Conteúdos
Geografia
Sociologia
Filosofia
Objetivos
Compreenda e questione produção e coleta de coleta em uma sociedade industrial capitalista;
Construa um olhar crítico sobre a desigualdade social a partir do universo brasileiro;
Desenvolva a capacidade de organizar dados em tabelas, analisar dados e criar gráficos;
Conceitue liberdade a partir de experiências pessoais e da análise da desigualdade social;
1ª Etapa: Apresentação e exibição do filme
Consulte a sinopse e os links sugeridos em “Para Organizar o seu Trabalho e Saber Mais” antes de iniciar as atividades com seus alunos
O filme Ilha das Flores é um articula documentário e ficção, há a apresentação de uma cadeia de argumentos, fatos e definições que levariam a uma ‘verdade’ científica. A linguagem é estruturada exatamente para dar esta noção de que aspectos sociais e humanos por vezes escapam da racionalidade (ou irracionalidade) do dia-a-dia.
Ele também interessa para incluir os jovens em dois universos importantes: o lixo produzido por uma sociedade e a desigualdade social brasileira. Assim, antes de iniciar o filme cabe algum comentário acerca do mesmo, indicando a sua importância e a atenção com que deve ser visto.
Sugere-se que o filme seja visto em grupo. Em se tratando de um filme curto, é possível projetar para toda a sala, com boa aceitação de audiência. Organize a sala para que todos vejam o filme com clareza e para o que o som seja audível e claro.
2ª Etapa: Discussão em detalhes
Sugerimos uma discussão a partir de tópicos do filme. Inicialmente, os alunos podem tecer comentários gerais acerca do filme e suas primeiras impressões. Faça uma primeira sondagem acerca do que os estudantes pensam ser o problema central do filme e como a linguagem do mesmo favorece esta discussão central.
Em seguida, retome, no filme, algumas passagens para discussão. Sugerimos as seguintes passagens e temáticas a serem discutidas:
• 0’17’’: “Deus não existe”. Por que o diretor optou por iniciar o filme com esta mensagem? Quais as passagens do filme que abordam a questão da religião.
• 2’06’’: Alusão à bomba atômica. Retome o raciocínio do filme com os alunos e trabalhe a questão da racionalidade a serviço do desenvolvimento. Até que ponto a tecnologia nos permite realmente promover ‘melhoramentos em nosso planeta’.
• 3’10’’: A alusão aos judeus não é gratuita. Talvez o holocausto tenha sido um dos momentos exemplares de como a humanidade não consegue lidar consigo mesma e como as definições do que é um ser humano são dependentes do contexto social.
• 6’45’’ e 7’30’’: Faça a análise das imagens do caminhão com lixo e das crianças correndo. Este momento pode também ser utilizado para um momento de análise de paisagem geográfica e compreensão do local em que se passa o filme a partir da imagem.
• 8’23’’: O papel das crianças no filme parece ser fundamental. Até que ponto o autor explora a infância e o que propõe quando as coloca cercadas?
• 9’33’’: Tempo de exposição e uso do silêncio. Retome esta passagem da pobreza e da imagem das pessoas pobres. Identifique com os alunos o recurso da pausa e do silêncio como sensibilizadores do discurso.
• 11’15’’: Identifique o final do filme com a questão do ‘dono’ e do ‘dinheiro’ e como a questão econômico-social está incluída na noção de liberdade.
Nesta etapa é possível gerar um primeiro instrumento de avaliação, solicitando aos estudantes que redijam, em seus cadernos, uma breve resenha do filme, indicando como o filme afetou individualmente o(a) aluno(a). Neste percurso, oriente-os a refletirem sobre o seu universo de distanciamento ou proximidade no tocante ao problema apontado no filme.
3ª Etapa: Brasil, o problema do lixo. Produzindo gráficos e analisando informações
Uma possibilidade interessante de trabalho é a produção de gráficos a partir de dados do IBGE. Pode-se inserir nesta etapa informações sobre a importância do IBGE, a distinção de tipos de armazenamento e solução para resíduos do lixo e ainda as questões biológicas e ecológicas sobre doenças e contaminação de solos e águas por conta do armazenamento incorreto do lixo. Estas relações podem ser desenvolvidas em conjunto com as áreas de Ciências da Natureza.
Para esta atividade, divida a sala em pequenos grupos e ofereça a cada um deles duas tabelas (veja o site do IBGE sugerido). Cada grupo deverá buscar uma linha comparativa para a produção de um gráfico. Neste início de trabalho, o papel do professor como orientador é importantíssimo. Oriente os alunos a se questionarem sobre quais as informações são mais interessantes e como separar os dados para a produção do gráfico. Para tanto, você poderá retomar atividades anteriores de produção de gráficos ou, se seus alunos nunca as realizaram, utilizar esta etapa para iniciá-los nesta habilidade.
As etapas para a produção de gráfico devem ser: (i) análise dos dados disponíveis; (ii) seleção dos dados que se pretende comparar, (iii) seleção do tipo de gráfico mais adequado, (iv) produção da escala e, finalmente, (v) inclusão dos dados no gráfico para dar sua forma.
Ao final da atividade proponha uma rápida exposição dos gráficos, socializando resultados.
Neste material há um anexo no qual, a partir de um conjunto de informações, foram produzidos dois gráficos diferentes. Há também algumas orientações de como produzir os gráficos.
4ª Etapa: Conhecendo realidades – o lixo que me cerca.
Esta etapa pode ser realizada com projeto paralelo ou motivador de outros projetos. Trata-se de conhecer o caminho do lixo e a situação do lixo de sua comunidade. Isso significa identificar para onde vai o lixo que é produzido na escola ou na sua própria casa. Há duas abordagens possíveis:
• Abordagem 1: O lixo na escola: os alunos poderão iniciar a pesquisa buscando informações junto à coordenação da escola sobre a retirada do lixo. Há coleta seletiva, ele é separado na escola? Quais os horários de retirada? Existe algum contrato ou informação específica acerca da retirada de lixo escolar? Quais os tipos de lixo que mais produzimos? O lixo escolar vai para aterros sanitários, lixões, associações de catadores? Seria possível realizar um ‘caminho’ a partir de uma prova jogada no lixo (tal como ocorreu no filme de Jorge Furtado)?
• Abordagem 2: O lixo da minha cidade: a partir de pesquisas na internet e também por meio de comunicação com a prefeitura (deve-se ter atenção à existência de secretaria municipal específica que trate do lixo), os alunos devem fazer um breve relatório de como é organizado o lixo da cidade. Há lixão ou aterro sanitário? Quantos são ? Qual o maior? Seria possível visitá-lo? Há imagens disponíveis?
A partir dos resultados obtidos, a discussão pode ganhar contornos ecológicos e sociais. Proponha um diálogo sobre a relação lixo/homem a partir dos riscos relacionados ao manejo do lixo e à vida próxima dos lixões ou aterros. Articule a questão da desigualdade social entre quem produz o lixo e quem vive do lixo, mostrando como a sociedade industrial produz e distribui de forma desigual os itens de consumo. Neste ponto interessa retomar a frase final do curta-metragem em que se realiza a ligação entre liberdade e desigualdade.
Materiais Relacionados
• Veja previamente o filme em diversos canais do Youtube ou no site Portacurtas.
•
Para construção de gráfico no Excel, sugere-se o tutorial de
Innova Data.
•
Para uma abordagem de Ética em sala de aula, consulte o material do
Ministério da Educação para a formação de professores.
• Gênero. Documentário/Ficção, Experimental, Drama. País e ano de produção: Brasil, 1989. Duração: 13 minutos Direção e Roteiro: Jorge Furtado
• O muitas vezes premiado Ilha das flores talvez seja um dos filmes mais utilizados em salas de aula nas matérias de Geografia, História e Sociologia. Sua transversalidade e sua riqueza temática permitem um grande número de abordagens sobre o capitalismo, sobre a desigualdade social, sobre o conceito de evolução ou racionalidade e sobre a questão do lixo produzido em uma sociedade. Todo o filme se desenvolve com grande agilidade e boa dose de ironia, com a finalidade de alertar a audiência para problemas até hoje atualíssimos da sociedade brasileira.
• Em condensados 13 minutos de filme, é possível conhecer uma vertente ampla da desigualdade. A partir da plantação de tomates do Sr. Suzuki, acompanhamos o caminho de um tomate, desde sua produção até ele ser jogado no lixo. Negado e renegado por consumidores, o tomate acaba no lixão chamado “Ilha das Flores”, onde são despejadas muitas toneladas de lixo por dia, a céu aberto.
• Neste local há uma certa ordem de coleta dos itens que foram descartados pela sociedade. Inicialmente, os organizadores retiram aquilo que pode ser útil para a alimentação de porcos. Aquilo que não serve para a alimentação dos porcos é deixado no lixo e, então, libera-se a entrada de catadores para que eles façam uso daquilo que foi negado pela sociedade e pelos porcos.
• Trata-se, sem dúvida, de uma denúncia em nada isolada no tocante à sociedade em que vivemos. Ao contrário, Ilha das flores nos mostra o óbvio, o evidente, aquilo que sabemos existente e não desejamos ver. Filme de 1989, continua pertinente para as discussões sobre a desigualdade brasileira.
A desigualdade social sempre se apresenta na má distribuição de serviços essenciais e na qualidade de vida das pessoas. A diferença entre ricos e pobres é ainda mais clara quando pensamos no lixo e nos personagens que o manejam e dele dependem. O lixo, no Brasil, ainda é um dos grandes problemas do desenvolvimento. Sem saber como dar conta da produção e do descarte de bens de consumo (duráveis ou não), a dinâmica e sociologia do lixo é tema transversal importantíssimo.
O curta-metragem Ilha das Flores permite diversas aproximações temáticas. No conjunto de atividades abaixo há claramente duas principais temáticas: a produção e manejo do lixo nas cidades e a desigualdade social vista a partir da realidade dos lixões.
Arquivos anexados
- Ilha das Flores – Curta-metragem