No Brasil, há um projeto de lei em tramitação que prevê a obrigatoriedade de um acervo com pelo menos um livro por aluno em cada instituição de ensino do país. Mesmo assim, somente 35% das escolas brasileiras possuem bibliotecas. Os números foram disponibilizados em primeira mão pelo QEdu, portal aberto e gratuito que passa a oferecer a partir de hoje os dados mais recentes do Censo Escolar 2013 sobre infraestrutura e matrículas de todas as escolas públicas e privadas do Brasil.

Veja também:
– Espaços dedicados à leitura são o diferencial nas escolas
– Como as bibliotecas devem atuar na concorrência da busca por conhecimento?

Na comparação com outros estados do Brasil, a rede particular de São Paulo é a que tem o menor número de escolas equipadas com bibliotecas do país: 39% (em 2011, eram 38%). Na esfera estadual, São Paulo também tem o menor porcentual de escolas com bibliotecas em todo o país: apenas 13% (em 2011, eram 11%). Vale ressaltar que o percentual é baixo justamente devido à inexistência da figura do bibliotecário. Enquanto isso, as escolas particulares de Acre e Amapá são as mais bem equipadas, com 93% e 89% de instituições com biblioteca, respectivamente. 

Outro ponto destacado é que discute-se muito no país a necessidade de inovação e da formação de mais profissionais nas áreas científicas. De acordo com os dados do QEdu, apenas 30% das escolas estaduais do país tem laboratório de ciências, onde estão a grande maioria dos alunos do ensino médio da rede pública; na rede particular, no entanto, esse número é ainda mais baixo, apenas 21% das escolas têm esse laboratório. O dado mostra que, nesse quesito, as escolas privadas estão em pior situação do que as públicas.

Ao longo de 2014, a ferramenta também atualizará os microdados do Censo Escolar referentes a taxa de aprovação e abandono escolar e distorção idade-série. E, ainda no mês de maio, os dados de evolução do Censo de 2010 até 2013 também estarão visíveis para consulta.

Para facilitar a pesquisa do usuário, o número de alunos matriculados está organizado por etapa escolar. Já os dados de infraestrutura estão divididos em categorias como alimentação, serviços (água, energia, esgoto e coleta de lixo periódica), dependências (biblioteca, cozinha, quadra de esportes, laboratórios, sala de leitura, etc.), equipamentos (DVD, impressora, retroprojetor, televisão e outros), tecnologia (internet e banda larga) e acessibilidade. 

O site é destinado a secretários de educação e gestores escolares, que a partir de dados da sua cidade, estado ou escola, têm uma visão geral da educação na sua área de atuação com possibilidade de comparação com outras escolas e localidades. 

O portal também atende a sociedade interessada em indicadores educacionais e a imprensa, que usa o QEdu como ferramenta para análise de dados sobre a educação brasileira. Na ferramenta, também são disponibilizadas informações sobre a qualidade do aprendizado em cada escola, município, estado e país a partir do desempenho dos alunos na Prova Brasil. 

O projeto foi criado pela startup Meritt em parceria com a Fundação Lemann, instituições que acreditam que políticas educacionais devem ser baseadas em evidências e, por isso, construíram o QEdu com o intuito de promover o debate público. A ferramenta auxilia no entendimento do cenário atual da educação brasileira e pode fomentar diferentes abordagens para a melhoria da qualidade do ensino e do aprendizado no país. 

Para entender o Censo Escolar
O Censo Escolar é um levantamento de estatísticas educacionais de âmbito nacional realizado todos os anos e coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação. Feito com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de Educação e com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país, trata-se de um levantamento utilizado para auxiliar no diagnóstico, planejamento e na elaboração das políticas públicas educacionais do país.

Os dados do Censo Escolar são públicos e disponibilizados para toda a sociedade, devido à importância e necessidade de que estados, municípios e as próprias escolas conheçam melhor a sua realidade e a do local em que estão inseridos. Todos os níveis de ensino são envolvidos: ensino infantil, ensino fundamental, ensino médio e EJA.

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