Conteúdos

Vidas Secas – livro e filme e Making of do filme Vidas Secas;

Cinema Novo;
Nelson Pereira dos Santos;
Humanização dos animais;
 

Objetivos

Conheça o making of do filme Vidas Secas;

Reflitasobre a humanização dos animais, nos filmes e na vida real;
Reflita sobre a possibilidade de se mesclar documentário e ficção;
Conheça o Cinema Novo e suas principais características; 
Complemente  as atividades relacionadas ao livro e ao filme Vidas Secas 
 

1ª Etapa: Arte - Como se faz um filme? Quais as repercussões possíveis?

O curta apresenta algumas etapas da produção de um filme e as funções dos profissionais que o realizam.

 

Roteiro: é interessante explicar aos alunos que o roteiro de um filme não é apenas um texto, mas uma narrativa com sinalizações para a filmagem: traz indicações de enquadramentos, iluminação, corte das cenas, etc. O livro serviu de base para para o roteiro do filme. No curta metragem, há cenas dos atores e o diretor lendo o roteiro do filme, como norte para as atuações. Nem sempre o roteiro é seguido à risca, pois depende das condições da produção. 

 

Gravação das cenas: no curta metragem, há indicações de como algumas cenas foram filmadas. Em entrevista, Nelson Pereira dos Santos explica que as cenas não eram filmadas na ordem do roteiro, que ele reservava o horário das três da tarde, para gravar as cenas da morte da cadela, pois a luz estava sempre do mesmo jeito e essas cenas foram muito desafiadoras, exigindo muitos dias de dedicação do diretor.

 

Montagem: a importância da montagem no cinema é muito fácil de ser percebida neste curta metragem. A diretora mesclou cenas atuais com as cenas do filme original (filmado em 1962), além de mesclar a fala do papagaio às cenas do filme, dando um outro sentido às cenas.  

 

Funções dos profissionais do cinema: é possível ler um artigo no portal Net Educação que explica as principais funções dos profissionais da arte cinematográfica.

 

 

Repercussão do filme: é imprevisível a repercussão de um filme. Uma grande produção pode ser um fracasso de bilheteria e um sucesso da crítica. O contrário também pode acontecer. No caso do filme Vidas Secas, ele teve grande repercussão internacional, sendo apresentado no mais importante festival de cinema do mundo– o de Cannes, na França. Entre a crítica, nem sempre o filme teve boa acolhida. Houve protestos de militantes da sociedade protetora dos animais, em virtude da morte fictícia da cachorra Baleia e houve críticas que não compreenderam a construção dos personagens embrutecidos pela seca. É uma boa oportunidade para se discutir sobre as repercussões –positivas ou negativas – de produtos artísticos nacionais, fora do Brasil; No caso do Cinema Novo, as premiações internacionais foram importantes para valorização dos filmes dentro do país (que entrava em uma era de obscurantismo, com a ditatura militar); 

2ª Etapa: Início de Conversa

O curta metragem Como se morre no cinema é um filme lúdico que mescla documentário (sobre a filmagem de Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos) e ficção, em que o narrador é o papagaio do romance Vidas Secas. A ave conta, com ironia, sobre a excessiva fama (do seu ponto de vista) atribuída à cadela Baleia; sendo que sua morte, logo no início do filme (e do livro), é passada despercebida. (Veja a tabela/ figura/ imagem no material de apoio anexo nesse plano de aula.

 

Os alunos poderão conhecer como algumas cenas foram filmadas e refletir sobre as etapas de produção de um filme. Em vários momentos, aparecem os artistas do filme atuando, ensaiando ou lendo o roteiro. Eles se misturam com os demais membros da produção (fotógrafos, assistentes de direção e o próprio diretor Nelson Pereira dos Santos, ora ele mesmo, ora representado por um ator). 

 

3ª Etapa: Exibição do filme

O ideal seria a exibição deste filme depois da exibição do filme principal Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, cujo plano de aula encontra-se no link. É interessante a explicação que se trata de um pseudo-documentário, mas que traz elementos verídicos sobre a produção do filme

4ª Etapa: Inglês ou Francês - Tradução das cenas

 O DVD do filme Vidas Secas foi produzido nos EUA, portanto, o som original do filme é em português e há opções de legenda em inglês. Como o curta metragem Como se morre no cinema faz parte dessa produção, também só há opção de legenda em inglês. Há algumas cenas que são faladas em francês. O professor de Inglês pode aproveitar as cenas e trabalhar as traduções pela legenda em inglês. Porém, também indicamos abaixo a tradução das quatro cenas, para melhor compreensão de todos:

 

1. Na primeira cena em francês, a Condessa liga pra sociedade protetora dos animais e faz uma queixa de que assassinaram a cachorra; ela conta que saiu no meio da projeção, indignada, e quer fazer um movimento de protesto contra o filme.

 

2. Na segunda cena, o crítico está ao telefone, contando sobre o texto que acabou de finalizar: 

 

– O filme é abominável. Nelson Pereira dos Santos filma uma família interiorana idiota e miserável. O personagem mais simpático é a cachorra, infinitamente mais inteligente que seus donos. Por isso ela é morta com o fuzil e essa cena é abominável. A cena me impressionou mais que os infortúnios dessa triste família brasileira.  Matar um cachorro tão lindo! Decididamente essas pessoas merecem todos os infortúnios que lhe aconteceram.  No começo do filme, eles também comem um papagaio, provavelmente por inveja, porque ele se expressava melhor que eles.

 

3. Na terceira cena, os repórteres do festival de Cannes estão à espera da cachorra descer do avião. 

 

– A baleia está realmente nesse avião? 



– Se realmente criarem um prêmio de competição para os animais, ela estaria na competição, junto com o galo japonês e o cordeiro soviético. 



– Baleia, ela está viva!

 

4. Na quarta e última cena em francês, a condessa insiste na denúncia contra os maus tratos à cachorra. Ela não acredita que sua morte foi fictícia. Diante da apresentação da cadela que “interpretou” Baleia, no Festival de Cannes, a condessa não acredita: 

 

– Não, isso não prova nada! Como saber que é a mesma cachorra? Eles são todos parecidos.

 

5ª Etapa: Língua Portuguesa – a cadela Baleia, de Vidas Secas

O curta metragem faz um diálogo com a obra literária e a obra fílmica Vidas Secas. É um complemento interessante para a análise das obras, especialmente por trazer elementos lúdicos.. Nas duas obras, a morte da cadela Baleia é um momento muito tenso, de alta dramaticidade. A relevância de Baleia já é evidente, pois ela tem nome, enquanto os filhos de Sinhá Vitória e Fabiano não têm, eles são chamados de “menino” e “outro menino”. A morte da cachorra é descrita no livro como se ela relatasse suas sensações no momento em que está morrendo O cineasta Nelson Pereira dos Santos usa outros recursos, que não o da palavra, para dar a mesma sensação. 

 

Até mesmo em um contexto de imensa pobreza, o animal de estimação, passa a fazer parte da família, daí o drama de sua morte, sacrificada porque está doente, o que intensifica o drama. 

 

Seria interessante que este curta metragem – que está na chave da comédia – proporcionasse uma discussão sobre a relação que a sociedade contemporânea tem com os animais, o que pode ser feito a partir de debates, seguidos de produção de textos. Algumas sugestões de perguntas para o enriquecimento dos debates: (Veja a tabela/ figura/ imagem no material de apoio anexo nesse plano de aula.

 

Há diferença no tratamento dos animais domésticos de acordo com a classe social a que pertencem seus donos?

 

Como tem se dado a humanização dos animais em nossa sociedade urbana?

 

No curta metragem, há a notícia da reação de uma condessa francesa ligada à Sociedade Protetora dos Animais, em 1963. Houve mudança em relação à proteção dos animais daquela época até hoje? 

 

Qual o papel que os animais domésticos ocupam atualmente nas comunidades urbanas? É o mesmo papel social da época em que o livro Vidas Secas foi escrito (1938) ou o filme foi realizado (1962)? Um exemplo dessa transformação socioeconômica é a presença de pet shops e hotéis para animais nas cidades.

 

No romance Vidas Secas, há recorrência da comparação entre a vida dos homens e a dos bichos (por exemplo, na fala final de Sinhá Vitória, que afirma não querer mais viver como bicho).  O que há de natural e de cultural (humano) na forma como os animais domésticos são tratados hoje?

 

Materiais Relacionados

 • O curta metragem Como se morre no Cinema, de Luelane Loiola Corrêa, não está  disponível na internet, mas integra os extras do DVD Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos.

 
Sobre a humanização dos animais na literatura e no cinema, há uma interessante discussão sobre a humanização da cadela Baleia, personagem de Vidas Secas. 
 
Trecho do filme em que aparece a morte da Baleia.
 
 
FICHA TÈCNICA DO FILME COMO SE MORRE NO CINEMA
 
Sinopse: Memórias do papagaio que participou da filmagem do clássico Vidas Secas, em 1962, quando atuou ao lado da cachorra Baleia. 
 
Gênero: Documentário/Comédia Direção e Roteiro: Luelane Loiola Correa Edição: Luelane Loiola Correa e Luiz Guimarães de Castro Direção de Arte: Bia Perdigão Trilha original: David Tygel e Flávia Ventura Som: Alaerson Nonô Coelho Fotografia: Luis Abramo Elenco: Henri Raillard, Jurandir Oliveira, Luiz carlos Vasconcelos, Pablo Uranga, Stela Freitas. Entrevistados: Maria Ribeiro (atriz que interpretou Sinhá Vitória), Nelson Pereira dos Santos, Luis Carlos Barreto (diretor de fotografia de Vidas Secas) e Lucy Barreto (produtora);  Empresa produtora: Artifício cinematográfico e Luelane Loiola Corrêa Duração: 20 min Cor: Cor e P&B País de Produção e ano: Brasil/2002 Formato: 35 mm

Arquivos anexados

  1. Vidas Secas – livro e filme e Making of do filme Vidas Secas

Tags relacionadas

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Receba NossasNovidades

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.