Conteúdos
Este plano de aula trata da mistura dos idiomas ao longo do tempo, especificamente o português e o tupi (família linguística indígena mais disseminada na América do Sul).
Objetivos
- Explicar como as línguas se misturam ao longo do tempo e como palavras de uma língua podem se integrar a outra.
- Apresentar palavras de origem indígena que fazem parte do português, acompanhadas de seus significados.
- Estimular o interesse das crianças pela diversidade linguística e cultural do Brasil.
- Desenvolver habilidades de leitura, vocabulário e interpretação, por meio de atividades práticas.
Conteúdos/Objetos do conhecimento:
- A mistura das línguas – como o tupi se integrou ao português?;
- Palavras de origem indígena e seus significados;
- Exercícios de fixação; e
- Materiais de apoio.
Palavras-chave:
Mistura de línguas. Tupi. Palavras de origem indígena. Cultura indígena.
Previsão para aplicação:
3 aulas (50 min/aula).
1ª Etapa: A mistura das línguas - como o tupi se integrou ao português?
Nesta primeira etapa, o(a) professor(a) começará introduzindo o conceito de mistura de línguas de maneira acessível, adequada à faixa etária e ao perfil da turma, convidando as crianças a pensarem sobre a origem das palavras que usamos.
Ele(a) explicará que o português veio de Portugal, junto com os colonizadores, mas que, muito antes disso, os povos indígenas já viviam no Brasil e tinham suas próprias línguas, sendo o tupi uma das mais faladas. Com a chegada dos portugueses, começou um processo de convivência e troca cultural, no qual várias palavras da língua tupi passaram a ser usadas no português.
O(a) professor(a) mencionará que, quando culturas diferentes se encontram, as pessoas trocam costumes, ideias, brincadeiras e até palavras. A partir disso, explicará que algumas palavras de origem indígena se tornaram parte da nossa língua, como presentes dos povos indígenas à língua portuguesa.
Para ilustrar, o(a) professor(a) poderá mostrar um mapa do Brasil, explicando que os povos indígenas estavam espalhados em diversas regiões antes da chegada dos portugueses, e mostrar imagens de frutas, animais e outros itens que receberam nomes indígenas, como o abacaxi. Ele(a) pode explicar que essa fruta já era conhecida e nomeada pelos povos indígenas, e que os portugueses adotaram a palavra em tupi para se referir a ela.
Para tornar o conceito mais compreensível, o(a) professor(a) pode também perguntar aos alunos se conhecem palavras de outras línguas (como espanhol ou inglês) que utilizamos em nosso cotidiano, de forma a reforçar que misturar palavras de diferentes línguas é algo comum e que enriquece a forma como nos comunicamos.
Em seguida, o(a) professor(a) deve destacar a importância dessas palavras indígenas, explicando que elas são um símbolo da herança cultural indígena e nos ajudam a lembrar dos povos que viviam no Brasil muito antes da chegada dos portugueses. Ele(a) reforçará que, ao utilizarmos essas palavras, estamos valorizando e homenageando a cultura indígena, que continua viva em nosso vocabulário cotidiano.
Por fim, o(a) professor(a) deve abrir espaço para perguntas, incentivando as crianças a compartilharem palavras que conhecem e que possam ter origem indígena, ou mesmo suas palavras favoritas na língua portuguesa, ajudando-as a perceber que muitas delas têm raízes na cultura indígena e são uma parte importante da nossa história linguística.
2ª Etapa: Palavras de origem indígena e seus significados
Para apoiar a aplicação deste plano de aula, segue abaixo uma lista de palavras de origem indígena, acompanhadas de seus respectivos significados:
Palavra | Significado |
Abacaxi | Fruta tropical de casca dura e sabor azedo |
Açaí | Fruta pequena e roxa, muito consumida no Brasil |
Açucena | Tipo de flor encontrada nas florestas |
Anhangá | Espírito protetor da floresta, figura da mitologia tupi |
Arara | Ave colorida, com penas vibrantes e bico curvo |
Bacuri | Fruta amarela e doce, comum na região norte do Brasil |
Caeté | Vegetação rasteira, tipo de mato |
Caju | Fruta com sabor azedo e doce, do cajuzeiro |
Caipira | Pessoa do interior, muitas vezes associada ao modo simples de viver |
Camu-camu | Fruta amazônica, rica em vitamina C |
Capim | Planta fina, tipo de gramínea |
Capivara | Maior roedor do mundo, encontrado em áreas alagadas |
Carioca | Pessoa nascida na cidade do Rio de Janeiro |
Catapora | Doença infantil comum, marcada por bolhas vermelhas |
Cumaru | Árvore cujo fruto é usado como perfume |
Curió | Pássaro cantor da Amazônia |
Curumim | Menino indígena, termo usado para criança |
Guajajara | Nome de um povo indígena do Maranhão |
Guaraná | Fruta vermelha e pequena, usada em bebidas energéticas |
Ibirá | Árvore em tupi, usada para várias árvores brasileiras |
Ibi | Terra ou chão, na língua tupi |
Igarapé | Pequeno curso de água, canal natural encontrado na Amazônia |
Jabuticaba | Fruta pequena, preta, que cresce no tronco da árvore |
Jacaré | Réptil de água doce, comum no Brasil |
Jiboia | Cobra grande, comum nas florestas brasileiras |
Juriti | Tipo de pomba encontrada no Brasil |
Jururu | Triste, abatido |
Mandioca | Raiz comestível, base de muitos alimentos brasileiros |
Mani | Raiz alimentícia, também chamada de mandioca |
Maracanã | Tipo de papagaio encontrado no Brasil |
Mirim | Pequeno, usado para designar algo pequeno |
Mutum | Ave preta de bico colorido, encontrada nas florestas |
Paca | Animal roedor de médio porte, encontrado nas florestas |
Parati | Tipo de peixe comum em águas brasileiras |
Pirarucu | Peixe grande, comum no Rio Amazonas |
Pitanga | Fruta vermelha e doce, típica do Brasil |
Pindorama | Nome indígena dado ao Brasil, que significa “terra das palmeiras” |
Poti | Camarão em tupi, ainda usado em algumas regiões |
Pororoca | Onda grande que se forma nos rios amazônicos |
Siri | Animal crustáceo, encontrado no litoral brasileiro |
Tainha | Peixe comum na costa brasileira |
Tamanduá | Animal que se alimenta de formigas, comum no Brasil |
Tapajós | Rio e região amazônica |
Tapioca | Alimento feito com goma de mandioca, típico do Brasil |
Tatu | Animal de casca dura, encontrado nas florestas |
Tibum | Som de mergulho, onomatopeia típica |
Tucano | Ave de bico longo e colorido, típica do Brasil |
Uirapuru | Pequeno pássaro da Amazônia, famoso pelo seu canto |
Urucum | Fruto vermelho usado como corante natural |
Essa lista apresenta, de maneira acessível e organizada, exemplos de como a influência indígena se mantém viva no vocabulário cotidiano da língua portuguesa.
3ª Etapa: Exercícios de fixação
Proposta 1: Jogo de associação
Entregue cartões com as palavras e seus significados em separado.
Peça para as crianças associarem as palavras aos seus respectivos significados.
Proposta 2: Desenho das palavras
Escolha 10 palavras e peça para as crianças desenharem o que elas representam (exemplos: abacaxi, tamanduá, tucano etc.).
Incentive a turma a mostrar os desenhos para a turma e falar sobre o que aprenderam.
Proposta 3: Preenchendo as lacunas
Entregue frases com lacunas para preencher com as palavras certas, como: “A _____ é um fruto vermelho e doce que usamos em sucos e sobremesas.” (pitanga).
Proposta 4: Pesquisa
Organizando a turma em pequenos grupos, peça que pesquisem mais palavras (estipule uma quantidade por grupo) de origem indígena que utilizamos em nosso cotidiano e tragam para apresentar ao restante do grupo. Essa apresentação pode ser feita por meio de cartazes ou com o uso de outras ferramentas que o(a) professor(a) combinar com os alunos. Para evitar repetição de palavras, você pode definir, por exemplo, que um grupo traga palavras iniciadas com as letras A, B, C e D, enquanto outro grupo pode ficar responsável por palavras iniciadas com as letras E-F-G-H, e assim por diante.
4ª Etapa: Proposta de encerramento
Para encerrar o trabalho proposto neste plano de aula, sobre as palavras de origem indígena que fazem parte do nosso cotidiano, sugerimos que a turma elabore um dicionário tupi-português, reunindo as palavras que foram exploradas ao longo da aula, acompanhadas de seus significados.
Esse dicionário poderá ser um livro feito à mão pela turma, com ilustrações, cores e a criatividade de cada aluno, e será um recurso valioso para a escola. A ideia é que ele fique na biblioteca ou em um espaço compartilhado, onde todos os alunos e professores possam consultá-lo para aprender mais sobre a influência da cultura indígena em nossa língua.
Cada aluno (ou grupo de alunos) deverá ficar responsável por determinadas palavras, registrando o significado e criando uma ilustração que represente o termo. Em seguida, com o apoio do(a) professor(a), os alunos organizarão as páginas em ordem alfabética e revisarão o conteúdo, garantindo que os significados estejam corretos e acessíveis.
A turma pode encadernar as páginas ou colá-las em um caderno especial, criando uma capa decorativa e personalizando o dicionário como preferir.
Uma vez pronto, o dicionário poderá ser levado até a biblioteca e apresentado a outros colegas da escola, tornando-se um recurso coletivo para explorar a cultura indígena e sua influência na língua portuguesa.
Bom trabalho!
Materiais Relacionados
O TUPI QUE VOCÊ FALA por Fafá conta (contação de história) – Fafá conta histórias
Acesso em: 30 de outubro de 2024.
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Plano de aula elaborado pela Professora Daniela Leite Nunes.
Coordenação Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge.
Crédito da imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom – Agência Brasil