Memórias leitoras

A criação literária está acompanhada de nossas lembranças e experiências pessoais. Quando os alunos são convidados a escrever, raramente expressam suas recordações e sentimentos. Muitas vezes o ato de escrever, para eles, é percebido como reprodução de histórias superficiais que conhecem. Poucos se aventuram a expor suas fragilidades e inseguranças. Quando nos colocamos de igual para a igual com os jovens e apresentamos a eles autores que não tiveram medo de se arriscar, favorecemos o aprendizado da língua escrita como potente instrumento de registro da memória.

A fonte mais rica da literatura é a experiência individual de cada um e o modo como ela se relaciona com a história de vida de outras pessoas. Para o premiado escritor de livros infantis, Ilan Brenman “Qualquer autor passa para o texto (querendo ou não) seus preconceitos, ideias, perversões, sonhos, frustrações, amores, esperanças, etc. E é exatamente isso que torna a literatura tão rica, fascinante e humana.” Cabe ao professor conduzir os jovens nesse caminho de liberdade literária.

2ª Etapa: Lendo Clarice Lispector e João Ubaldo

• Inicie a aula apresentando aos alunos o conto “Felicidade Clandestina” de Clarice Lispector. Pergunte se eles conhecem essa autora, caso não tenham conhecimento apresente ao grupo sua biografia. Tanto o texto quanto a autobiografia da autora você encontra no item “Para organizar o seu trabalho e saber mais”. Faça a leitura do texto junto com os alunos e discutam as principais ideias presentes nele.

• Em seguida, apresente aos alunos a biografia do autor João Ubaldo Ribeiro e leia seu texto “Memórias de livros”, ambos estão disponíveis no item “Para organizar o seu trabalho e saber mais”. Faça uma comparação entre a escrita dos dois autores, levantem semelhanças e diferenças entre os dois tipos de texto. Você pode inclusive construir uma tabela comparativa.

• Uma outra opção para esta atividade, com alunos mais velhos, seria dividir a sala em dois grupos e indicar que cada um leia previamente um dos textos.

• Para complementar o trabalho poderá assistir com os alunos uma entrevista de 1977 com a autora Clarice Lispector e o programa Roda Viva de 2012 com João Ubaldo Ribeiro, os dois falam sobre seu processo de escrita e sua carreira como autores no Brasil.

3ª Etapa: Criando nossas memórias leitoras

• Converse com os alunos sobre o tema principal dos dois textos lidos e discutidos, convide-os a refletir sobre o porquê de uma memória ser um texto carregado de sentimento, mesmo quando escrito em forma de conto. Você pode aproveitar para contar aos alunos o seu processo como leitor, escrever e ler para eles um fato que marcou sua trajetória com a leitura.

• Posteriormente, proponha aos alunos que criem suas próprias memórias leitoras. O que leram? Como leram? Por que este texto os impressionou? Lembre-se de orientá-los nessa escrita validando que a escrita de uma memória precisa ter sentimento, emoção, contar algo que tenha marcado sua vida.

• Com a finalização das escritas, leia os textos e oriente os alunos na revisão dos mesmos, quando necessário. Um bom escritor é aquele que retoma o texto após um tempo e revisa-o com outros olhos.

• Esta atividade também pode ser construída em duplas. Cada aluno lerá a produção de um parceiro e apontará melhorias.

4ª Etapa: Apresentando nossas memórias

• Para finalizar o trabalho, crie com os alunos uma maneira de apresentar os textos escritos para outras pessoas da comunidade escolar, sejam os pais, colaboradores ou outros alunos. Você pode propor a apresentação dos textos em um Sarau ou a produção de um livro de memórias. O importante é que os alunos percebam que têm capacidade de colocar seus pensamentos e sentimentos no papel sem serem julgados por isso e vejam a leitura como uma forma de libertar seus pensamentos.

• Você pode também poderá, para enriquecer o processo de produção da apresentação, exibir r o curta-metragem “Clandestina Felicidade” disponível no item “Para organizar seu trabalho e saber mais”, analisando com a turma a diferença entra a linguagem literária e a linguagem visual.