Conteúdos

Este plano de aula apresenta a história da festa de Natal, identificando as origens cosmológicas que deram origem à festividade, objetivando uma reflexão que perpassa temas como cultura, tradição e raízes ancestrais.

Objetivos

  • Conhecer a história do Natal;
  • Analisar os significados da festa e refletir sobre os motivos que nos levam a comemorar, anualmente, o dia 25 de dezembro; e
  • Refletir sobre a questão da religiosidade e comportamentos, promovendo uma discussão crítica a respeito da cultura.

Conteúdos / Objetos do conhecimento: Religiões monoteístas. Disputa de territórios. Publicidade. Cultura de massa.

Palavras-chave: Cristianismo. Religiões heliocêntricas. Território. Disputas. Política. Cultura.

Previsão para aplicação:

3 aulas de 50 minutos/cada.

A primeira aula servirá para tratar sobre a origem religiosa do Natal, analisando a Saturnália e o Império Romano. A segunda aula aborda a cultura do Natal moderno, bem como referências ao culto natalino presentes nas artes, na literatura e no cinema.

1ª Etapa: Contextualização

Professor(a), nesta etapa você deve introduzir o assunto que será trabalhado durante a aula. Aproveite este momento para identificar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do tema.

Sugiro iniciar uma discussão com os alunos, por meio da seguinte provocação: “O mundo já comemorou mais de mil natais, e o primeiro deles foi em 336 d.C. Alguém sabe a origem disso e por que comemoramos ainda hoje?

2ª Etapa: Problematização e aprofundamento

1° Ciclo

Professor(a), reserve um tempo para dar as orientações e organizar a sala. Você pode fazer isso antes do início da aula.

Esta etapa tem como objetivo aprofundar a discussão do tema proposto para a aula. Leia com a turma o texto abaixo:

“A escolha de 25 de dezembro como a data do nascimento de Jesus não tem nada a ver com a Bíblia; ao contrário, foi uma escolha bastante consciente e explícita de usar o solstício de inverno para simbolizar o papel de Cristo como a luz do mundo.”

DIARMAID, MacCulloch. professor de história da Igreja na Universidade de Oxford, no Reino Unido, à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC em:

O que era a Saturnália, rito romano pagão ao qual se atribui a verdadeira origem da celebração de Natal

Acesso em: 01 de dezembro de 2023.

Para iniciar a atividade, você deverá apresentar aos alunos outras festividades com características embrionárias que deram origem à nossa festa de Natal, usando como exemplo as festividades pagãs que celebravam os ciclos naturais do ecossistema.

Existem registros históricos de festividades com essas características, que vão desde as culturas mesopotâmicas ao Império Romano. Durante o solstício de inverno, os gregos faziam festas para Dionísio. Os egípcios também faziam festividades para Osíris, nessa mesma época do ano.

É importante salientar que, dentro dessas culturas, havia o conceito de politeísmo, um sistema religioso que consiste na crença em diferentes divindades.

Em Roma, acontecia a festividade de maior impacto comunitário e social, a Saturnália, festa ao Deus Saturno, uma entidade muito poderosa: Deus do tempo, da agricultura e das coisas sobrenaturais.

O festival tinha início no dia 17 de dezembro e durava uma semana, de forma que seu último dia era 25 de dezembro, quando o processo do solstício já havia se concretizado.

Saturnália de Antoine Callet
Saturnália de Antoine Callet, 1783. Fotografia. (crédito: usuário Themadchopped. In Wikipédia. Licença CC0 / domínio público)

A Saturnália era uma reação ao fato de os dias ficarem mais curtos com a chegada da escuridão, característica do solstício de inverno do hemisfério norte. Simbolicamente, os romanos interpretavam a ausência de luz como a morte da terra. Na cosmovisão romana pré-cristã, era necessário agradar ao Deus Saturno, senhor do tempo, para que os dias frios e escuros de inverno tivessem um fim.

Uma outra característica da Saturnália era o afrouxamento das regras morais e uma inversão dos papéis de performance social. Durante o festejo, os homens trocavam de papel social com as mulheres e os senhores com os escravos.

As casas romanas eram enfeitadas com as folhas caídas do inverno, as árvores secas eram adornadas com frutos colhidos da primavera e diversos presentes eram trocados entre vizinhos, características que podemos notar ainda nos dias de hoje.

Em 336 d.C., o Papa Júlio I, representando os interesses da igreja cristã ao enfrentamento das festividades pagãs e da supressão das tradições politeístas, tratou sobre a data do dia 25 de dezembro com o primeiro imperador romano cristão, Constantino, que aceitou a proposta do papado de transformar a data na comemoração do nascimento de Cristo. Eis o surgimento do Natal cristão.

Papa Júlio I
Papa Júlio I – Mais tarde beatificado como São Júlio (crédito: autor desconhecido)
Mosaico de Constantino na igreja de Santa Sofia
         Mosaico de Constantino na igreja de Santa Sofia (crédito: reprodução)

2° Ciclo

Agora que visitamos a origem do Natal cristão, vamos analisar as influências que moldaram o Natal moderno. Vamos falar sobre a obra literária “Um conto de Natal”, de Charles Dickens, publicada em 1843 e sobre a influência da publicidade no conceito de “espírito natalino.”

Charles Dickens é conhecido como o homem que inventou o Natal na cultura literária, por meio do livro “Contos de Natal”, escrito em 1843. Charles Dickens definiu perspectivas natalinas em direção a valores morais e padrões de humanidades.

Ainda hoje, é uma tradição no mundo literário a criação de histórias sobre o Natal que, na maioria das vezes, trilham o caminho definido por Dickens, caracterizando a obra “Um conto de Natal”, um clássico do gênero literário.

No livro, o personagem principal, Ebenezer Scrooge, é um empresário inglês que, sempre contrariado com as festas de Natal, se lamuria pelos prejuízos acarretados pela folga dos funcionários e a mudança nos horários comerciais.

Numa véspera de Natal, Scrooge recebe a visita de um espírito, o espírito do seu ex-sócio Jacob Marley, morto há sete anos, naquele mesmo dia. Marley volta ao mundo dos vivos para alertar Scrooge. O fantasma defende que não consegue descansar em paz, e a razão do seu sofrimento é a forma como viveu. Sempre mesquinho e mal-humorado, ele alerta que Scrooge pode seguir para o mesmo destino fúnebre, mas sugere a possibilidade de uma mudança e anuncia que três espíritos estão a caminho da casa de Scrooge.

Os três são: o espírito do Natal passado, o espírito do Natal presente e o espírito do Natal futuro.

O espírito do Natal passado retorna com as lembranças de Scrooge, momentos em que agiu como um homem vil, causando sofrimento aos seus pares. O espírito do Natal presente mostra ao personagem central o exemplo de familiares e vizinhos, que comemoram a festa de forma comunitária, empática e benevolente. O espírito do Natal futuro anuncia um futuro obscuro e solitário ao velho Scrooge.

Após a visita dos três espíritos, Scrooge acorda com reflexões profundas, renuncia a amargura e percebe que já é dia 25 de dezembro. Ele vai às compras de comida e presentes, distribui aos pobres e comemora o primeiro Natal da sua existência.

Nessa história, são lançadas características de que a sociedade capitalista se apropriou desde então, como o gesto de assar um peru no forno para dividir com os nossos pares e distribuir presente a pessoas queridas e aos mais pobres.

O livro foi um sucesso imediato, tendo sido aclamado pela sociedade inglesa. Era o auge da Revolução Industrial, e a obra foi vista como uma crítica à cultura produtivista e individualista que florescia a todo vapor naquele momento.

Podemos usar esse exemplo descrito acima para discutir em sala de aula o impacto da ficção nas sociedades industriais, bem como para refletir sobre a produção e a reprodução de hábitos e a influência dos livros sobre as tradições.

Christmas Carol
Ilustrações originais da primeira edição de “Christmas Carol” ou “Um conto de Natal”, feitas por John Leech (crédito: reprodução).

3ª Etapa: Sistematização

Professor(a), esta etapa tem como objetivo sistematizar os conhecimentos dos estudantes a respeito do tema trabalhado durante a aula. Para isso, a atividade deve servir como forma de evidência daquilo que os estudantes aprenderam, tornando visíveis os objetivos de aprendizagem alcançados ao longo da aula, ainda que parcialmente.

Importante: Para esta atividade, precisaremos de uma aula inteira. É a terceira aula prevista para esta sequência didática.

Retome com a turma os aprendizados da aula anterior, com a discussão sobre a origem do Natal cristão e o conceito de espírito natalino na concepção de Charles Dickens. Oriente os estudantes a terem em mãos as anotações que fizeram ao analisar os documentos na dinâmica de rotação por estações, realizada na aula anterior.

Neste momento, a turma deverá se organizar em roda de conversa, e o professor mediará a reflexão, utilizando-se de provocações pertinentes, como:

  • Vocês conheciam a história da Saturnália?
  • Por que comemoramos o Natal?
  • Com quem comemoramos o Natal?

Conclusão: Finalize a aula destacando pontos e falas importantes acerca do tema discutido. Sintetize a razão da necessidade de procurar a origem das tradições e a importância das reflexões acerca das tradições.

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Acesso em: 01 de dezembro de 2023.

Acesso em: 01 de dezembro de 2023.

Plano de aula elaborado pelo professor Mateus Lacerda.

Coordenação Pedagógica: prof.ª dr.ª Aline Bitencourt Monge.

Revisão textual: professora Daniela Leite Nunes.

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