Conteúdos
Este plano de aula tem por objetivo falar sobre a varíola, bem como diferenciar a varíola humana que havia no passado da varíola dos macacos, que teve um surto confirmado no ano de 2022, com casos identificados na Europa, causando curiosidade e preocupação acerca dessa doença viral. A sequência traz orientações, um “passo a passo” de como abordar os conteúdos, links de textos para aprofundamento, sugestões de vídeos e atividades para auxiliar o trabalho com esse conteúdo.
● Varíola;
● Varíola dos macacos;
● Erradicação e vacinação;
● Sintomas, riscos e taxa de mortalidade; e
● Desenvolvimento da doença e tratamento.
Objetivos
● Conhecer o ciclo da varíola: agente causador, sintomas, profilaxia e tratamento;
● Comparar e diferenciar a varíola humana (erradicada) e a varíola dos macacos (2022);
● Reconhecer a importância da vaccinia (varíola das vacas) para o desenvolvimento da vacina; e
● Refletir sobre as contribuições das vacinas para a melhoria da saúde pública.
Ensine também:
Biotecnologia e engenharia genética: PCR, sorologia e teste rápido
Palavras-chave:
Varíola. Varíola dos macacos. Vacina. Erradicação da varíola. Mortalidade.
Previsão para aplicação:
4 aulas (50 min/aula).
Professor(a), para a aplicação deste plano sugiro a seguinte distribuição dos conteúdos: aqueles trazidos nas etapas 1 e 2 podem ser contemplados em uma aula dupla com 100’ de duração. Você pode usar os textos de referência para preparar suas aulas e assistir aos vídeos sugeridos com os alunos, pausando e explicando se e quando achar necessário. Também é possível promover um debate ao final.
Para a etapa 3, sugiro uma aula de 50’ de duração, organizando os alunos em pequenos grupos para a leitura das notícias sugeridas no início deste plano, e/ou outras selecionadas por você. Façam discussões após as leituras, para que os grupos compartilhem informações, e proponha aos alunos que pensem em ações e formatos para compartilhar os conhecimentos adquiridos ao longo dessas aulas de forma segura e responsável, demonstrando a importância da participação ativa de todos os cidadãos para a manutenção da saúde pública.
E, para finalizar, use e abuse dos exercícios contidos na etapa 4 deste plano. Você pode deixá-los para o final, separando um tempo para que os alunos os resolvam, e, em seguida, corrigi-los de forma coletiva.
Bom trabalho!
1ª Etapa: Varíola dos macacos: nova varíola, antiga preocupação?
A varíola dos macacos é uma zoonose causada pelo vírus monkeypox, da mesma família do vírus da vaccinia (varíola das vacas) e da varíola (humana). Uma breve explicação sobre seus sintomas, modo de transmissão e tratamento pode ser vista no vídeo “O que sabemos (até agora) sobre a varíola dos macacos”, sugerido anteriormente neste plano. Você, professor(a), pode assisti-lo junto com os alunos e pedir para que organizem as informações no caderno, destacando: agente causador, vetor, modos de transmissão, sintomas e profilaxia.
Ao final das etapas 1 e 2, você pode fazer um debate comparando a varíola dos macacos, a varíola humana (erradicada) e a vaccinia (varíola das vacas) com os alunos, levantando semelhanças e diferenças entre estas. Também seria interessante aproveitar esse momento para trabalhar, de forma sucinta, as categorias taxonômicas (principalmente família, gênero e espécie), para comparar os vírus e as diferentes formas de varíola.
2ª Etapa: A “velha” varíola: erradicação e contribuição para o desenvolvimento de vacinas
A varíola é uma doença infecciosa causada pelo vírus Orthopoxvirus variolae, tendo sido considerada erradicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde os anos 80, após uma intensa campanha mundial de vacinação. Seus sintomas são parecidos com os da gripe comum, tais como: febre, dor de cabeça, mal estar e dores no corpo. Além disso, após atingir o sistema linfático, pode causar manchas avermelhadas pelo corpo, que depois se transformam em vesículas (pequenas bolhas) cheias de líquido, as quais podem, inclusive, transmitir o vírus. A varíola não tem cura e o tratamento inclui apenas o alívio dos sintomas. A melhor forma de prevenção é a vacina mas, devido à erradicação da doença, ela já não consta mais no calendário regular de vacinação.
Por falar em vacina, a varíola teve grande importância na descoberta e no desenvolvimento das vacinas, como pode ser visto no vídeo “Como vencemos o vírus mortal da varíola?”, sugerido anteriormente neste plano, o qual aborda, de forma lúdica, a história da vacinação. Você, professor(a), pode assisti-lo com os seus alunos, discutir o tema e complementar, caso seja necessário e oportuno, com informações sobre a forma de fabricação e a ação das vacinas, bem como acerca de sua importância para a saúde coletiva.
3ª Etapa: Compartilhando conhecimento: eu também sou responsável pela saúde pública!
Nesta etapa, sugiro dividir os alunos em pequenos grupos e distribuir as notícias sobre varíola do macaco (sugeridas no início deste plano), recentemente divulgadas na mídia. Fica a seu critério entregar o material impresso ou apenas disponibilizar o link para leitura. Seria interessante fazer uma parceria com o(a) professor(a) de português, para tratar de como fazer uma leitura crítica dos materiais, discutindo de que forma buscar referências adequadas e checar os fatos. Após a leitura, sugiro um breve debate sobre as notícias, levantando pontos em comum entre elas. A participação do(a) professor(a) de geografia também pode ser interessante, para levantar a distribuição geográfica do vírus no Brasil e no mundo (já que o primeiro caso de varíola do macaco registrado em nosso país foi em um homem que havia estado na Alemanha recentemente e, provavelmente, se contaminou lá).
Após esses dois momentos, promova uma reflexão junto aos alunos, sobre a responsabilidade de cada um perante a saúde pública e coletiva. Peça para pensarem e desenvolverem ações na comunidade escolar ou onde vivem, para compartilhar os conhecimentos adquiridos sobre varíola e varíola do macaco. Caso ache necessário, ofereça mais 1 ou 2 aulas para que os alunos coloquem em prática tais ações, que podem ser: divulgação sobre o tema on-line (blogs ou rede social do colégio), panfletos impressos, rodas de conversa, parcerias com postos de saúde para uma palestra etc.
4ª Etapa: Exercícios
1. Graças às vacinas, doenças graves e altamente contagiosas podem ser evitadas, tendo algumas já sido erradicadas, como é o caso da varíola. Entretanto, os movimentos antivacina vêm crescendo no mundo todo, inclusive no Brasil, que sempre foi exemplo internacional. Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/MS), nos últimos dois anos a meta de ter 95% da população-alvo vacinada não foi alcançada.
Cientificamente, o mecanismo de ação das vacinas consiste, basicamente, em introduzir no organismo do indivíduo:
a) Uma pequena quantidade de vírus ou bactérias, que provocarão uma forma branda da doença, induzindo o organismo à produção de anticorpos específicos.
b) O plasma do sangue de pessoas contaminadas com a doença para induzir a produção de antígenos e anticorpos pelo organismo.
c) Vírus ou bactérias mortos ou atenuados, mas ainda capazes de ativar o mecanismo de defesa do organismo levando à produção de anticorpos.
d) Anticorpos produzidos a partir da inoculação dos vírus ou bactérias patogênicos no organismo de animais de laboratório, como macacos e camundongos.
GABARITO: C.
2. Desde que o inglês Edward Jenner descobriu a primeira vacina em 1796, injetando soro de varíola bovina em um menino de oito anos, teve início uma nova era na Medicina, visto que esse pesquisador conseguiu reunir evidências para as suas experiências com vacinação antes que os organismos causadores das doenças e o mecanismo de infecção fossem conhecidos pela Ciência.
LOPES, Sônia. Bio: volume 1. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 422-423.
Com base na leitura do trecho citado, pode-se inferir que
a) Quando uma pessoa foi vacinada, ela já apresenta antígenos e anticorpos para determinada doença em seu organismo, visto que a produção de antígenos tem efeito duradouro.
b) As vacinas e os soros servem como um primeiro contato do organismo com os antígenos e anticorpos de uma pessoa, uma vez que esse contato estimula o organismo a produzir antígenos específicos.
c) O uso da vacina é mais eficiente para reduzir o número de doentes durante uma epidemia, porque é constituída de anticorpos, ao contrário do soro, que possui antígenos.
d) Atualmente, as vacinas vão desde as tradicionais, feitas com o agente causador da doença na forma atenuada, até as feitas só com proteínas presentes nos micro-organismos patogênicos e que desencadeiam a resposta imunológica da pessoa infectada.
GABARITO: D.
3. Milhares de pessoas estavam morrendo de varíola humana no final do século XVIII. Em 1796, o médico Edward Jenner (1749-1823) inoculou em um menino de 8 anos o pus extraído de feridas de vacas contaminadas com o vírus da varíola bovina, que causa uma doença branda em humanos. O garoto contraiu uma infecção benigna e, dez dias depois, estava recuperado. Meses depois, Jenner inoculou, no mesmo menino, o pus varioloso humano, que causava muitas mortes. O menino não adoeceu.
Disponível em: BBC . Acesso em: 5 dez. 2012 (adaptado).
Considerando o resultado do experimento, qual a contribuição desse médico para a saúde humana?
a) A prevenção de diversas doenças infectocontagiosas em todo o mundo.
b) A compreensão de que vírus podem se multiplicar em matéria orgânica.
c) O tratamento para muitas enfermidades que acometem milhões de pessoas.
d) O estabelecimento da ética na utilização de crianças em modelos experimentais.
e) A explicação de que alguns vírus de animais podem ser transmitidos para os humanos.
GABARITO: A.
4. Remédios são uma adição relativamente recente ao arsenal antiviral dos seres humanos. Antes, mutações específicas no genoma humano eram selecionadas pelas proteções que elas ofereciam. Algumas pessoas têm resistência ao vírus HIV, por exemplo, embora pareça que isso seja mais por conta de mutações históricas que ajudaram a proteger contra outras doenças, como varíola ou disenteria. Nós vamos algum dia evoluir e vencer os vírus? A erradicação da varíola poderia nos dar esperanças. Ela, porém, era uma presa fácil. Se a varíola passasse por mutações na mesma velocidade que a gripe ou o vírus do HIV, seria improvável que cientistas fossem capazes de desenvolver uma vacina tão efetiva contra ela. Também tornamos muito mais fácil para os patógenos nos infectarem, pois vivemos em locais com alta densidade populacional e temos tendência a viajar. (ROBERTS, 2012. p. 28-32).
Os conceitos biológicos expressos no texto podem ser corretamente explicados em
a) O vírus da varíola é mais estável do que o HIV porque tem o RNA como material genético, enquanto o HIV é um adenovírus.
b) O desenvolvimento de uma vacina implica a sensibilização do organismo por anticorpos de atuação pouco específica.
c) A associação homem-vírus ao longo da história da humanidade configura a ocorrência de coevolução.
d) As mutações constituem alterações no DNA dirigidas para proteger o ser humano contra patógenos.
e) O genoma humano deve ser entendido como o conjunto de genes específicos na codificação de proteínas.
GABARITO: C.
5. As epidemias de varíola matavam de 20% a 40% das pessoas que desenvolviam a doença, e quem sobrevivia ficava terrivelmente desfigurado ou mesmo cego. Durante os séculos XVII e XVIII, um terço de toda a população de Londres apresentava horríveis cicatrizes de varíola, e dois terços dos cegos tinham perdido a visão por causa da varíola.
Em 1980, porém, esse flagelo havia desaparecido para sempre. O número de pessoas infectadas por varíola gradualmente declinou ao longo de um período de dois séculos, depois que Edward Jenner introduziu a vacinação, uma das dez supremas descobertas da medicina ocidental. (FRIEDMAN; FRIEDLAND, 2000, p. 103).
Considerando-se a importância que a varíola teve ao longo da história da humanidade e a capacidade desenvolvida pelo homem para erradicá-la, é correto afirmar:
a) Ao longo dos séculos, a espécie humana desenvolveu uma resistência imunológica, que garantiu a erradicação da varíola no final do século XX.
b) As condições precárias de saneamento básico, nas quais vivia a humanidade no passado, favorecia o desenvolvimento das populações de ratos, que serviam de agentes transmissores do flagelo da varíola.
c) Edward Jenner foi o responsável pelo programa das Nações Unidas, que permitiu, através de uma intensa campanha de vacinação, erradicar a varíola na espécie humana.
d) A inoculação no indivíduo do próprio antígeno atenuado responsável pela varíola é capaz de gerar uma imunidade ativa com produção de anticorpos e principalmente da criação de uma memória imunológica.
e) A vacinação é responsável por ativar a capacidade do organismo de produzir anticorpos contra a bactéria causadora da varíola.
GABARITO: D.
Fonte: Projeto Agatha Edu. Acesso em 7 de julho de 2022.
Plano de aula elaborado pela Prof.ª Dr.ª Nathalie Lousan.
Revisão textual: Professora Daniela Leite Nunes.
Coordenação Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge
Materiais Relacionados
● Para ler mais sobre varíola e varíola dos macacos:
Varíola – Manual MSD
Acesso em: 7 de julho de 2022.
Varíola – Brasil escola
Acesso em: 7 de julho de 2022.
● Sugestões de notícias sobre casos de varíola dos macacos confirmados no Brasil no ano de 2022, para trabalhar com os alunos:
Sete Lagoas confirma dois casos de varíola dos macacos – Estado de Minas Gerais
Acesso em: 7 de julho de 2022.
Goiás tem cinco casos suspeitos de varíola dos macacos, diz Saúde – G1
Acesso em: 7 de julho de 2022.
Paraná confirma 2º caso de varíola dos macacos, diz Sesa
Acesso em: 7 de julho de 2022.
● Sugestões de vídeos:
Como vencemos o vírus mortal da varíola? – TED Ed [legendado] – Healthclass
Acesso em: 7 de julho de 2022.
O que sabemos (até agora) sobre a varíola dos macacos – Drauzio Varella
Acesso em: 7 de julho de 2022.