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História

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Objetivos

Compreender o contexto histórico brasileiro das décadas de 1960 a 1980.

Compreender o papel do cinema como forma política de discurso.
Relacionar ações passadas com o contexto atual do estudante.
(ENEM) Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
(ENEM) Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
(ENEM) Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
 

1ª Etapa: O que é ser político

Durante todo o filme, as referência sobre a participação política são constantes. Assim, os personagens clamam por uma ‘injustiça’ decorrente de eles sempre terem sido neutros, apolíticos, sem nenhuma participação nas questões nacionais. Esta posição já foi muitas vezes enaltecida e criticada.

 

O termo ‘política’, contudo, refere-se originariamente ao cuidar da comunidade, da cidade. Significa, em outro contexto, ser cidadão e participar da cidade. Neste sentido, atualmente, existe uma discussão acerca do que é ser o ‘apolítico’ ou ‘neutro’.

 

Um interessante e provocativo livro sobre o assunto é “Política para não ser idiota” de Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro. Indicamos como uma leitura muito proveitosa e pertinente para os alunos do Ensino Médio. De toda forma, se você não tiver espaço em seu planejamento para realizar a leitura do filme, você pode ao menos discutir a questão sociológica se somos ou não obrigados a participar politicamente.

 

Assim, discuta, em uma roda inicial de discussão, se a participação política deve ser obrigatória. Aborde temas como direito ou obrigação ao voto, pagamento de impostos, de onde vem nossos direitos etc. e peça aos alunos para se manifestarem sobre o tema e testarem seus argumentos.

 

Ao final da discussão, passe o trecho  da entrevista de Mario Sergio Cortella sobre o seu livro. 

 

2ª Etapa: A censura, ontem e hoje.

Inicie esta fase com uma solicitação de pesquisa. Peça aos alunos para identificarem a origem da censura nos anos 1960, isto é, buscarem o ato institucional o a norma governamental que permitia ao governo. Eles encontrarão referências ao Ato Institucional nº 5 e as diversas suspensões de direitos políticos que ele permitia.

 

Com o resultado das pesquisas, abra o AI-5 e identifique com os alunos duas perspectivas: a plena garantia à suspensão de liberdades políticas, conforme artigos 4º e 5º e o afastamento dos atos do governo da apreciação do Poder Judiciário, conforme artigo 11. Nesta análise você pode indicar como a suspensão dos direitos políticos afetaram diretamente a liberdade de pensamento e participação para discussão política. Neste sentido, os detentores dos meios de comunicação poderiam ter seus bens tomados e seus diretores todos os direitos civis suspensos (ser presos, por exemplo).

 

Neste ponto você pode retornar à referência do filme sobre o papel dos jornais e a publicação de “receitas de bolo” no local de artigos previamente censurados pelo governo.

 

Traçada esta perspectiva histórica, peça aos alunos para explorarem os casos de ‘censura judicial’, conforme informada pelo jornal O Estado de São Paulo. Você pode explorar o site ou formar pequenos grupos para que eles possam trabalhar em conjunto. Para orientar as discussões, proponha a produção de um texto com a seguinte temática: “Atualmente, existe censura no Brasil”? Peça aos alunos para que comparem os tipos de censura e os tipos de abordagem dos dois momentos históricos.

 

Como critérios de avaliação, sugere-se (i) comparativo de contexto histórico, (ii) visão crítica sobre o contexto histórico e atual, (iii) estrutura de texto e (iv) uso da norma culta. 

 

3ª Etapa: Para início de conversa

O cinema é produtor de verdades históricas ou de histórias inventadas? É ficção ou documento? Representa contextos ou subjetividades. Estas perguntas podem ser um interessante início de conversa para a análise do filme “Pra frente Brasil”, de Roberto Farias. O filme esboça uma visão sobre o que ocorreu na ditadura militar, aos olhos críticos de um diretor que faz o filme no momento de abertura política da sociedade brasileira.

 

Falar sobre o filme é pensar sobre a política e sobre a participação política. É também compreender que o olhar histórico deve ser um olhar crítico e de contínuo aprendizado. O filme pode trazer muitos benefícios para a compreensão da temática, mas sempre deve ser visto como aquilo que se propôs: um libelo, ou seja, uma acusação. 

 

A ditadura militar já foi abordada sob diversos enfoques. Livros, reportagens, músicas e, por que não, filmes. Pra Frente Brasil pode ser uma ótima forma de conversar com esta temática, sempre tendo em vista que ela representa o posicionamento de alguém sobre o tema.

 

4ª Etapa: Apresentação e exibição do filme

Parece importante conversar com os alunos sobre a ditadura e mostrar que ela traz reflexos culturais. Pra Frente Brasil pode ser uma histórica ficcional, mas traz os traços históricos dos excessos de um regime ditatorial militar. Assim, ver o filme pode ser uma experiência de conhecer uma faceta da história que, embora não seja a única, não pode ser desconsiderada.

 

Antes de iniciar o filme, sugere-se que os alunos façam uma breve pesquisa, a título de lição-de-casa, pesquisando sobre a repressão da ditadura militar a partir de 1969. Com um pequeno conjunto de informações prévias os alunos poderão fruir melhor o filme.

 

Sugerimos que este filme seja visto de uma só vez, em grupo, sem interrupções.

 

5ª Etapa: Discussão em detalhes

Após a exibição, indicamos momentos mais marcantes para serem discutidos. O professor pode exibir os trechos que pretende abordar: 

 

Início do filme: Sugere-se uma pausa contida nas palavras do início do filme e, posteriormente, o comentário da referência à música de tom nacionalista.

 

3,5 minutos: O noticiário lido aponta a geopolítica do momento: a bipolaridade mundial. Comente com seus alunos este tema e mostre como isso está presente no noticiário.

 

5 minutos: O sequestro de Jofre. O que ele fazia de errado? Qual era o seu papel político? Na verdade, Jofre é um cidadão ‘apolítico’ e sofrerá com o regime.

 

11 minutos: As cenas de tortura, que serão presentes em todo o filme, buscam mostrar a brutalidade do regime militar.

 

19 minutos: Na fala das personagens, percebe que os crimes ligados ao tráfico de drogas seriam menos danosos e menos perseguidos do que os crimes de “subversão”. O quer seria este termo?

 

25 minutos: As discussões (que também se repetirão futuramente no filme) sobre a censura a jornais é uma temática conhecida dos processos ditatoriais. Comente com seus alunos.

 

28 minutos: “Não queremos nos envolver”. Esta, talvez, seja a forma de mostrar que a opção de não participar da vida política é simplesmente sofrer as consequências da própria política.

 

30 minutos: Da mesma forma, as pessoas não querem ser testemunhas dos conflitos políticos e das tensões sociais advindas de tais conflitos.

 

38 minutos: As reflexões de Jofre no cárcere: “Sempre fui neutro, sempre fui apolítico, tenho direitos”. O que significa esta reflexão no meio do filme? Seria uma mensagem do autor para o seu público?

 

41 minutos: Na conversa entre os personagens surge o termo “o Rezende caiu”. Neste sentido vale comentar com os alunos sobre alguns termos como ‘caiu’ e ‘aparelho’, que formam a identidade do período.

 

45 minutos: Novamente o tema da censura e as “receitas de bolo” no jornal O Estado de São Paulo. Talvez seja interessante comentar o papel do jornal neste evento.

 

54 minutos: Novamente a proibição de grupos, os subversivos.

 

1 hora e 2 minutos: Referência ao temor de sair de uma ditadura e cair em outra. O que significaria este termo? Você pode explorar tal problemática a partir da experiência Stalinista, em contraposição à ditadura militar brasileira.

 

1 hora e 15 minutos: Na pressão econômica sofrida pelo empresário-patrão podemos ver como a questão financeira está presente na articulação do aparato estatal.

 

1 hora e 18 minutos: A aula de tortura pública. Tais aulas têm base histórica que pode ser pesquisada.

 

1 hora e 22 minutos: É possível estabelecer a conexão da morte de Jofre e do desaparecimento de seu corpo com a “Comissão da Verdade” e a busca de ossadas do Araguaia.

 

1 hora e 29 minutos: A frase “ele é VPR” talvez precise de contextualização. Seria importante mostrar a nomenclatura de alguns grupos da esquerda que participaram do contexto histórico do período

 

Já nesta etapa pode ser realizada uma tarefa que poderá ser utilizada, posteriormente, como forma de pesquisa sobre as questões abordadas: peça a seus alunos para fazerem o rascunho de uma resenha crítica, isso é, uma breve narrativa do enredo pontuada por questões de discussão e posicionamentos. Neste momento, peça para que os alunos selecionem um dos momentos do filme para analisar com mais cuidado.

6ª Etapa: Produção de Jingles

Quando vemos o filme “Pra frente Brasil”, percebemos o uso das músicas criadas para estimular o sentimento nacionalista. O próprio título do filme faz referência à campanha da Seleção Brasileira em 1970, buscando a afirmação de uma unidade nacional, um conjunto em ‘ação’ para um fim comum e único. Sabe-se que o Jingle foi produzido a partir de um concurso patrocinado por empresas operantes no país. A Música, de tom ufanista, foi tomada como símbolo de um Brasil grande, próspero e que avança – bandeiras também levantadas pelo governo militar.

 

Sobre o uso da música pelo governo Médici, utilize o site de “O Globo”. Você pode ler com os alunos ou solicitar a eles que naveguem pela página, conferindo as páginas do jornal que tratam do tema das músicas utilizadas como jingle para campanhas nacionais.

 

Proponha a seus alunos um concurso de gingle sober o filme “Pra frente Brasil”. Os alunos pode enaltecer o filme, criticá-lo, julgá-lo, comentá-lo, recomendá-lo, depreciá-lo etc., devendo, contudo, adotar uma posição sobre o mesmo. Com a posição em mente, eles deverão criar uma música, a partir do tema musical da canção “pra frente Brasil”, falando sobre o filme “pra frente Brasil”. As gravações podem ser feitas com voz sobre a música original, buscar temas para karaokê ou gravar a música à capela.

 

Organize um dia para a apresentação dos Jingles e sua análise. Se seu estiver de acordo com os objetivos estabelecidos pelo seu programa de aulas, pode ser feito um concurso.

 

Materiais Relacionados

Veja antecipadamente o filme.

 
Para um interessante artigo de aprofundamento, sugere-se o artigo da professora Valesca de Souza Almeida, disponível no link.
 
Ainda a título de aprofundamento sobre a discussão fílmica, sugere-se o artigo de Wallace Andrioli Guedes, disponível no link.
 
Consulte a página de memórias de Jingles em “O Globo” e conheça a história da propaganda do regime militar no link.
 
Ouça a música “Pra frente Brasil”, de Miguel Gustavo e gravada por “Os incríveis” no link.
 
Leia previamente o Ato Institucional número 5, no link.
 
Leia antecipadamente o texto do O Estado de São Paulo sobre a censura judicial no Brasil. Você pode encontrar o texto no link. Explore também os links da página.
 
 Veja antecipadamente a entrevista com Mario Sergio Cortella, sobre seu livro “Política para não ser Idiota”.
 
SOBRE  O FILME
 
Título Original: Pra frente, Brasil  Gênero. Drama político  País e ano de produção: Brasil, 1981.  Duração:  95 minutos (aprox.)  Direção: Roberto Farias Elenco Principal: Reginaldo Faria, Antônio Fagundes, Natália do Valle, Elizabeth Savalla.
 
“Pra frente Brasil” conta a história de uma unidade familiar que é absolutamente desmembrada quando um de seus membros, o personagem Jofre, é tomado como partícipe da ação armada da esquerda, em plena ditadura militar, nos anos 1970. Capturado, ele é torturado e seu irmão e esposa acabam por se envolver em questões políticas que sempre procuraram evitar.
 

Arquivos anexados

  1. Pra frente Brasil

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