Conteúdos

Gênero poema;

Manoel de Barros;
metalinguagem

Objetivos

Conhecer o poeta Manoel de Barros;

Reconhecer a linguagem poética do silêncio e das pequenas coisas;
Reconhecer a poética de Manoel de Barros.
 

1ª Etapa: Aproximação com Manoel de Barros

Inicie a aula perguntando aos alunos para que serve poesia. Anote tudo o que disserem no quadro. Seria importante tentar agrupar as respostas por finalidade, ou seja, haverá respostas que terão como centro o poeta (“serve para o poeta expressar-se”), outra o leitor (“serve para nos emocionar”) e deixe um espaço para  colocar a opinião de Manoel de Barros:

 

“a poesia é a virtude do inútil – não tem nenhuma utilidade”, 

 

Observe a reação dos alunos e converse com eles sobre Manoel de Barros e o que significa essa falsa inutilidade da poesia de que ele fala. Você pode continuar essa conversa e apresentar trechos do documentário “Só dez por cento é mentira” (link na Seção Para saber mais”).

 

Além disso, apresente este verso do poema “O livro sobre o nada”:

 

“A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.”

 

A partir dele converse com a turma sobre como a literatura pode expressar nossos mais fundos desejos? Retome a ideia de que nós encontramos a poesia nas coisas e em nós mesmos. 

 

2ª Etapa: Fechamento

Apresente o poema para os alunos: (Veja tabela/ imagem/ figura no material de apoio anexo nesse plano de aula).

 

Converse com os alunos sobre João e Alice serem os pais de Manoel de Barros. Mostre que o poeta usa a poesia para “se apresentar” ao leitor, dividindo-se em dois: o poeta de “unha, roupa, chapéus e vaidade” e o poeta de “letras, sílabas, vaidades e frases”. Nota-se que a vaidade (como característica humana) está presente em ambos. Eles se abrem ao leitor para que este possa amar o que receber.

 

Mostre agora os desenhos feitos por Manoel de Barros:

 

Peça, então, que os alunos façam uma lista de palavras de que mais gostam. Depois disso, devem escolher uma delas para se apresentarem, assim como fez Manoel de Barros. Nos três poemas trabalhados nesta aula, eles tiveram contato com uma visão de si e do mundo, sendo o poeta alguém que valoriza o insignificante. Proponha ao aluno que ele mostre o que valoriza em si e no mundo. 

 

Se alguns sentirem dificuldade, peça para fazerem um decalque do poema “Dois”, de Manoel de Barros. O decalque consiste em ter o poema como modelo trocando apenas algumas palavras:

 

O fruto do amor de _________________ (preencher com o nome dos pais do aluno)

Quando todos acabarem, organize um varal de poesia.

 

3ª Etapa: aproximando do tema – encontrar a poesia

Apresente para os alunos o poema “Tratado geral das grandezas do ínfimo”

 

Tratado Geral Das Grandezas Do Ínfimo Quotes (showing 1-1 of 1)

 

“A poesia está guadarda nas palavras – é tudo que 

eu sei.

Meu fado é o de não saber quase tudo.

Sobre o nada eu tenho profundidades.

Não tenho conexões com a reladidade.

Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.

Para mim poderoso é aquele que descobre as

insignificâncias (do mundo e as nossa).

Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.

Fiquei emocionado.

Sou fraco para elogios.” 

 

Depois de ler o poema com a sala, pergunte aos alunos se percebem que há um paradoxo no título do poema. Verifique se eles reconhecem isso em “grandeza do ínfimo”, retomando a ideia de a insignificância é importante, não ser dono de grandes verdades, mas descobrir-se nas pequenas coisas. Além disso, apresente a definição de tratado:

tratado 

 

(tra.ta.do)

 

sm.

 

1. Acordo, pacto entre países (tratado de paz)

 

2. Estudo a respeito de uma ciência, arte etc. [+ sobre : Escreveu um tratado sobremedicina alternativa.]

 

3. Ajuste, convênio entre indivíduos, ou entre um indivíduo e uma entidade; TRATO

 

[F.: Do lat. tractatus,us. Ideia de ‘tratado’, usar suf. -logia]

 

http://www.aulete.com.br/tratado#ixzz3JeotgvXN

 

Observe se eles reconhecem que o poeta usa o conceito 2, mostrando um “estudo a respeito do ínfimo, ou seja, daquilo que tem menor valor, reforçando a ideia da valorização das pequenas coisas.

 

Retome a ideia presente no primeiro verso “A poesia está guardada nas palavras”, mostrando que essa é a chave para poesia de Manoel de Barros, que a vê como um exercício de descobertas e ressignificação do inútil. A ideia da incerteza acompanha o poeta que quer encantar-se com um novo olhar o mundo.

 

4ª Etapa: a paixão pela palavra

Conte para os meninos que Manoel de Barros dizia que as palavras é que se apaixonavam por ele e era o encontro com outras palavras que resultava num poema. Mostre que o poeta não fala de inspiração, mas de palavras que despertam nele o fazer poesia. Leia com a turma o poema: 

 

Retrato do artista quando coisa

A maior riqueza do homem

é a sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito. 

 

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, 

que puxa válvulas, que olha o relógio, 

que compra pão às 6 horas da tarde,

que vai lá fora, que aponta lápis, 

que vê a uva etc. etc. 

 

Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.

Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros BARROS, M. Retrato Do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998. 

 

Analise com os alunos o poema mostrando a relação da palavra “coisa” presente no título e a necessidade do eu lírico precisar ser “outros”. Retome o trecho “não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas…” Converse com a turma sobre essa confissão do eu lírico de sentir a necessidade de deixar ser um sujeito ordinário (comum).

 

Ele precisa ser Outros, ou seja, preencher-se de algo a mais do que ações, seriam as palavras que possibilitariam isso? Converse com a turma sobre a possibilidade que a poesia dá para o poeta ser outros (o poeta é um fingidor – Fernando Pessoa). 

 

Nesse desejo de ser outro, o poeta traz a ideia de que “pensa em renovar o homem usando borboletas”, que representam a transformação, a metamorfose, segundo o Dicionário de Símbolos (2001): “Um outro aspecto do simbolismo da borboleta se fundamenta nas usas metamorfoses: a crisálida é o ovo que contém a potencialidade do ser; a borboleta que sai é um símbolo de ressureição. É ainda, se se preferir, a saída do túmulo.” 

 

A partir dessa definição, converse com os alunos sobre o início do poema: “a maior riqueza do homem é a incompletude”. Como eles entendem esse trecho? Verifique se reconhecem que o ser humano está sempre em construção e talvez seja isso que o motive a viver. O que os alunos pensam sobre isso? Seria possível renovar-se?

 

Materiais Relacionados

1. Para conhecer mais sobre Manoel de Barros.

 
2. Para conhecer mais sobre Manoel de Barros, assista ao documentário “Só dez por cento é mentira”.
 
3. Para visualizar algumas pinturas de Manoel de Barros.
 
4. GEBARA, Ana Elvira. “A poesia, a infância da língua”. In: Carta Fundamental. 
 
 
5. CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formar, figuras, cores, números. Trad. Vera da Costa e Silva. 16.ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.
 

Arquivos anexados

  1. Manoel de Barros: poeta

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