Uma das mais tradicionais premiações do setor de Quadrinhos, o Troféu HQ Mix reúne inúmeros artistas, para eleger os melhores de cada categoria. Desde sua criação, em 1989, vários artistas já foram premiados. Em uma conversa com Arnaldo Angeli Filho – mais conhecido como Angeli –, na festa de premiação da última edição, em 30 de junho, busquei responder algumas dúvidas e curiosidades dos apreciadores deste tipo de arte.
Angeli em entrevista com Anderson, do Repórter Comunidade Cambuci
Angeli iniciou seu trabalho no final da década de 60, período em que o Brasil passava por inúmeras transformações históricas, econômicas e principalmente políticas. Para ele, foi esta mudança no sistema do país o que alavancou a criação de seus desenhos. “A minha pegada é falar das mudanças comportamentais”, declarou o artista, sobre a influência do período histórico em suas criações.
Um dos pontos mais interessantes da arte é trazer uma mensagem simples, mas direta. Porém, durante um período em que a liberdade de expressão passa a ser questionável, a arte torna-se restrita e, para um chargista, o trabalho requer ainda mais cuidado. Assim como todo o país, os desenhos de Angeli sofreram sim os efeitos da ditadura, mas continuaram trazendo suas mensagens, porém de maneira mais sutil e menos perceptível. Para ele, foi uma época de perdas. “Perdi muita coisa, ler bons livros, filmes que foram proibidos, jornais que foram cassados, amigos que foram presos… a gente acaba perdendo muita coisa aí”, diz.
A liberdade é a chave para qualquer forma de arte, ou comunicação. Tirando essa liberdade, cobre-se toda a sociedade por um eclipse. Para Angeli, ser direto é uma das maiores armas de um jornal, uma arma proporcionada pela liberdade. Uma notícia direta atinge quase todos os públicos, e dessa forma a sociedade evolui.
Ele diz que a profissão de cartunista no Brasil ainda não é totalmente explorada e desenvolvida. A função da mesma é de extrema importância, trazer através do bom humor uma crítica a um aspecto social. “Eu acho que todos estão ali para criticar algo que seja incômodo pra gente”, finaliza Angeli.
Anderson Lima, de 17 anos, é participante do curso “Repórter Comunidade”, no NET Comunidade Cambuci, e foi convidado pelo NET Educação a cobrir a premiação do Troféu HQ Mix.