova proposta.

Grade curricular
Hoje, os estudantes cursam 13 disciplinas obrigatórias nas escolas, incluindo Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física, porém, o plano propõe eliminar essas disciplinas da grade e torná-la flexível, dando aos alunos a possibilidade de se aprofundar em uma das cinco áreas: Linguística, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza ou Ensino Técnico.
O ensino de língua estrangeira também vai passar por mudanças. Atualmente, as escolas podem escolher qual idioma adotar em sua grade, mas com a reformulação, o inglês será obrigatório.
De acordo com Rebeca, nós temos um Ensino Médio carregado de muitas disciplinas, o que pode fazer com que os alunos não se sintam interessados, logo, a flexibilização pode ser bem-vinda. Além disso, o ensino técnico pode ajudar na expansão profissional do aluno, já que muitos saem da escola sem qualificação para o mercado de trabalho. Para ela, a proposta é interessante e, ao mesmo tempo, desafiadora, pois será necessário ampliar o número de vagas e contratar profissionais especializados.

Professores
São contratados nas escolas profissionais que passaram pela formação pedagógica, ou seja, possuem diploma superior na área. Já om a medida provisória, as instituições de ensino poderão contratar profissionais de notório saber para dar aulas afins de sua formação, ou seja, sem necessariamente ter licenciatura.
Para Rebeca, a contratação de profissionais de notório saber pode ser necessária em alguns casos, como no Ensino Técnico, já que os professores devem ter passado pela experiência profissional naquela área. Entretanto, é necessário que esse profissional tenha conhecimento ou formação pedagógica.

Vestibulares
São as universidades que decidem quais conteúdos serão exigidos em seus vestibulares, mas a reformulação determina que o conteúdo das provas englobe somente competências, habilidades e expectativas de aprendizagem das áreas de conhecimento definidas pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC.

Nós também queremos ouvir de você: qual sua opinião sobre a nova reformulação do Ensino Médio?

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