Conteúdos
• Ditadura militar; Resistência cultural; Engajamento da MPB.
Objetivos
• Explorar a resistência cultural ao regime militar e o engajamento da MPB;
• Estimular os alunos a analisar a linguagem poética e musical de canções que “conseguiram driblar o regime militar e fazer história”;
• Organizar com os alunos uma “mostra musical” intitulada “Para não dizer que não falei das flores: a resistência cultural ao regime militar e o engajamento da MPB”.
1ª Etapa: Músicas conseguiram driblar o regime militar e fazer história”
O título desse plano é uma referência à canção de Geraldo Vandré “Para não dizer que não falei das flores”. Segundo Nelson Motta em “Músicas conseguiram driblar o regime militar e fazer história”, levantou o público do festival e marcou a edição do AI-5 em 1968. Inicie-o, portanto, compartilhando este artigo de Nelson Motta com os alunos (Link 1). Caso julgue pertinente problematizar esta resistência cultural ao regime militar e o engajamento da MPB, de que trata o artigo de Nelson Motta, sugerimos alguns excertos, transcritos na seção “Material de apoio”, do artigo “O coro dos descontentes”, de Marcos Napolitano.
2ª Etapa: Atividade em grupo: atribuição de tarefas
Ao término da leitura (pode ser compartilhada ou individual) do artigo de Nelson Motta, proponha aos alunos que se organizem, livremente, em sete grupos. E atribua a cada um dos grupos uma das canções referidas por Nelson Motta em seu artigo. A ideia é que cada grupo dedique-se à análise da linguagem poética musical de uma destas canções, abaixo relacionadas, conforme metodologia sugerida no documento “Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora” da Secretaria de Educação de São Paulo (Link 2).
• Canção 1 (Link 3): “Opinião”, de Ké Keti (1964);
• Canção 2 (Link 4): “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros (1966);
• Canção 3 (Link 5): “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré (1968);
• Canção 4 (Link 6): “Apesar de você”, de Chico Buarque de Holanda (1970);
• Canção 5 (Link 7): “Cálice”, de Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento (1978);
• Canção 6 (Link 8): “O bêbado e o equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc (1979);
• Canção 7 (Link 9): “Inútil”, de Ultraje a rigor (1983).
Atribuídas as canções aos grupos, oriente-os a:
• Ler a letra da canção, explorando o vocabulário, a linguagem, as histórias e os temas narrados: De que trata o texto? O que o texto desenvolve a respeito do assunto que estudamos? Qual a particularidade do ponto de vista do autor? Quais os indícios de elementos específicos da época no texto?
• Ouvi-la em sua versão original e em releituras mais modernas. “Do ponto de vista da História, localizar a versão original possibilita a aproximação com a sonoridade de uma época e a análise de estilo. Já as versões mais modernas são mais facilmente encontradas e sua sonoridade soa mais familiar aos alunos.”;
• E contextualizá-la, por meio da identificação do autor, de sua época, de seu espaço, do lugar de onde faz seu discurso e do olhar que revela.
E proponha a elaboração de sínteses como resultado. Por exemplo:
• Registro escrito da ideia transmitida pela canção;
• Registro escrito da avaliação crítica da obra;
• Contextualização (relação do texto com o contexto de sua produção);
• Diálogo com outros documentos que ampliem a visão do período.
Ao final, estabeleça com os alunos uma data para a apresentação destas sínteses. A ideia é criar um fórum de discussão e debate entre os grupos com base nestas sínteses e, a partir daí, organizar uma “mostra musical” intitulada: “Para não dizer que não falei das flores: a resistência cultural ao regime militar e o engajamento da MPB”.
3ª Etapa: Organização da “mostra musical”
Explique aos alunos que para a organização desta “mostra musical” não é necessário que eles saibam cantar e/ou tocar qualquer instrumento. Afinal, é possível reproduzir a versão original das canções analisadas. (Mas caso haja algum “artista” entre os alunos, por que não aproveitá-lo?) Explique ainda que o objetivo deste “musical” é contar a história das músicas que conseguiram driblar o regime militar e fazer história, como sugere o título do artigo de Nelson Motta. E que o formato desta “mostra” será o do musical “Opinião” que intercalava canções com textos interpretados. Neste momento, solicite ao grupo responsável pela canção “Opinião” (Grupo 1), escrita para este musical, que compartilhe com os colegas as informações coletadas a este respeito. E acrescente, se julgar necessário, que se trata de uma obra de Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha), Paulo Pontes e Armando Costa que inovou o formato de espetáculo musical ao estrear em dezembro de 1964, no Teatro de Arena, em Copacabana, Rio de Janeiro. Sob a direção de Augusto Boal, “Opinião” misturava a linguagem de show com encenação teatral, trazendo no elenco os cantores-compositores Zé Keti e João do Vale e a cantora Nara Leão (substituída por Maria Bethânia). Intercalando canções com textos interpretados, “Opinião” narrava o cotidiano brasileiro, com os atores-cantores falando sobre o país, e tornava-se o primeiro espetáculo de resistência à ditadura militar (Link 10). Daí a opção, reitere, de adotar o formato de “Opinião” para esta “mostra musical”.
A escuta do CD “Opinião” e/ou a assistência de fragmentos da versão original do show “Opinião”, disponíveis no Youtube (Link 11), estimularão certamente os alunos a organizar esta mostra musical, intercalando a escuta da versão original das canções por eles analisadas com textos interpretados a respeito da história destas músicas que conseguiram (e como conseguiram) driblar o regime militar.
Materiais Relacionados
Links, todos acessados em maio de 2014
• Link 1: Artigo “Músicas conseguiram driblar o regime militar e fazer história”, de Nelson Motta. Disponível em: <http://m.g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/05/musicas-conseguiram-driblar-ditadura-militar-e-fazer-historia.html>.
• Link 2: O documento “Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora”, da Secretaria de Educação de São Paulo, encontra-se disponível em: <http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Documentos/BibliPed/EnsFundMedio/CicloII/LerEscrever/CadernoOrientacaoDidatica_Historia.pdf>.
• Link 3: A letra da canção “Opinião”, de Zé Keti, encontra-se disponível em: <http://letras.mus.br/ze-keti/197278/>.
• Link 4: A letra da canção “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, encontra-se disponível em: <http://letras.mus.br/geraldo-vandre/46166/>.
• Link 5: A letra da canção “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, encontra-se disponível em: <http://letras.mus.br/geraldo-vandre/46168/>.
• Link 6: A letra da canção “Apesar de você”, de Chico Buarque de Holanda, encontra-se disponível em: <http://letras.mus.br/chico-buarque/7582/>.
• Link 7: A letra da canção “Cálice”, de Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento, disponível em: <http://letras.mus.br/chico-buarque/45121/>.
• Link 8: A letra da canção “O bêbado e o equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, disponível em: <http://letras.mus.br/elis-regina/45679/>.
• Link 9: A letra da canção “Inútil”, de Ultraje a rigor (1983), disponível em: <http://letras.mus.br/ultraje-a-rigor/49189/>.
• Link 10: A respeito do musical “Opinião”, acesse “Show Opinião: engajamento e intervenção no palco pós-64”, de Mariana Figueiró Klafke, disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/79038/000900761.pdf?sequence=1>.
• Link 11: Assista com os alunos a fragmentos da versão original do show “Opinião”, disponíveis em: <https://www.youtube.com/watch?v=FO1AKeJHf90>.
Leituras
• NAPOLITANO, Marcos. Cultura brasileira: utopia e massificação (1950-1980). 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
• MELLO, Zuza Homem de. A Era dos Festivais: uma parábola. São Paulo: Ed. 34, 2003.
• SCHWARZ, Roberto. “Cultura e política (1964-69)”. In: O pai de família e outros estudos. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
Arquivos anexados
- “Para não dizer que não falei das flores”