Conteúdos

Este plano de aula aborda os diferentes tipos textuais e a sua importância no aprendizado da língua portuguesa. Tem como foco o gênero textual e literário crônica, produzido e publicado sobretudo em jornais e revistas. O/A professor/a pode apresentar o gênero ao abordar a produção da imprensa ou ao discutir a linguagem coloquial e formal. 

  • Estudos de gêneros textuais;
  • Características de gênero crônica;
  • Principais autores e fases das crônicas; e
  • Leitura e interpretação de crônicas.

Objetivos

  • Debater a importância dos estudos de gêneros textuais;
  • Conhecer a crônica como gênero textual;
  • Saber quem são os principais cronistas brasileiros; e
  • Fruir e apreciar crônicas.

Palavras-chave:

Gêneros textuais. Crônica. Crônica brasileira. Terceira fase do Modernismo. Textos de jornal.

Previsão para aplicação:

6 aulas (45 min.)

1ª Etapa: O estudo dos gêneros textuais

O que é gênero textual e gênero literário?

Os textos verbais e não verbais são usados pelos seres humanos para atingir uma finalidade de comunicação ou de fruição e apreciação. A divisão dos textos escritos em gêneros diz respeito a algumas características que eles apresentam, tanto entre si como em oposição uns aos outros. Esses aspectos são em relação à linguagem e ao conteúdo, mas também estão relacionados aos elementos contextuais de produção, tais como: onde são publicados, com qual frequência, qual sua função social, para qual público são direcionados etc.

É importante compreender que nenhuma língua se manifesta fora do seu contexto de produção. Portanto, estudar gramática ou interpretação de textos a partir de frases ou orações isoladas retira também parte do conteúdo estudado, já que uma parte considerável dele é o seu local de produção e o público para o qual se direciona. Os atuais estudos do ensino de línguas combatem a ideia do certo e errado, do ponto de vista gramatical, e em seu lugar debatem a ideia de contexto conversacional, adequação em relação a ele e norma culta e linguagem coloquial. Nesse sentido, o estudo da língua a partir dos gêneros textuais e literários permite a ampliação dessa discussão com, inclusive, o debate sobre o preconceito linguístico, sobre variedades linguísticas e sobre as mudanças que a língua passa ao longo do tempo e do espaço.

Para que ocorra, portanto, uma comunicação eficiente, é bom e importante conhecer os gêneros textuais, seja como fruição e/ou como prática, bem como entender o seu contexto de produção, publicação e o público que se pretende atingir com eles. Ao apresentar os textos aos alunos, apresente também o suporte original, o local de produção, e debata sobre a época e sobre o autor bem como, e sobretudo, sobre a função social e a linguagem usada pelo texto.

Quais são os gêneros textuais?

Os tipos de textos podem ser divididos em narrativos, descritivos, dissertativos-argumentativos, expositivos ou injuntivos. Dentro desses existem, ainda, os gêneros propriamente ditos, como é o caso dos contos, crônicas e romances, que são narrativos; diários, notícias e listas de compras, que são descritivos; artigos de opinião, dissertações e resenhas, dissertativos-argumentativos; dicionário, palestras e enciclopédias são exemplos de textos expositivos e propagandas, bulas de remédio e manuais de instrução fazem parte dos textos injuntivos. 

Os gêneros textuais têm a função de cumprir objetivos práticos, ou seja, são funcionais. Eles podem ter também objetivos estéticos e são classificados como textuais e literários, como é o caso de poemas, peças de teatro e romances. Nesse caso, são classificados em: dramáticos, líricos e narrativos. Os gêneros podem ser divididos de acordo com os elementos que os compõem, como o conteúdo, o assunto propriamente dito do texto; a composição do texto, ou seja, sua estrutura; o estilo que apresenta e a função comunicativa, seu objetivo. Além disso, o meio de divulgação e publicação também é importante, embora não seja determinante.

Ao abordar o tema com os alunos, vale a pena debater a função que os diversos textos apresentam, para ter uma melhor noção da intenção comunicativa de cada um e, assim, ter mais eficiência.  

2ª Etapa: Características do gênero crônica

As crônicas são textos curtos, escritos em prosa e publicados em locais como jornais, sejam impressos ou digitais e/ou em revistas e blogs. Tem-se, portanto, que a crônica é um gênero relativamente recente, produzido sobretudo nos séculos XIX, XX e XXI, que está ligado à difusão da imprensa escrita. Os jornais já existiam, mas a sua difusão diária passou a ser mais ampla a partir do século XIX, momento em que as crônicas passaram a ser publicadas diariamente e os cronistas passaram a ter projeção. Até por isso, as crônicas, tal como as notícias, passam a ter uma abordagem mais trivial do cotidiano e das situações em questão.

O aspecto central nas crônicas é o tema que retrata o cotidiano das pessoas, seus conflitos e os detalhes deles, portanto, o principal elemento que diferencia a crônica de um conto é a sua efemeridade e o seu momento. Normalmente, crônicas são textos com uma duração menor de tempo e tema, já que tratam de elementos sutis e triviais do cotidiano e, por isso, estão extremamente ligados ao contexto de sua escrita. A própria palavra crônica tem sua origem no termo grego khronos, o Deus do tempo, pai de Zeus na mitologia grega antiga.

Vista muitas vezes como uma arte menor, a crônica pode apresentar um elemento de sensibilidade, já que depende da observação e da captação de um momento por parte de seu autor. O gênero e seus autores sofreram e sofrem muitas críticas graças ao uso da oralidade e por serem textos quase descartáveis, já que com o passar do tempo perdem seu significado. Utilizam a linguagem coloquial e retratam elementos de oralidade, mesmo sendo textos escritos. São narrativas do cotidiano. 

Elas podem ser jornalísticas, que ocorrem quando são usadas pelos meios de comunicação para representarem temas da atualidade e promoverem certas reflexões; podem ser históricas, quando buscam retratar personagens e eventos históricos definidos e com prioridade estética; humorísticas, com a intenção de entreter ou de fazer críticas, sobretudo à sociedade e a determinadas políticas, ou reflexiva, que propõe um pensamento sobre determinado evento. Ainda que usada para declamação em público e ao vivo, as piadas contadas em teatros como stand up comedy também são consideradas crônicas.

Crônica

3ª Etapa: Leitura e Interpretação de crônicas

1ª O homem horizontal – Carlos Heitor Cony

Rio de Janeiro

Almocei no hotel onde me hospedaram, na rua Augusta. Fui a uma banca de jornais na Paulista. Num cruzamento, o pé bateu numa protuberância do meio-fio, dei passos desgovernados, bêbado súbito e irreparável. Desabei na calçada.
Tive tempo de proteger a cabeça, o peso do corpo ficou concentrado no ombro direito. Ainda bem. Se tivesse me apoiado nas mãos, teria sido pior — foi o que ouvi mais tarde do ortopedista.

Pior mesmo foi adquirir a perspectiva que um morto teria-se é que os mortos têm direito a qualquer perspectiva. No chão, contemplava o céu estranhamente azul da Pauliceia. E só não contemplei mais porque aparecerem rostos penalizados. Formavam um círculo, o céu ao fundo. 

Tudo demorou menos de meio minuto. Ajudaram-me a levantar, perguntaram se estava passando mal, disse que não, tudo bem. Saí do pequeno ajuntamento que se formou em volta. Não sentia dor alguma, mas imensa, obscena humilhação. O homem vertical, que eu me julgava ser, tivera um momento de verdade. Não foi o meu primeiro tombo. Foi o mais espetacular, no meio de tanta gente.
Bastaram aqueles dois ou três segundos, estatelado numa calçada, o céu ao fundo, rostos alarmados formando um círculo em minha visão derrotada, de homem horizontal.

Não sei se foi bom voltar à verticalidade que me dava direito de ser como os outros, também verticais e apressados, que logo não me deram qualquer importância. No chão, eu era importante? Ou apenas um transtorno na vida urbana, um cara atrapalhando o trânsito na calçada paulista?

Sobrevivi à humilhação. Fui em frente. O homem vertical é postiço, provisório, como as medidas que o governo baixa todos os dias. Definitivo, passado a limpo, é o homem horizontal.

Publicado no jornal “Folha de São Paulo” – Seção “Opinião” – 14/12/2000

Disponível em: Folha de S.Paulo – Rio de Janeiro – Carlos Heitor Cony: O homem horizontalAcesso em: 27 de março de 2023.

Perguntas para interpretação de textos:

1) A crônica pode ser classificada como um gênero que aborda questões efêmeras e sutis do cotidiano. Leia a crônica “O homem horizontal” e responda ao que segue:

  1. a) O tema desse texto pode ser considerado trivial? Qual o principal evento que ele descreve?
  2. b) Por que o autor falava que quando estava na horizontal era importante e na vertical tornou-se um homem normal?

2) Na sua opinião, essa crônica é reflexiva, humorística, jornalística ou histórica? Justifique sua resposta.

3) Outra característica da crônica é o uso da linguagem coloquial. Localize no texto ao menos duas passagens em que isso aparece, e as transforme em norma culta.

2ª Vespa não é abelha – Fernando Sabino

De manhã cedo, ao sair do quarto, ela deu com a filha espichada no sofá da sala. Chegou a se assustar: de camisola, a menina dormia, parecendo ter passado a noite ali. Assim deitada é que se via como estava crescida, uma mulher, ocupava o sofá inteiro.

– O que é que você está fazendo aí, minha filha? A moça se espreguiçou, abrindo os olhos:

– Meu quarto está cheio de abelhas.

– Abelhas?

As duas podiam se considerar felizardas, pois ainda moravam numa casa – e casa ampla, confortável, de pé-direito alto, daquelas antigas do Rio Comprido, com quintal e árvores de frutas. Mas casa costuma ter dessas coisas: cupim na cumeeira, caixa de gordura entupida e bichos de toda espécie. Inclusive abelhas.

– O teto e as paredes estão cobertos, são mais de mil. Eu não tinha como dormir lá.

– Por onde elas entraram?

– Pela janela, por onde havia de ser?

– Você devia ter me chamado.

– Para quê? Que é que você podia fazer?

– Tirar as abelhas de lá.

– Tirar como? Só tocando fogo no quarto.

– É uma ideia. Vamos até lá dar uma olhada.

– Cuidado, mamãe, que elas te picam.

A mãe foi com cuidado, seguida da filha. Pararam ambas na porta, sem coragem de entrar: dali mesmo as abelhas podiam ser vistas, em grandes manchas negras espalhadas pelas paredes e pelo teto. Muitas cruzavam o ar, zumbindo, chegavam a voejar ao redor das duas, quase se enredando em seus cabelos. E ameaçando invadir a sala.

– Vamos sair daqui antes que elas nos ataquem.

Fecharam a porta do quarto, e enquanto a filha voltava a se espichar no sofá, a mãe foi ao telefone, ligou para o Corpo de Bombeiros.

– Abelhas? – o bombeiro de plantão não estranhou, parecendo achar perfeitamente natural. – Quantos punhados?

– Quantos o quê?

– Quantos punhados de abelha tem no quarto da sua filha?

– Ah, sim. Uma porção. Uma porção de punhados.

– Quantos, mais ou menos?

Ela não tinha a menor ideia da quantidade de abelhas que perfazia um punhado:

– Uns dez, pelo menos. Daí pra mais. Faz diferença?

– É que sendo assim então é caso para um abelheiro – concluiu o bombeiro. – Me dá o telefone da senhora que mando já um abelheiro ligar para aí.

Realmente, em poucos minutos o telefone tocava:

– A senhora tem certeza de que é abelha? – quis saber o abelheiro.

– Que é que podia ser? Mosquito é que não é.

– Mosquito não digo, mas podia ser vespa, marimbondo… Como é o corpo dela?

– Não reparei direito. Mas acho que é como o de uma abelha.

– Pega uma, olha se tem bunda grande e me diz. Vou ficar esperando.

Ela suspirou, resignada, chamou a filha:

– O homem quer saber se tem bunda grande.

– Quem? – espantou-se a menina.

– A abelha! Vamos ter que pegar uma.

Empunhando uma vassoura, avançou cautelosa quarto adentro, enquanto a filha, precavida, aguardava à porta. Depois de desferir vassouradas a esmo nas paredes, alvoroçando as bichinhas, conseguiu acertar numa, que tombou morta. Com a ponta dos dedos apanhou-a pela asa, voltou ao telefone:

– Tem bunda grande sim.

– Riscadinha?

– Não. Toda preta.

– Está me parecendo vespa – disse o abelheiro, pensativo. – Posso ir até aí verificar. Se for abelha tudo bem, eu dou um jeito, não custa nada. Mas se for vespa a senhora vai ter de pagar a gasolina, que anda muito cara.

– Se for vespa eu pago a gasolina. E se não for também pago. A gasolina é a mesma, tanto para uma como para outra.

– Vou até aí.

Em pouco batiam no portão. A filha, já vestida, foi lá fora abrir:

– Mamãe, o abelhudo chegou.

Era um homem de meia-idade, acompanhado de um garotão, provavelmente seu filho. Deixou no carro aquelas roupas de astronauta das abelhas, só saltou de bonezinho na cabeça.

– Onde estão elas? – foi logo perguntando. No quarto, bastou uma olhada e anunciou:

– Como eu desconfiava: vespa.

– Qual é a diferença?

– Vespa é vespa e abelha é abelha. É essa a diferença. Vespa não produz mel. Abelha, que produz mel, é a Apis mellifera. A vespa é braconídea, calcidídea, pompolídea, especídea ou vespídea mesmo. Chega?

– Chega – admitiu ela.

– Pois então vamos ver o que se pode fazer.

Foi apanhar no carro uma bomba de inseticida e entrou em ação. Em dois tempos, sob jatos fumigatórios, as vespas morriam. Aos punhados. Depois de liquidar com a última, o abelheiro informou:

– Não vou cobrar a gasolina, era mais perto do que eu pensava. E sorrisinho matreiro:

– É só a senhora me prometer que se inscreve num curso de apicultura que eu tenho lá na Tijuca. Pra nunca mais na sua vida confundir abelha com vespa.

Ela prometeu.

Disponível em: Vespa não é abelha – Crônica de Fernando Sabino | Conto BrasileiroAcesso: 09/03/2023.

Perguntas para interpretação de textos:

1) A crônica pode ser classificada como um gênero que aborda questões efêmeras e sutis do cotidiano. Leia a crônica:

  1. a) O tema desse texto pode ser considerado trivial? Qual o principal evento que ele descreve?
  2. b) Qual o elemento de humor que destaca o texto de outros?

2) Na sua opinião, essa crônica é reflexiva, humorística, jornalística ou histórica? Justifique sua resposta.

3) Outra característica da crônica é o uso da linguagem coloquial. Localize no texto ao menos duas passagens em que isso aparece, e as transforme em norma culta.

4ª Etapa: Atividades

1ª Principais autores – Coletânea de crônicas

Nesta etapa, o/a professor/a pode solicitar que sejam realizadas pesquisas sobre a vida e a obra dos autores abaixo, bem como que os estudantes escolham uma crônica de cada um deles, para elaborar uma coletânea. Sugere-se que o/a professor/a apresente livros, como a coleção “Para Gostar de Ler – Crônicas”, para que os estudantes vejam como se organiza e de que forma se elabora uma coletânea. Neles é possível ver que há uma página com um breve resumo da vida e da obra do autor em questão e logo em seguida há uma ou duas crônicas escolhidas, de sua autoria. É possível elaborar um pequeno livro impresso ou ainda expor o material em um blog. 

As coletâneas podem ter um tema único como, por exemplo, “Natal” ou ainda “Família”. Elas podem ser também selecionadas tendo por base grupos como, por exemplo, “crônicas escritas por mulheres” ou ainda “crônicas escritas por autores negros e negras”. A classificação pode, ainda, ser histórica, jornalística, cômica etc. Fica a critério do/a professor/a e de sua turma.

Sugestões de autores que podem ser estudados e selecionados:

  • Machado de Assis
  • Lima Barreto
  • Carlos Heitor Cony
  • Fernando Sabino
  • Luís Fernando Veríssimo
  • Martha Medeiros
  • Mário Prata
  • Millôr Fernandes
  • Paulo Mendes Campos
  • Rachel de Queiróz
  • Rubem Braga
  • Affonso Romano de Sant’Anna
  • Dalton Trevisan
  • Ivan Ângelo
  • Moacyr Scliar
  • Stanislaw Ponte Preta
  • Ruy Castro
  • Otto Lara Resende

2ª Produzindo uma crônica

Nesta etapa, o/a professor/a pode propor que a atividade seja realizada em dupla ou de forma individual. Sugere-se duas dinâmicas possíveis.

  1. a) Leve os estudantes para fora da sala de aula e proponha que encontrem, pelo ambiente escolar – ou ainda, se for possível, na rua ou quarteirão ao redor da escola –, temas possíveis para uma crônica do cotidiano. Peça que observem pequenos detalhes ao redor, falas de pessoas, imagens e anotem tudo que for possível. Depois, eles devem escrever sobre essa experiência. Lembre-se que a crônica é um gênero bastante livre e, portanto, o tamanho e os temas podem ser bem explorados da forma como ficar mais confortável para os estudantes.
  2. b) Apresente uma notícia de jornal de um fato cotidiano e corriqueiro e peça para que eles transformem essa notícia em uma crônica, explorando os finais possíveis dos eventos.

5ª Etapa: Exercícios de vestibular.

1) (Enem – 2008)

São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando: 

— Quantos são aqui? 

Pergunta triste, de resto. Um homem dirá: 

— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos. 

E outro: 

— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor… (…) 

E outro: 

— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

(Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento)

O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao:

  1. a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra.
  2. b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço.
  3. c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
  4. d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas.
  5. e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético.

GABARITO: E.

Disponível em: Exercícios sobre a crônicaAcesso em: 27 de março de 2023.

2) (ENEM – 2012)

Desabafo

Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.

CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento)

Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois:

  1. a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
  2. b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
  3. c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
  4. d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
  5. e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.

GABARITO: B.

Disponível em: Lista de Exercícios sobre crônica no vestibular – Mundo Educação. Disponível em: 27 de março de 2023.

3) (Enem/2014 – PPL)

O Jornal do Commércio deu um brado esta semana contra as casas que vendem drogas para curar a gente, acusando-as de as vender para outros fins menos humanos. Citou os envenenamentos que tem havido na cidade, mas esqueceu de dizer, ou não acentuou bem, que são produzidos por engano das pessoas que manipulam os remédios. Um pouco mais de cuidado, um pouco menos de distração ou de ignorância, evitarão males futuros. Mas todo ofício tem uma aprendizagem, e não há benefício humano que não custe mais ou menos duras agonias. Cães, coelhos e outros animais são vítimas de estudos que lhes não aproveitam, e sim aos homens; por que não serão alguns destes, vítimas do que há de aproveitar aos contemporâneos e vindouros? Há um argumento que desfaz em parte todos esses ataques às boticas; é que o homem é em si mesmo um laboratório. Que fundamento jurídico haverá para impedir que eu manipule e venda duas drogas perigosas? Se elas matarem, o prejudicado que exija de mim a indenização que entender; se não matarem, nem curarem, é um acidente e um bom acidente, porque a vida fica.

ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1967 (fragmento).

No gênero crônica, Machado de Assis legou inestimável contribuição para o conhecimento do contexto social de seu tempo e seus hábitos culturais. O fragmento destacado comprova que o escritor avalia o(a)

  1. A) manipulação inconsequente dos remédios pela população.
    B) uso de animais em testes com remédios desconhecidos.
  2. C) fato de as drogas manipuladas não terem eficácia garantida.
  3. D) hábito coletivo de experimentar drogas com objetivos terapêuticos.
    E) ausência de normas jurídicas para regulamentar a venda nas boticas.

GABARITO: A.

Disponível em: Questão resolvida sobre crônica de Machado de Assis, do Enem. Acesso em: 27 de março de 2023.

4) (ENEM – 2022)

Ser cronista

Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto.

Crônica é um relato? É uma conversa? É um resumo de um estado de espírito? Não sei, pois antes de começar a escrever para o Jornal do Brasil, eu só tinha escrito romances e contos.

E também sem perceber, à medida que escrevia para aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo o risco deem breve publicar minha vida passada e presente, o que não pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que estou escrevendo para jornal, isto é, para algo aberto facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só é aberto por quem realmente quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever se transforme. Não é que me desagrade mudar, pelo contrário. Mas queria que fossem mudanças mais profundas e interiores que não viessem a se refletir no escrever. Mas mudar só porque isso é uma coluna ou uma crônica? Ser mais leve só porque o leitor assim o quer? Divertir? Fazer passar uns minutos de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e com o leitor. Aqui no Jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente.

LISPECTOR, C. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

No texto, ao refletir sobre a atividade de cronista, a autora questiona características do gênero crônica, como

  1. a) relação distanciada entre os interlocutores. 
  2. b) articulação de vários núcleos narrativos. 
  3. c) brevidade no tratamento da temática 
  4. d) descrição minuciosa dos personagens 
  5. e) público leitor exclusivo. 

GABARITO: C.

Disponível em: Enem 2022: No texto, ao refletir sobre a atividade de cronista.  Acesso em: 27 de março de 2023.

Materiais Relacionados

  • Para ler mais sobre gêneros textuais:

Tipos e Gêneros Textuais – Revisão Enem com Prof. Noslen
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=51Vj6uzsdaA. Acesso: 03/03/2023.

Gêneros Textuais – Toda Matéria
DIANA, Daniela. “Gêneros Textuais”. Toda Matéria.
Disponível em: Gêneros Textuais. Acesso: 03/03/2023.

Gêneros Textuais – Brasil Escola
Disponível em: Gêneros textuais: o que são, quais são, exemplos – Brasil EscolaAcesso: 03/03/2023.

  • Para conhecer mais o gênero crônica:

Crônica – Brasil Escola
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2XcMASxk4oM&t=407s. Acesso: 03/03/2023.

Crônica – Mundo Educação
MARINHO, Fernando. “Crônica”. Mundo Educação.
Disponível em: Crônica: o que é, tipos, estrutura e exemplo – Mundo EducaçãoAcesso: 03/03/2023.

A crônica literária na sala de aula: entre a leitura e a produção.

MARTINHO, Mara Iraneide. MARQUES, Moana Lorena de Lacerda. “A crônica literária na sala de aula: entre a leitura e a produção”. In: (Desa)fios da leitura e da escrita na educação básica: (im)possibilidades na contemporaneidade brasileira. Vol. 07, n. 01, 2020.

Disponível em: A crônica literária na sala de aula: entre a leitura e a produção | humanidades & inovaçãoAcesso: 03/03/2023.

CANDIDO, Antonio. “A vida ao rés-do-chão”. In: Para gostar de ler: crônicas. São Paulo: Editora Ática, 2003. pp.89-99.
Disponível em: A vida ao rés-do-chãoAcesso: 05/03/2023.

  • Para conhecer mais sobre cronistas brasileiros:

Os cinco cronistas mais importantes da literatura brasileira – Brasil Escola

CASTRO, Luanda. “Os cinco cronistas mais importantes da literatura brasileira”. Brasil Escola.
Disponível em: Os cinco cronistas mais importantes da literatura brasileiraAcesso: 07/03/2023.

Autores do Gênero Crônica
SANTANA, Ana Lúcia. “Autores do Gênero Crônica”. InfoEscola. Acesso: 07/03/2023.

Portal da Crônica Brasileira
Disponível em: www.cronicabrasileira.org.br. Acesso: 07/03/2023.

  • Sites com coletâneas de crônicas:

Site “Conto Brasileiro”
Disponível em: www.contobrasileiro.com.br. Acesso: 09/03/2023.

Portal da Crônica Brasileira
Disponível em: www.cronicabrasileira.org.br. Acesso: 09/03/2023.

Arquivos anexados

  1. 2023_Plano de aula_Gênero textual Crônica_Mayra Mattar Moraes.docx

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