Conteúdos

Trabalho

Narrativa distópica

Vocabulário da rotina

Objetivos

Refletir sobre os aspectos filosóficos e sócio-históricos do trabalho;
Conversar sobre as ações da rotina em língua estrangeira, de forma a pensá-la criticamente;
Estudar as narrativas distópicas e sua relação com o presente;
Estudar historicamente as mudanças na divisão de trabalho no capitalismo e suas implicações sociais e culturais;

 

1ª Etapa: Antes do Filme

Recomenda-se que o curta-metragem seja exibido sem introdução para que sintam o  impacto da obra.  Apesar de ser um curta-metragem denso e cheio de conceitos importantes, muito de sua proposta provavelmente chegará aos alunos sem intermediações, e será posteriormente aprofundada e discutida.

2ª Etapa: Debate

Após a exibição do curta, os professores podem abrir a discussão com os alunos perguntando sobre o que eles acham que o filme está refletindo, e quais os questionamentos propostos pela obra. É importante lembrar o título O Emprego, chamando reflexões sobre o Trabalho e as condições em que ele se desenvolve. Como está organizado o mundo retratado na obra? Essa organização valoriza o ser humano ou o transforma em objeto? Os alunos acreditam que essa representação corresponde ao mundo que observam em seu dia a dia? Como as cores, sons e os desenhos dos personagens contribuem para a construção do efeito melancólico e desumanizado? 

3ª Etapa: História e Sociologia – O trabalho no tempo

Antes do capitalismo que trouxe a produção em série, o trabalho era realizado do começo ao fim pelos mesmos sujeitos, que dominavam todas as etapas da produção. Um sapateiro sabia preparar o couro, trabalhá-lo, moldá-lo, etc. A partir da instauração do modo de produção capitalista, com a produção em série, os sujeitos passaram a não dominar mais todas as etapas de produção, sendo alienadas – segundo o conceito marxista – do seu próprio trabalho. O curta-metragem em questão retrata um mundo minuciosamente organizado em que cada um tem o seu lugar estabelecido. Um organismo complexo em que cada um depende de todos, mas que ninguém usufrui da vida, do trabalho e do contato humano. 

 

Os professores de História e Sociologia podem trabalhar com os alunos os processos históricos que conduziram a esta sociedade, e que são fundamentais para entender o mundo em que vivemos. Como cada sociedade encara o trabalho e sua relação com a vida? É possível imaginar outras formas de pensá-lo e vivê-lo?

 

 

4ª Etapa: Filosofia – A reificação

O conceito de reificação, ou coisificação, é central na Filosofia desde o pensamento de Marx, sendo retomado por muitos outros pensadores, e é difícil ignorá-lo quando pensamos as relações modernas de trabalho. O Emprego, ao tratar desse tema, transforma em imagem a ideia de que as relações humanas contemporâneas – de trabalho ou não – estão objetificadas. Perderam sua dimensão de vida,. A partir da obra, é possível discutir tanto o conceito de reificação, nas várias esferas do cotidiano (a religião, as relações entre as pessoas, a mídia.  O que diferencia um ser de uma coisa? Quais os significados do trabalho em nossa sociedade? Quais as possibilidades de mudança em uma sociedade altamente organizada? 

5ª Etapa: Língua Portuguesa: as distopias

Imaginar o futuro é algo muito presente no pensamento humano, seja para projetar expectativas boas ou ruins. Junto a todas as narrativas utópicas imaginadas pelos autores, encontramos as distopias, que a partir de uma análise do presente imaginam um mundo em que “tudo deu errado”, desde Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley ou 1984 de Geroge Orwell até filmes de ficção científica como Minority Report ou Brazil, o Filme. A partir destes textos de ficção podemos entender muitos aspectos de nosso presente, que são levados às últimas consequências pelas obras. Em geral, são retratadas sociedades de controle, em que tudo está pensado e nada pode escapar ao poder e à organizadíssima hierarquia.

 

O Emprego compartilha vários desses aspectos ao retratar uma sociedade extremamente organizada e hierarquizada em que o sentido da existência parece estar na própria manutenção dessa ordem. A área de Língua Portuguesa pode discutir com os alunos os principais aspectos das narrativas distópicas, sempre lembrando que elas estão conectadas ao presente. Depois de um estudo detalhado, que pode passar pela análise de algum livro específico, pode pedir aos alunos que elaborem em grupo uma narrativa distópica, levando às últimas consequências algum aspecto da sociedade que lhes chama a atenção. A discussão pode passar pelo uso das tecnologias, pelas relações sociais e afetivas, ou outros elementos que ocasionalmente apareçam na discussão.

 

6ª Etapa: Línguas estrangeiras: ações da rotina

O curta-metragem narra basicamente a rotina de um homem, desde quando se levanta até quando vai ao trabalho. Os professores de língua estrangeira normalmente passam pelo estudo dos verbos e substantivos que implicam a narração da própria rotina, ou de algum personagem. Esta é uma oportunidade de dar à atividade um caráter mais crítico, refletindo sobre como a nossa rotina está intimamente relacionada com a cultura e a sociedade. Como não há nenhuma fala, o professor pode pedir aos alunos que narrem as ações desenvolvidas pelo personagem na língua estrangeira em questão, utilizando o léxico previamente trabalhado sobre a rotina. (levantar, tomar café da manhã, se vestir, etc.) Posteriormente, podem fazer uma atividade oral ou escrita que discuta os aspectos relevantes da obra.

Materiais Relacionados

Veja o making off do curta metragem El Empleo.
 
Para ler mais sobre as distopias.
 
Para saber mais sobre o trabalho na história.
 
Artigo que trabalha com os conceitos de sociedade disciplinar e de controle, dos filósofos Michel Foucault e Gilles Deleuze:  

 

Sinopse

 

Sem palavras, sem música e em apenas 6 min, El Empleo consegue dar conta de retratar um mundo em que não se sabe bem o limite entre os objetos e os seres. A partir da simples rotina de um homem, a animação nos mostra a complexidade das relações de trabalho no mundo contemporâneo e mostra aquilo que normalmente está invisível. Quantas pessoas trabalharam para que tenhamos o nosso café da manhã todos os dias, as nossas roupas, ou pudéssemos fazer nossos inúmeros trajetos diários? E, principalmente, até que ponto refletimos qual o sentido de nossas funções em toda essa complexa engrenagem?

 

Ficha Técnica:  

 

Direção: Santiago “Bou” Grasso  Roteiro: Patricio Gabriel Plaza  Gênero: Animação, drama Classificação etária: Livre  Duração: 6 min  Ano: 2008  Nacionalidade: Argentina  Animação: Santiago Bou Grasso, Patricio Gabriel Plaza, Lautaro González  Som: Patrício Plaza  Produção: OpusBou

 

Arquivos anexados

  1. O Emprego

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