Conteúdos
– Brasil Colonial
– Questão Indígena
– Guerras de Conquista
– Confederação dos Tamoios
Objetivos
– Identificar a Confederação dos Tamoios como parte do processo das Guerras de Conquista que ocorreram no Brasil durante o período colonial
Previsão para aplicação:
1 aula (50 minutos)
1ª Etapa: Contexto
Professor(a), nesse momento você irá introduzir o assunto à turma, para isso, escreva no quadro os dados referentes à porcentagem de terras ocupadas pela população indígena atualmente em nosso país, em contraponto com as áreas ocupadas pelos ruralistas, segundo o IBGE, ou projete o infográfico para a turma dispor dos recursos necessários.
O objetivo aqui é que os alunos tomem conhecimento da realidade experimentada pela população indígena no que diz respeito à ocupação de território, para que haja uma compreensão mais profunda do tema que será tratado, relacionando as Guerra De Conquista e a Confederação dos Tamoios com as atuais disputas territoriais no Brasil.
Professor(a), pontue com seus alunos que durante muitos anos a História dos indígenas não foi contada em sala de aula, ou foi sempre narrada pela ótica do colonizador, dessa forma, criou-se um mito de que do nativo reagiu pacificamente à colonização portuguesa, que não resistiu ao ter seu território ocupado por outro povo, ocultando os movimentos de resistência dos povos indígenas.
2ª Etapa: Desenvolvimento do tema
Professor(a), nessa etapa você irá aprofundar a discussão do tema com os alunos, para isso, organize a sala em grupos de até quatro membros e distribua os textos 1 e 2 para que os estudantes realizem a leitura.
Texto 1:
“Como essa história do contato entre os brancos e os povos antigos daqui desta parte do planeta tem se dado? Como temos nos relacionado ao longo desses quase 500 anos? É diferente para cada uma das nossas tribos o tempo e a própria noção desse contato? Em cada uma dessas narrativas antigas já havia profecias sobre a vinda, a chegada dos brancos. Assim, algumas dessas narrativas, que datam de dois, três, quatro mil anos atrás, já falavam da vinda desse outro nosso irmão, sempre identificando ele como alguém que saiu do nosso convívio e nós não sabíamos mais onde estava. Ele foi para muito longe e ficou vivendo por muitas e muitas gerações longe da gente. Ele aprendeu outra tecnologia, desenvolveu outras linguagens e aprendeu a se organizar de maneira diferente de nós. E nas narrativas antigas ele aparecia de novo como um sujeito que estava voltando para casa, mas não se sabia mais o que ele pensava, nem o que ele estava buscando. E apesar de ele ser sempre anunciado como nosso visitante, que estaria voltando para casa, estaria vindo de novo, não sabíamos mais exatamente o que ele estava querendo. E isso ficou presente em todas essas narrativas, sempre nos lembrando a profecia ou a ameaça da vinda dos brancos como, ao mesmo tempo, a promessa de ligar, de reencontrar esse nosso irmão antigo.”. KRENAK, Ailton. O Eterno Retorno do Encontro. Novaes, Adauto (org.), A Outra Margem do Ocidente, Minc-Funarte/Companhia Das Letras, 1999. Acesso em: 05/08/19.
Texto 2:
“Os Tamoios, que os portugueses viam como rebeldes confederados aos franceses, permanecem uma imagem profícua para o Brasil. Não apenas para pensar o nascimento da nação mas, recentemente, inclusive, para pensar os destinos dos povos indígenas atuais que, aos poucos, encontram formas de se representar como um “conjunto” e como um “movimento”. Carregado deste aspecto metafórico — evento que se presta a pensar outros eventos — o episódio que acabamos de trazer à baila é pouco conhecido do ponto de vista historiográfico e, ainda menos, do ponto de vista etnológico. As dificuldades para reconstituí-lo e compreendê-lo são muitas. As fontes são escassas: dispomos apenas das cartas, informações e crônicas jesuíticas da década de 1560, marcadas por um forte viés ideológico. De saída, a descrição que elas oferecem para a aliança entre Tupi e franceses é carregada pelo sentimento de oposição aos calvinistas, exacerbado nas guerras de Religião, bem como pela imagem de ausência de organização por parte dos indígenas. Dos próprios Tamoios não possuímos descrição alguma dos eventos que os tornaram famosos. Como os demais grupos tupi da costa, foram varridos do litoral para dar lugar à expansão da colonização portuguesa e, em meados do século XVII, já não havia notícia de grupos tupi ao longo da costa de que antes eram senhores. ” MOISES-PERRONE, Beatriz; SZTUTMAN, Renato. Notícias de uma certa Confederação dos Tamoios. MANA 16(2): 401-433, 2010. Acesso em: 05/08/19.
Professor(a), nessa etapa é importante que os alunos consigam obter uma compreensão mais profunda do que foi a Guerra dos Tamoios, entendendo as nuances como as alianças entre diferentes etnias indígenas com franceses e portugueses, e como essa organização dos povos nativos representava uma ameaça ao projeto colonizador português. Aqui, é importante que se reforce como episódios como esse são poucos explorados pela nossa historiografia tradicional e como isso faz parte da criação de um imaginário indígena pacífico diante do cenário da colonização. É importante que as organizações dos povos indígenas sejam estudadas para que se desfaça essa imagem, bem como para compreender as atuais movimentações destes povos, ainda em luta pela manutenção de seus territórios originários. Relembre os dados estudados na introdução da aula, relacionando a porcentagem de terras indígenas atuais e terras usadas para o agronegócio.
É importante que, ao realizar a leitura do primeiro texto, o(a) professor(a) informe à turma que o autor é um historiador indígena, sendo assim, escreve a partir da ótica dos povos indígenas. Mostre que para os povos nativos havia, e ainda há, uma compreensão distinta do encontro entre brancos e indígenas e que parte dos conflitos que ocorrem a partir desse encontro são de responsabilidade da visão mercantilizada e da exploração por parte dos europeus ao ocuparem as terras “conquistadas”.
3ª Etapa: Atividade
Professor(a), nessa etapa os alunos irão realizar uma atividade cujo objetivo é sintetizar os conhecimentos adquiridos durante o debate em sala de aula.
Nessa atividade, os grupos deverão fazer um exercício de síntese sobre o evento histórico que acabaram de estudar. Para isso, devem escrever um pequeno texto onde respondam a seguinte pergunta: O que foi a Confederação dos Tamoios e qual seu legado para os povos indígenas atuais?
Os textos escritos podem ser lidos para o restante da sala, compartilhando assim as impressões de todos sobre o assunto estudado.
Materiais Relacionados
Professor(a), para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, indicamos as seguintes leituras e vídeos:
1) CRUZ, Caroline Silva; JESUS, Simone Silva. Lei 11.645/08: A escola, as relações étnicas e culturais e o ensino de história – algumas reflexões sobre essa temática no PIBID. XXVII Simpósio Nacional de História – Conhecimento histórico e diálogo social. RN, jul. 2013. Acesso em: 05/08/19.
2) BOLOGNESI, Luiz. Guerras do Brasil.doc – As Guerras de Conquista. 130 min. Brasil, abril 2019. Disponível na plataforma Netflix.
3) KRENAK, Ailton. O Eterno Retorno do Encontro. Novaes, Adauto (org.), A Outra Margem do Ocidente, Minc-Funarte/Companhia Das Letras, 1999. Acesso em: 05/08/19.
Referências Bibliográficas:
1) MOISES-PERRONE, Beatriz; SZTUTMAN, Renato. Notícias de uma certa Confederação dos Tamoios. MANA 16(2): 401-433, 2010. Acesso em: 05/08/19.
2) ANCHIETA, José de S. J. 1933 [1554-1594]. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões (1554-1594). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
3) FERNANDES, Florestan. 1989 [1948]. A organização social dos Tupinambá. São Paulo: Hucitec.