Conteúdos
Graciliano Ramos e Manuel Bandeira
Objetivos
Compreender de que maneira elementos constituintes da forma como sonoridades, ritmo e escolha vocabular contribuem para a construção do significado do poema de Manuel Bandeira.
Entender O bicho como revelador de aspectos degradantes da condição humana.
Estabelecer relações entre O bicho e trechos do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
Antes de dar inicio às Etapas consulte a aba Para Saber Mais.
1ª Etapa: Aproximação do Tema
Inicie a aula escrevendo o título do poema: o bicho. Informe aos alunos que ele foi escrito por Manuel Bandeira, poeta modernista brasileiro. Em seguida, pergunte aos alunos o que têm a dizer sobre o título. Escute as observações deles e peça que registrem-nas.
2ª Etapa: Leitura e análise do texto
Agora, escreva os primeiros versos do poema:
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Leia-os para o grupo e solicite que escrevam o que entenderam dele. Em seguida, peça aos alunos a leitura das observações realizadas. Volte ao poema e comece a discuti-los com os alunos.
Pontos a serem observados:
• O caráter direto, objetivo e sucinto dos versos.
• A ausência de adjetivação na caracterização de O bicho.
• A presença das aliterações no último verso expressas pela repetição das consoantes “c” e “d” (catando comida) contribuindo para a expressividade do poema.
• As repetições sonoras das consoantes “r” e “t” em “entre detritos” sugerindo uma mastigação voraz.
Agora, escreva os três versos seguintes:
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
Pergunte aos alunos que digam que entendimento tiveram desses versos. Solicite também a escrita das observações deles e peça que alguns leiam. Em seguida, chame a atenção para os seguintes pontos:
• O alimento para o bicho é denominado “coisa”, ou seja, não se restringe apenas a comida.
• A dupla negação (não examinava nem cheirava) reforçando a miséria e a brutalidade caracterizadoras de O bicho.
• A sugestão, nas três estrofes, de que o bicho não seleciona o seu alimento: quando acha alguma coisa, engole-a com voracidade.
• O substantivo “voracidade”, tem o mesmo radical de voraz, adjetivo usado para bichos selvagens, ferozes.
Escreva agora a quarta estrofe, também constituída de três versos. Proceda como nos versos anteriores. Primeiramente, solicite que os alunos façam observações registrando-as por escrito. Em seguida, complemente as análises deles.
O bicho não era um cão
Não era um gato,
Não era um rato.
Nesses versos em questão, observe:
• A partir da negação reiterada nos versos, que engloba os predicativos do sujeito, e de uma seqüência nominal bastante significativa (cão, gato e rato), o leitor vai se surpreendendo e se indignando tanto quanto o eu lírico. A culminância desse processo, no entanto, só se dá no último verso com uma idéia supostamente já conhecida pelo leitor.
Agora, escreva o último verso:
O bicho, meu Deus, era um homem.
Em seguida, pergunte aos alunos:
• Que sentimento esses versos sugerem?
• Qual a expressão que indica esse sentimento?
• Como deve ser gramaticalmente classificada essa expressão?
• De que maneira a classificação gramatical dessa expressão contribui para o sentimento do eu lírico?
3ª Etapa: Relações entre o poema de Manuel Bandeira e trechos de Vidas Secas, de Graciliano Ramos
Agora solicite aos alunos que leiam o livro de Graciliano Ramos e estudem aspectos gerais da obra acessando os links sugeridos nos itens 5 e 6 de “Para organizar seu trabalho”. Em seguida, escreva os seguintes trechos, extraídos do livro, e solicite aos alunos que registrem o que entenderam deles.
Texto 1
Fabiano “vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. Em pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio”.
Texto 2
Fabiano pensava: “Sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis ele saía logrado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas […] Se lhe dessem um tempo, contaria o que se passara. Era bruto sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. […] Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa?”
4ª Etapa: Fechamento
Para finalizar, solicite aos alunos que transponham para a linguagem das artes plásticas a imagem que têm sobre Fabiano. Terminada essa parte, proponha que pintem também um quadro baseado em O bicho, de Manuel Bandeira. Marque um dia para que os alunos apresentem as telas para o restante do grupo.
Materiais Relacionados
“Manuel, bandeira da poesia modernista”. Essa frase, dita por Oswald de Andrade sobre Manuel Bandeira, registra um fato incontestável sobre um dos principais representantes da Semana de Arte Moderna, movimento de renovação da poesia brasileira ocorrido no início do século 20.
• No link http://www.releituras.com/mbandeira_bio.asp encontram-se informações sobre a vida e a obra de Manuel Bandeira.
• Acesse o link http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira03.html e leia, além de O bicho, outros poemas do autor modernista.
• No link http://www.webartigos.com/articles/9839/1/O-Poema-O-Bicho/pagina1.html você encontra uma análise interessante sobre O bicho.
• Acesse:
http://www.google.com.br/images?q=o+bicho+manuel+Bandeira&btnG=Pesquisar&hl=pt-BR&source=hp&aq=f&aqi=g7&aql=f&oq=&oi=image_result_group&sa=X e encontre várias imagens que podem ilustrar o poema de Manuel Bandeira em questão.
• Para ter acesso a estudo e resumos dos capítulos de Vidas Secas, acesse: http://educaterra.terra.com.br/literatura/livrodomes/2002/09/03/007.htm
• Para ler Vidas Secas na íntegra, acesse:
http://www.cursinhodoxi.com.br/vidas_secas.pdf
Idealização e Edição Final NET EDUCAÇÃO | Plano de aula: Vidas Secas e O Bicho. Profa. Ms. Evaneide Nóbrega de Albuquerque.