Conteúdos

– A importância de se falar sobre o suicídio
– É possível identificar uma pessoa suicida?

 

Objetivos

– Fatores e contextos atrelados ao suicídio
– Mitos e verdades
– As discussões nas Ciências Humanas
– Melancolia, depressão e solidão
– As redes sociais: amiga e inimiga

1ª Etapa: Breve história do suicídio

Por ser um tema delicado, pode despertar reações em alguns alunos ou até mesmo contribuir para identificar estudantes que tenham sintomas de uma pessoa com intenções suicidas. Indica-se começar com algum trecho dos vídeos sugeridos e mostrar aos estudantes que, principalmente na juventude, é comum passarmos por inúmeros questionamentos que envolvem questões do corpo, inadequação com outros colegas, não pertencimento, etc. É importante ressaltar que podem contar com o apoio da escola.

O suicídio na história

Ainda hoje, o suicídio é tratado como um grande tabu nas sociedades ocidentais, sobretudo no Brasil. Por sermos um país de matriz cristã e confessional, o ato de tirar a própria vida sempre foi tratado e falado como o pior dos atos e, muitas vezes, como egoísmo e fraqueza daquele que resolve dar fim a própria vida.

A questão do suicídio foi imortalizada pelo filósofo Albert Camus, o qual tratou o tema como sendo o grande problema da sociedade e uma questão da filosofia: A vida merece ou não ser vivida? Esse dilema já havia sido trabalhado por Shakespeare na peça “Hamlet”, com a famosa questão: “Ser ou não ser?”. Em outras palavras: Continuar ou não continuar?

Para Shakespeare, Camus, Nietzsche e tantos outros intelectuais, todos os dias as pessoas se perguntam se vale a pena continuar a viver e aguentar os dramas. Para Camus, o suicida responde essa questão. Contudo, pensadoras e pensadores vão argumentar que, no dia seguinte, o sentimento de que não vale a pena continuar se esvai, e sim, a vida vale a pena ser vivida.

Como podemos notar, seja na filosofia, na literatura ou nas moralidades da sociedade ocidental, o suicídio está longe de ser uma unanimidade e, por muito tempo, vai mover polêmicas em torno do “ser ou não ser”.

A questão do suicídio também foi motivo para originar um clássico da sociologia. Trata-se do livro “O suicídio”, de Émile Durkheim. Publicado originalmente em 1897, Durkheim vai estudar os fatores sociais que levam as pessoas a tirarem a própria vida. Para o sociólogo, o suicida é uma falha da sociedade doente, que não consegue cuidar de todos os seus entes. Essa tese suscita calorosos debates até os dias de hoje.

2ª Etapa: Questão estética e material

Cabe destacar outros fatores que também causam os sentimentos de não pertencimento, principalmente entre os jovens, que é a questão estética e material. Não podemos descartar o sofrimento, por exemplo, dos homossexuais, transexuais, negros, indígenas, ou ainda, das pessoas com corpos que não seguem os ditames da beleza imposto por uma indústria.

A homofobia e a transfobia estão entre as principais causas do suicídio entre jovens com idade de 12 a 16 anos. Nessa etapa da vida muitos não tornaram pública sua sexualidade, seja para amigos ou familiares. Dessa forma, passam a se isolarem do convívio social, o que lhes arrasta para a depressão e, muitas vezes, ao suicídio.

Precisamos também falar sobre o Bullying e o Cyberbullying. Além de toda a problemática da humilhação sofrida na escola, hoje em dia, os jovens vivenciam boa parte de seu tempo livre conectados nas redes sociais. Portanto, muitas das difamações e humilhações não terminam no espaço físico da escola e podem se alongarem no espaço digital, onde as piadas humilhantes viram memes que tem por objetivo atacar a diferença de raça, etnia, orientação sexual, identidade de gênero e outras questões estéticas ligadas ao corpo.

Muitos jovens avisam pela internet que vão se matar! Como dito, muitas pessoas com tendência suicida estão a todo momento dando avisos do que pretendem fazer, a atual geração, que passa horas e horas logada, também utiliza as redes sociais para avisar ou emitir sinais suicidas.

3ª Etapa: O suicídio no Brasil e no mundo

No Brasil, a questão do suicídio despertou o alerta de vários setores. Nos últimos anos, o número de pessoas que tiraram a própria vida se elevou de maneira drástica. De acordo com dados divulgados em 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil há um suicídio a cada 45 minutos; no mundo, há uma tentativa a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. O mesmo relatório da OMS afirma que o suicídio afeta, principalmente, jovens de 15 a 29 anos.

Especialistas no assunto se dividem sobre as causas do suicídio. Para a Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal), 100% dos suicidas possuem algum tipo de transtorno mental, os mais comuns são ansiedade e depressão. Álcool e outras drogas também entram no hall de fatores que podem levar uma pessoa a tirar a própria vida.

O sofrimento do suicida geralmente é silencioso, na campanha Setembro Amarelo de 2018 – mês de conscientização e prevenção ao suicídio – alguns alertas e características foram estabelecidos para que as pessoas ao redor possam ajudar:

– Frases de alarme: nunca ignorar quando uma pessoa fala em suicídio. De acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), frases que indicam o suicídio, em quase todos os casos, são pedidos de socorro.

– Mudanças inesperadas: quando uma pessoa muda drasticamente o jeito de ser, o alerta deve ser acionado.

– Nem todo depressivo é suicida: talvez o mito mais forte em torno do suicídio seja a figura da pessoa triste e solitária, porém, apenas 15% das pessoas com depressão vão cometer suicídio.

Atividade final

Depois de apresentar os dados e a questão filosófica, retomar a conversa com os estudantes, questionando se alguma vez o suicídio já passou pela cabeça de algum deles. Caso alguém dê uma resposta afirmativa, busque entender os motivos por meio de uma roda de conversa, fazendo com que o(a) estudante se sinta à vontade, seguro(a) e acompanhado(a).

Durante a atividade final, se o professor notar que algum estudante presente tenha sinais de depressão ou ansiedade aguda, reforçar o trabalho do Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio às pessoas com problemas psicológicos referentes ao tema dessa atividade.

Se possível, indica-se uma conversa com os pais do estudante, pois é sempre bom lembrar que muitos jovens com problemas de depressão e ansiedade dissimulam o comportamento para os pais e amigos, fazendo com que estes nunca desconfiem que algo de errado está ocorrendo. Todos fazem parte do tratamento daquele que passa por tal momento de angústia e dúvida sobre a vida.

O CVV funciona 24h por meio de vários modais e também pelo telefone: 188. Para mais informações, acesse o site do Centro de Valorização da Vida.

Materiais Relacionados

1 – Vídeo “Suicídio e o Processo de Morrência – Karina Fukumitsu”

2 – Leia a matéria “A cada 45 minutos, uma pessoa comete suicídio no Brasil”

3 – Entenda mais sobre o assunto na matéria “6 sinais de comportamento suicida”

Livros sugeridos para aprofundamento

KHEL, Maria Rita. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2019.

DUKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MINOIS, Georges. História do Suicídio: a sociedade ocidental diante da morte voluntária. São Paulo: Editora UNESP, 2019.

Arquivos anexados

  1. 2019_Plano de aula_SUICIDIO_Marcelo Hailer

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