Karl Marx deve ter se revirado no túmulo quando foram anunciadas, nesta quinta-feira, as mudanças no vestibular da Escola de Direito da FGV-SP. É que seu Manifesto do Partido Comunista está ao lado da música Burguesinha, de Seu Jorge, como duas obras de conhecimento obrigatório dos candidatos. Na próxima edição do exame os estudantes vão precisar "estudar" dez canções e relacioná-las a temas da atualidade, na nova prova de Artes e Questões Contemporâneas.
"Queremos alunos capazes de articular a realidade social à produção cultural", explica Adriana Ancona de Faria, uma das responsáveis pelo processo seletivo. A banca também mudou o cálculo da nota final, atribuindo mais peso à prova de português e diminuindo a importância da redação e do exame oral.
Agora, na primeira fase, o candidato fará questões dissertativas de língua portuguesa, língua inglesa, história, geografia, raciocínio lógico-matemático e artes e questões contemporâneas (e não mais artes visuais e literatura). A prova da segunda etapa é oral. As inscrições começam em 9 de julho e vão até 15 de outubro, no site fgv.br/processoseletivo.
A novidade do exame são as músicas. O aluno terá de conhecer, além de Burguesinha, composições de Chico Buarque (A Construção), Noel Rosa (Conversa de Botequim), Beatles (Revolution) e Amy Winehouse (Rehab), entre outras. A Direito-GV tem ainda uma relação de livros, como nos vestibulares tradicionais, e listas de filmes e obras de arte.
Já as questões contemporâneas abordadas pela prova são a globalização e a transição da modernidade para a pós-modernidade. Para abordar os temas, a banca sugere a leitura de Marx e livros do sociólogo Anthony Giddens e do filósofo Emmanuel Kant.
Segundo Adriana, o objetivo não é verificar o conhecimento enciclopédico do candidato, mas a maneira como ele usa habilidades e competências para dialogar com a arte e as questões sociais. "O vestibular reafirma a proposta do curso: queremos alunos capazes de inovar e desenvolver suas capacidades intelectuais."