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Idade Média: “Média” por quê?

Objetivos

• Discutir a respeito das representações sobre a Idade Média.
• Refletir sobre o conceito de Idade Média.
• Perceber que a “divisão” do passado em sucessivas épocas é uma invenção humana.
• Refletir sobre as possibilidades e limitações do sistema quadripartite de organização da história.
• A sistematização quadripartite consiste na divisão: Antiga, Média, Moderna e Contemporânea.

Antes dar inicio às Etapas consulte a aba “Para Saber Mais”.

1ª Etapa: Sondagem e sensibilização.

A que imagens os alunos associam o conceito de Idade Média?



Transcreva ou projete no quadro o fragmento de texto a seguir e convide os alunos a refletir sobre o conceito de Idade Média, com o objetivo de averiguar a que imagens associam o conceito de Idade Média.



“Eu diria que a Idade Média não é o período dourado que certos românticos quiseram imaginar, mas também não é, apesar das fraquezas e aspectos dos quais não gostamos, uma época obscurantista e triste, imagem que os humanistas e os iluministas queriam propagar. É preciso considerá-la no seu conjunto.” (LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. p.18.)



Considerando que a Idade Média, como sugere Le Goff, “inspirou filmes aos cineastas, desde que o cinema existe, fascinando os espectadores, particularmente as crianças” (p.9), é provável que os alunos associem o conceito de Idade Média ao “período dourado que certos românticos quiseram imaginar”.  Ou, ainda segundo Le Goff, à “bela Idade Média, presente, principalmente, na admiração das crianças: diante dos cavaleiros, dos castelos fortificados, das catedrais, da arte românica e da arte gótica, da cor (dos vitrais, por exemplo) e da festa”. (p.19)



Problematize, portanto, oralmente, com os alunos, com base na expressão “Não estamos mais na Idade Média!”. A expressão associa-se “ao período dourado que certos românticos quiseram imaginar” ou à “época obscurantista e triste que os humanistas e os iluministas queriam propagar”? Comente que tratar alguém ou alguma coisa de “medieval” não é propriamente um elogio…

Explique que os historiadores “dividiram” o passado em sucessivas épocas, cada qual com suas características, de modo a explicá-lo melhor. Em relação à Idade Médiahá uma interpretação favorável e outra desfavorável do período. Uma Idade Média “boa” e uma Idade Média “má”. Uma Idade Média “obscura” e uma Idade Média “dourada”.

2ª Etapa: Problematização: “Média” por quê?

Sugira aos alunos que consultem um dicionário à busca do verbete médio. É provável que encontrem definições, como “que se situa entre duas partes de um todo cronológico”, “que está entre dois”  Problematize, portanto, indagando:  Idade Média é a média entre o quê, afinal?



Convide os alunos a refletir a respeito, com base na leitura dos fragmentos de texto a seguir.



Disponibilize e distribua cópias dos textos aos alunos ou então transcreva ou projete-os no quadro. Se julgar interessante, solicite aos alunos que trabalhem em duplas. Transcreva ou projete no quadro as questões a seguir, de modo a orientar a leitura dos alunos e problematizar o debate.

 

• Por que Idade Média? É a média entre o quê? 

• Quando surgiu o conceito? Conceito ou preconceito, como sugere o Texto 1?  Selecionem elementos do texto que corroborem a hipótese da dupla. 

• E “Idade das Trevas” é um epíteto lisonjeiro? Selecionem elementos do Texto 2 que  corroborem a hipótese da dupla.

• O Texto 1 refere-se a eventos ou datas? Quais? E o Texto 2?



Texto 1

Se utilizássemos numa conversa com homens medievais a expressão Idade Média, eles não teriam idéia do que isso poderia significar. Eles, como todos os homens de todos os tempos históricos, se viam vivendo na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos passados. No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado pelos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. Este se via como o Renascimento da civilização greco-latina, e, portanto, tudo que estivera entre esses picos de criatividade artístico-literária (de seu próprio ponto de vista, é claro) não passava de um hiato, de um intervalo. Logo, de um tempo intermediário, de uma idade média.”

(FRANCO Junior, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1995. p.17.)



Texto 2

O período que sobreveio à queda do Império Romano, é geralmente conhecido pelo nada lisonjeiro epíteto de Idade das Trevas. Deu-se-lhe essa designação para significar, em parte, que as pessoas que viveram durante esses séculos de migrações, guerras e sublevações estavam mergulhadas na escuridão e tinham escassos conhecimentos para guiá-las; mas também para assinalar que pouco sabemos a respeito desses séculos confusos e desconcertantes que se seguiram ao declínio do mundo antigo e precederam o surgimento dos países europeus na configuração geográfica em que mais ou menos os conhecemos hoje.”

(GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LCT, 1999. p.157.) 

3ª Etapa: Organizando o conhecimento: Quanto tempo durou? Quando começa? Quando termina a Idade Média?

Construa ou projete no quadro uma linha do tempo que traduza o sistema quadripartite de organização da história, cuja sistematização consiste na divisão: Antiga, Média, Moderna e Contemporânea, de modo a situar a Idade Média entre a Antiga e a Moderna.



Explique aos alunos que a Idade Média começa com o fim da Idade Antiga, quando o último imperador romano foi expulso de Roma e substituído por um rei bárbaro, em 476, e termina no final do século XV. A Idade Média, portanto, durou muito tempo: pelo menos mil anos! Comente que mil anos é um longo período em que muita coisa pode mudar, e, de fato, muita coisa mudou.



Sugira aos alunos que consultem um dicionário à busca do verbete bárbaro. Na versão online do “Dicionário Houaiss da língua portuguesa”, é possível encontrar as seguintes definições: “que ou quem é cruel, desumano, feroz”; “que ou quem é incivil, rude, grosseiro”. Problematize, oralmente, com os alunos: “bárbaro” associa-se “ao período dourado que certos românticos quiseram imaginar” ou à “época obscurantista e triste que os humanistas e os iluministas queriam propagar”? Comente que tratar alguém ou alguma coisa de “bárbaro” tampouco é propriamente um elogio…



Comente também que a expressão “Idade Média” surgiu no decorrer, perto do fim, da própria Idade Média, entre os humanistas, citados no texto por Jacques Le Goff. A expressão “Idade Média” sugeria que os séculos transcorridos entre os humanistas do século XVI e a Idade Antiga representavam um intermédio, uma transição, e também um tempo de declínio, um período obscuro, em relação à Antiguidade, cuja civilização os humanistas acreditavam ser mais refinada.  A Idade Média “nasceu”, portanto, como um parêntese entre a Idade Antiga e a Idade Moderna, como sugere o fragmento de texto de Hilário Franco Júnior.

4ª Etapa: Construindo o conhecimento.

Verifique a compreensão dos alunos a respeito do conceito de Idade Média, com base na análise dos textos. A seguir, proponha aos alunos a construção de uma linha do tempo da Idade Média.



Se julgar interessante, divida-os em grupos de coleta de informação. Com base nas informações coletadas pelos alunos, assinale que características corroboram a existência de uma interpretação favorável e de outra desfavorável da Idade Média, uma Idade Média “boa” e uma Idade Média “má”. Ainda segundo Jacques Le Goff, “Existe, é verdade, uma Idade Média “má”: os senhores oprimiam os camponeses, a Igreja era intolerante e submetia os espíritos independentes (que eram chamados de hereges) à Inquisição, que praticava a tortura e matava os revoltosos nas fogueiras… Havia muita fome e muitos pobres (…). No entanto, existe também a “bela” Idade Média, presente, principalmente, na admiração das crianças: diante dos cavaleiros, dos castelos fortificados, das catedrais, da arte românica e da arte gótica, das cores (dos vitrais, por exemplo) e da festa. Também esquecemos quase sempre que, na Idade Média, embora as mulheres ainda tivessem um lugar inferior aos dos homens, adquiriram ou conquistaram um posição mais justa, mais igual, de mais prestígio na sociedade – posição que nunca tinham tido antes, nem mesmo em Atenas, na Antiguidade.” (LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. p.18-19.)

Materiais Relacionados

1. Visualize trechos de “A Idade Média explicada aos meus filhos”, de Jacques Le Goff. Acesso em: 13 dez. 2011.

2. Leia “A Idade Média: nascimento do Ocidente”, de Hilário Franco Júnior, disponível na íntegra. Acesso em: 13 dez. 2011.

3. Inspirada no romance de Victor Hugo que imortalizou a catedral homônima no coração de Paris, a animação dos estúdios Disney fascinou os espectadores, particularmente as crianças.  Assista a trechos de “O Corcunda de Notre Dame” em: <www.youtube.com.br>. Acesso em: 13 dez. 2011.  

4. A história de Brancaleone, uma comédia hilariante sobre o cavaleiro maltrapilho e seu exército de mendigos, malandros, velhos e crianças, nitidamente inspirada em “Dom Quixote de La Macha”, encontra-se disponível na íntegra. Acesso em: 13 dez. 2011.

5. Há diversos dicionários da língua portuguesa online, como o Aulete Digital e o Dicionário online de português. Acesso em 13 dez. 2011.

Idealização e Edição Final NET EDUCAÇÃO | Plano de aula: Idade Média: “Média” por quê? Profa. Ms. Ana C. S. Pelegrini.

Arquivos anexados

  1. Idade Média: “Média” por quê?

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