Conteúdos

Resumo:

Este plano de aula aborda os conceitos relacionados ao sistema sanguíneo ABO e Rh, tais como: tipagem sanguínea, aglutininas, aglutinogênio, aglutinação, padrão de herança genética relacionado com a tipagem sanguínea, sistema de transfusão de sangue e eritroblastose fetal.  A sequência traz orientações e um passo a passo de como abordar os conteúdos, além de links de textos para aprofundamento, sugestões de leituras, vídeos e atividades para apoiar a aprendizagem dos alunos.

Objetivos

Objetivos de aprendizagem:

  • Conhecer o sistema sanguíneo ABO e seus mecanismos de herança;
  • Conhecer o sistema sanguíneo Rh e seus mecanismos de herança;
  • Compreender os critérios que garantem a segurança nas transfusões sanguíneas;e
  • Compreender a relação entre o sistema Rh e a eritroblastose fetal.

Conteúdos / Objetos do conhecimento:

  • Sistema ABO
  • Sistema Rh
  • Relação antígeno – anticorpo
  • Herança dos grupos sanguíneos
  • Sistema de transfusão sanguínea
  • Eritroblastose fetal

Palavras-chave:

Tipagem sanguínea. Sistema ABO. Sistema Rh. Herança sanguínea. Transfusão sanguínea. Eritroblastose fetal. 

Previsão para aplicação:

3 a 4 aulas (50 min/aula).

1ª Etapa: Sistema ABO

Um tipo sanguíneo, também chamado de grupo sanguíneo, é a caracterização do sangue baseada na presença ou na ausência de substâncias antigênicas herdáveis presentes na membrana das células vermelhas.

Esses antígenos da membrana das hemácias podem ser proteínas, carboidratos ou glicoproteínas, e alguns desses antígenos podem estar na membrana de outros tipos celulares. Vários desses antígenos de membrana formam, coletivamente, o que chamamos de sistema de grupo sanguíneo.

O sistema ABO, descoberto no início do século X, é o mais importante sistema de tipagem sanguínea e rege as transfusões de sangue até os dias atuais.

Os antígenos do sistema ABO são produtos dos genes ABO localizados no cromossomo 9 de humanos.

Sua descoberta ocorreu quando cientistas observaram a ocorrência de aglutinação de hemácias, devido à fixação de anticorpos a antígenos específicos presentes na membrana dessas células.

A reação de aglutinação, causada pelos anticorpos contra esses antígenos, é chamada de hemaglutinação.

Os antígenos de grupo sanguíneo estão organizados em múltiplas cópias na superfície da hemácia, permitindo que as células se aglutinem quando sofrem reação cruzada com anticorpos (Figura 1).

Assim, indivíduos do tipo sanguíneo A expressam somente antígenos A na superfície das suas hemácias, enquanto os do tipo B expressam somente antígenos B. Já os do grupo AB expressam ambos os antígenos na superfície das hemácias e os do grupo O não expressam nenhum dos dois, como demonstrado na figura a seguir.

Figura 1: Tipos de antígenos distribuídos na superfície das hemácias e hemaglutinação

Bactérias do trato gastrointestinal possuem em suas membranas antígenos similares ou idênticos àqueles do sistema ABO.

Essas bactérias estimulam a formação de anticorpos contra antígenos ABO nos indivíduos que não possuem o antígeno correspondente em suas próprias células.

Por exemplo, indivíduos do grupo AB que possuem antígenos A e B nas suas hemácias (Figura 1), não desenvolvem anticorpos anti-A ou anti-B.

Já os indivíduos do grupo O que não apresentam antígenos na superfície das hemácias, desenvolvem anticorpos anti-A e anti-B (Figura 2).

Quando um indivíduo recebe sangue de um grupo diferente do seu, pode haver o desencadeamento de respostas imunológicas que, potencialmente, levam à destruição das células vermelhas do sangue.

Por exemplo, se um indivíduo do grupo A (receptor) recebe sangue do grupo B (doador), os anticorpos anti-A presentes no sangue do doador (Figura 2) reagem contra os antígenos da superfície da célula vermelha do receptor, provocando hemaglutinação, que é a formação de coágulos e a destruição em massa das hemácias do receptor, levando à morte.

Portanto, é fundamental a caracterização dos grupos sanguíneos antes dos procedimentos de transfusão.

hemácias genética
Figura 2: Grupo ABO – tipos de hemácias, anticorpos e antígenos (Crédito: pontobiologia.com.br)

2ª Etapa: Sistema Rh

O sistema Rhesus é o segundo mais importante sistema de tipagem e classificação sanguínea.

Foi descoberto na década de 1940, quando cientistas perceberam que, ao injetar sangue do macaco do gênero Rhesus em cobaias, havia a produção de anticorpos para combater as hemácias introduzidas.

Dessa constatação, os cientistas concluíram que na membrana das hemácias do macaco Rhesus havia um antígeno de membrana, que foi denominado fator Rh (de Rhesus).

Testando sangue humano com anticorpos anti-Rh, cientistas verificaram que em 85% do sangue humano testado ocorria aglutinação, ou seja, os anticorpos anti-Rh reconheciam o antígeno Rh na superfície das hemácias humanas.

Foram descritos cinco antígenos Rh diferentes (C, c, D, E, e) sendo o antígeno Rh D o mais imunogênico. Portanto, o termo fator Rh refere-se somente ao antígeno Rh D.

Indivíduos que apresentam o antígeno Rh D na superfície das suas hemácias são denominados de Rh positivos (Rh+) e os que não possuem o antígeno Rh D são chamados de Rh negativos (Rh -).

3ª Etapa: Herança genética

Os tipos sanguíneos do Sistema ABO são determinados por três alelos: IA, IB e i. Por isso, trata-se de uma herança de alelos múltiplos, também conhecida como polialelia.

Os três alelos possuem, ao mesmo tempo, dois tipos de relação de dominância, em que: IA e IB são codominantes – expressando simultaneamente seus fenótipos.

E ambos são dominantes em relação ao alelo i, característica de uma dominância simples.

Observe a tabela abaixo sobre os possíveis genótipos para cada tipo sanguíneo do sistema ABO:

grupo A sistema abo

O sistema Rh, por sua vez, é uma relação de dominância simples, sendo determinado apenas por um par de alelos: RR, rr ou Rr, em que R é dominante em relação ao r (R > r).

fenótipo genótipo

4ª Etapa: Eritroblastose fetal ou herança hemolítica do recém-nascido

A eritroblastose fetal, também conhecida como doença hemolítica do recém-nascido, é uma doença que pode acometer recém-nascidos Rh+ nascidos de mãe Rh−, conforme podemos observar na imagem abaixo:

eritroblastose fetal
Eritroblastose fetal (Crédito: pontobiologia.com.br)

5ª Etapa: Exercícios

  1. No sistema ABO, observamos a existência de quatro tipos de sangue: A, B, AB e O. Esses quatro tipos sanguíneos são determinados por quantos alelos?

    a) 2
    b) 3
    c) 4
    d) 5
    e) 6

GABARITO: B.

  1. No sistema ABO, observamos a existência de três alelos responsáveis pela determinação do tipo sanguíneo. O tipo de herança em que mais de dois alelos existem num mesmo locus e estão presentes na determinação de uma mesma característica é conhecido como:

    a) alelos letais.
    b) herança quantitativa.
    c) codominância.
    d) alelos múltiplos.
    e) dominância completa.

GABARITO: D.

  1. No sistema ABO, observamos a existência de três alelos responsáveis pela determinação do tipo sanguíneo. O tipo de herança em que mais de dois alelos existem num mesmo locus e estão presentes na determinação de uma mesma característica é conhecido como:

    a) alelos letais.
    b) herança quantitativa.
    c) codominância.
    d) alelos múltiplos.
    e) dominância completa.

GABARITO: C.

  1. Após uma aula de biologia sobre a genética do sistema ABO, um garoto questionou seus pais sobre o tipo de sangue que possuíam. A mãe informou-lhe que o tipo sanguíneo dela era A e que o do pai era B. Segundo essas informações, o garoto pode apresentar quais tipos sanguíneos:

    a) Somente sangue A ou B.
    b) Somente sangue A, B ou AB.
    c) Somente sangue A, B ou O.
    d) Somente sangue A ou O.
    e) A, B, AB ou O.

GABARITO: E.

  1. Considerando-se as particularidades de cada tipo sanguíneo, marque a alternativa que indica corretamente quais tipos sanguíneos uma pessoa do sangue AB pode receber.

    a) A e B
    b) A, B e AB
    c) Apenas AB
    d) Apenas O
    e) A, B, AB e O

GABARITO: E.

  1. A herança do fator Rh é determinada por dois alelos, sendo o Rh– determinado pelo alelo recessivo r. Considerando-se que uma mulher Rh+ casa-se com um homem Rh–, marque a alternativa que indica corretamente o Rh que o filho do casal poderá apresentar.

    a) Como a mulher é Rh+, todos seus filhos serão Rh+.
    b) Como o pai é Rh–, os filhos obrigatoriamente deverão apresentar Rh–.
    c) Se a mãe for homozigota dominante, o casal poderá ter filhos Rh+ ou Rh–.
    d) Se a mãe for heterozigota, o casal poderá ter filhos apenas Rh+.
    e) Se a mãe for homozigota, todos os filhos serão Rh+, porém se for heterozigota, os filhos poderão ser Rh– ou Rh+.

GABARITO: E.

  1. Após uma primeira gravidez bem-sucedida, uma mãe abortou três vezes. Seu caso foi diagnosticado em consulta médica como eritroblastose fetal. Em relação à patologia observada nesta família, assinale a alternativa correta:

    a) A mãe é Rh positivo.
    b) Os abortados certamente eram Rh negativo.
    c) Este casal jamais poderá ter outros filhos.
    d) A criança é Rh negativo.
    e) O pai é Rh positivo.

GABARITO: E.

  1. O casal Erick e Suzana têm três filhos: Júlia, Pedro e Nina. Cada qual pertence a um grupo sanguíneo diferente um do outro. Fizeram os testes para detectar a presença de aglutinogênios em todos da família, e os resultados foram:

    Erick – apresenta aglutinogênio B.
    Suzana – apresenta aglutinogênio A.
    Júlia – apresenta aglutinogênio A.
    Pedro – apresenta aglutinogênio B.
    Nina – apresenta aglutinogênios A e B.

           Pode-se afirmar que
           a) esse casal não poderia gerar um filho do grupo O.
           b) Júlia poderia doar sangue para o seu pai e para sua irmã.
           c) Suzana poderia doar sangue para todos os seus filhos.
           d) Nina poderia doar sangue para todos os seus familiares.
           e) Pedro poderia receber sangue apenas de seu pai.

GABARITO: E.

  1. Em decorrência de certos antígenos na superfície dos glóbulos vermelhos, a espécie humana apresenta quatro grupos sanguíneos: A, B, AB e O. Em relação ao grupo A, as pessoas que a ele pertencem possuem um antígeno chamado de aglutinogênio:

    a) A.
    b) B.
    c) AB.
    d) Anti-A.
    e) Anti-B.

GABARITO: A.

  1. Analise as proposições abaixo referentes à eritroblastose fetal (DHRN).

    I. É condição para sua ocorrência a incompatibilidade sanguínea para o Sistema D (Rh) entre os parentais, sendo a mãe Rh– e o pai Rh+.
    II. É necessário que a mãe esteja previamente sensibilizada para que a DHRN venha a se manifestar.
    III. Em casal em que a mulher é dd e o homem é Dd, a probabilidade de            manifestação da doença na primeira gestação, considerando-se que a mulher    não tenha recebido transfusão de sangue de tipo Rh+, é de 50%.
    IV. Em casais em que a mulher é Rh– e o homem Rh+, não estando a mulher previamente sensibilizada, o(a) primeiro(a) filho(a) Rh+ não manifestará DHRN, pois durante a gestação não ocorre contato entre o sangue da mãe e do nascituro.

          Estão corretas apenas as proposições:

            a) II, III e IV.
            b) I, II e IV.
            c) I, III e IV.
            d) I e III.
             e) II e IV.

GABARITO: B.

Questões e gabarito disponíveis em Brasil Escola.

Acesso em 19 de junho de 2023.

Plano de aula elaborado pela prof.ª dr.ª Nathalie Lousan.

Revisão textual: professora Daniela Leite Nunes.

Coordenação Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Monge.

Materiais Relacionados

Acesso em: 19 de junho de 2023.

Acesso em: 19 de junho de 2023.

Sugestões de vídeos:

  1. Sistema ABO – Os diferentes tipos de sangue – O incrível pontinho azul.

Acesso em: 19 de junho de 2023. 

  1. Fator Rh – por que o sangue é positivo ou negativo? – O incrível pontinho azul.

Acesso em: 19 de junho de 2023.

  1. Eritroblastose fetal / Doença hemolítica do recém-nascido – Fisiologia humana.

Acesso em: 19 de junho de 2023.

Professor(a), para a aplicação deste plano, sugiro a seguinte distribuição dos conteúdos:

As etapas 1 e 2 podem ser aplicadas em duas aulas, com 50 minutos de duração cada. Instigue os alunos, questionando sobre o sistema de transfusão de sangue, os tipos sanguíneos mais comuns no Brasil, qual tipo é considerado o doador universal e qual é o receptor universal.

A partir das respostas dos alunos, explique os conceitos abordados nas etapas. Você pode preparar slides ou escrever na lousa. Sugiro, ainda, que assista com os alunos às animações citadas nas sugestões de vídeos (1 e 2) deste plano.

Caso sua escola permita e possua os reagentes, seria interessante realizar a tipagem sanguínea dos alunos, como aula prática.

O exercício também pode ser feito com o(a) professor(a) e alguns funcionários, seguindo as regras de biossegurança e de ética.

Outro trabalho igualmente interessante é aproveitar os conteúdos para fazer uma campanha sobre a importância da doação de sangue na escola e com os familiares dos alunos.

A etapa 3 traz conceitos genéticos sobre o tema. Caso seja necessário, retome os princípios da primeira Lei de Mendel antes de abordar os padrões de herança que envolvem os tipos sanguíneos.

Acredito que uma aula de 50 minutos seja suficiente para esta etapa, que pode ser conduzida de forma expositiva dialogada.

Para a etapa 4, sugiro uma experiência de sala de aula invertida, em que os alunos deverão assistir em casa ao vídeo 3, sugerido neste plano, como forma de preparação para a aula.

Use uma aula com 50 minutos de duração para o debate sobre a eritroblastose fetal, resolução e correção dos exercícios disponibilizados na etapa 5.

Bom trabalho!

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