Gilvan Samico | imagens que contam histórias - Portal de Educação do Instituto Claro

Gilvan Samico (1928-2013) é um dos artistas brasileiros que irão integrar a 32a Bienal de São Paulo. Sob o título Incerteza viva, essa edição da mostra busca refletir sobre as atuais condições da vida e as estratégias oferecidas pela arte contemporânea para acolher ou habitar incertezas. A exposição acontece de 10 de setembro a 11 de dezembro de 2016 no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Ibirapuera, reunindo 81 artistas e coletivos.

Samico, Homem e cavalo (1958), xilogravura 24×35,5 cm. Reprodução fotográfica do catálogo da exposição "Samico: do desenho à gravura", Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2004. Foto: João Liberato©

Mais conhecido por sua obra em gravura, Gilvan Samico foi também desenhista e pintor. Sua produção é marcada pela recuperação do romanceiro popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização criativa da xilogravura. Suas imagens são povoadas por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e narrativas locais, assim como por animais fantásticos e míticos.

Antes de iniciar este trabalho, consulte os links sugeridos na área “Para organizar o seu trabalho e saber mais”

2ª Etapa: o cordel

Prepare um material ilustrativo sobre a literatura de cordel (utilize como fonte os links 3 e 6). A partir desse material converse com os alunos sobre as relações entre texto e imagem presentes nessas publicações. Você pode propor uma apreciação de alguns exemplos, compará-los entre si, identificar temas, etc., a fim de tecer hipóteses com os alunos a partir das características encontradas no cordel:

Os temas são os mais variados, indo desde narrativas tradicionais transmitidas pelo povo oralmente até aventuras, histórias de amor, humor, ficção, e o folheto de caráter jornalístico, que conta um fato isolado, muitas vezes um boato, modificando-o para torná-lo divertido. Ao mesmo tempo que falam de temas religiosos, também falam de temas profanos. Escrevem de maneira jocosa, mas por vezes retratam realidades desesperadoras. Uma outra característica é o uso de recursos textuais como o exagero, os mitos, as lendas, e atualmente o uso de ironia ou sarcasmo para fazer críticas sociais ou políticas. Usar uma imagem estereotipada como personagem também é muito comum, às vezes criticando a exclusão social e o preconceito, às vezes fazendo uso dos mesmos através do humor sarcástico. Além dos temas “engajados”, se assim podemos chamá-los, há também cordéis que falam de amor, relacionamentos pessoais, profissionais, cotidiano, personalidades públicas, empresas, cidades, regiões, etc.

Uma das características desse tipo de produção é a manifestação da opinião do autor a respeito de algo dentro da sua sociedade. Os cordéis não tem a característica de serem impessoais ou imparciais, pelo contrário, na maioria das vezes usam várias técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a idéia proposta. (Ana Paula de Araújo, Infoescola)

3ª Etapa: Gilvan Samico

Para apresentar e contextualizar a obra de Gilvan Samico você pode assistir com os alunos ao documentário “No reino de Gilvan Samico” (disponível no link 2).

Selecione algumas gravuras do artista para apreciar com os alunos (use como fonte os links do item 1). Converse com eles sobre a relação do artista com a cultura popular e a literatura de cordel, sobre a presença de símbolos e figuras míticas em sua obra, etc. Você pode pontuar que, diferentemente do cordel, a obra de Samico não dá acesso ao texto ou narrativa que deu suporte para a construção temos das imagens. Aqui, são as próprias imagens que contam historias.

Peça que os alunos escolham uma das gravuras apreciadas. A partir delas eles deverão escrever ou reescrever a narrativa ali presente visualmente. Mesmo quando se tratar de uma historia conhecida, você pode sugerir que os alunos procurem reconta-la atendo-se aos elementos das imagens.

Proponha uma dinâmica para que os textos sejam compartilhados. Dependendo do número de alunos você pode propor pequenos agrupamentos de até 3 pessoas. Pode-se reunir alunos que escreveram sobre uma mesma gravura, por exemplo. Nesse caso, pode ser interessante pontuar possíveis semelhanças e diferenças, e refletir sobre como cada texto se relacionou com as imagens.

4ª Etapa: texto e imagem

Leve para a aula outras peças gráficas que contenham diferentes tipos de relação entre texto e imagem, tais como jornais, revistas, livros ilustrados, etc. Você pode dispor esse material numa bancada para que os alunos possam manuseá-los.

Organize a turma em pequenos grupos de trabalho.

Apresente a proposta para os alunos, sugerindo que os materiais de referência possam servir como fonte de pesquisa em dois momentos:

1. Primeiramente para a troca e discussão nos grupos a respeito dos tipos de relação entre texto e imagem propostos nas diferentes peças gráficas. Imagem e texto podem ser complementares, podem ser correspondentes, ou antagônicas, etc., podem ser dependentes entre si ou autônomos, podem atribuir sentidos diversos um ao outro.

2. Por ultimo, deverão produzir um texto curto, que conte uma história, podendo adaptar coisas do material de pesquisa, misturar com fatos pessoais, acontecimentos mais próximos, etc., ao modo da literatura de cordel.

5ª Etapa: imagens narrativas

A partir do texto produzido na etapa anterior, os alunos deverão criar uma imagem narrativa, não para ilustrar o texto, mas como se pudesse recontar a historia visualmente.

Você pode propor que primeiramente realizem alguns estudos. A ideia é que os alunos escolham o modo como gostariam de construir essa imagem, bem como os materiais utilizados.

Seria interessante que o trabalho final fosse em um formato médio ou grande, como um cartaz.

Ao final, proponha uma apreciação coletiva dessa produção.