Conteúdos

Este plano de aula traz a importância de trabalhar os gêneros literários em sala de aula, o que são esses gêneros e como o artigo de opinião se encaixa nesse aprendizado. O plano propõe a leitura de alguns artigos e a elaboração final de um texto desse gênero pela turma ou pelos estudantes.

  • Gêneros textuais;
  • Características do gênero dissertativo-argumentativo;
  • Singularidades dos artigos de opinião; e
  • Artigo de opinião.

Objetivos

  • Conhecer os gêneros textuais;
  • Debater a importância de ensinar os gêneros em sala de aula;
  • Conhecer o gênero dissertativo-argumentativo;
  • Aprender sobre o artigo de opinião;
  • Ler artigos de opinião; e
  • Produzir um artigo.

Palavras-chave:

Gêneros textuais. Dissertação. Redação. Artigo de opinião.

Previsão para aplicação:

      4 a 5 aulas (50 min/aula).

1ª Etapa: O que são os gêneros textuais

Gêneros e tipos textuais são uma forma de classificação dos textos que utilizamos cotidianamente. Toda forma de comunicação pode ser classificada em tipos ou gêneros textuais e tem, portanto, características e funções próprias de sua tipologia.

Cada um dos textos que usamos no dia a dia tem uma função comunicacional intencional, é produzido por grupos específicos e direcionado a leitores com que possam compreender a mensagem. Nos estudos do texto, a comunicação se dá a partir de um emissário, uma mensagem, um receptor, um meio e uma função. 

Atualmente, ensinar a gramática da língua portuguesa se prova mais eficiente a partir dos textos, e não somente a partir de frases soltas ou de morfologia rígida. Isso ocorre porque há a compreensão de que a produção linguística se dá em um contexto e nunca fora dele, de forma que não falamos mais em certo ou errado na língua, mas em adequação ou inadequação ao contexto conversacional que inclui os elementos descritos acima. A norma culta nem sempre é a mais adequada, dependendo do contexto e da intencionalidade do emissário, por exemplo. Essa forma de ensinar gramática ajuda a combater o preconceito linguístico, além de introduzir e facilitar o letramento e a autonomia do estudante e/ou do produtor do texto.

Tipos e gêneros textuais

Os tipos textuais são classificados a partir de critérios técnicos e composicionais, como a estrutura do texto e os seus aspectos lexicais e estruturais, tal como a organização que o texto apresenta para cumprir suas funções de comunicar mensagens. São exemplos disso os textos descritivos, narrativos, dissertativos e argumentativos, bem como os textos expositivos. Ou seja, a partir dessa categorização a prioridade são os aspectos estruturais do texto.

Já em relação aos gêneros textuais, embora convivam e estejam intrinsecamente ligados aos tipos textuais, já que não se desligam dos aspectos técnicos, são classificados a partir de outros critérios, como sua estrutura, função social, conteúdo e local de transmissão, ou seja, o contexto e a intenção. Nesse sentido, conhecê-los é essencial para aperfeiçoar a habilidade de comunicação e a diversidade de formas de expressão possíveis a partir da língua.

São exemplos de gêneros textuais que se classificam como injuntivos os manuais de instrução, as bulas de remédio e as receitas de comida; textos narrativos podem ser as fábulas, contos, romances; os dissertativos podem ser teses, artigos; textos expositivos são, por exemplo, palestras; os descritivos são reportagens, cardápios. Um único gênero textual, ainda, pode ter mais de um tipo de texto ao mesmo tempo.

Gêneros textuais e seu ensino

A classificação de textos em relação aos gêneros textuais busca, em primeiro lugar, entender sua função comunicativa e social, ou seja, localizar elementos relacionados ao contexto, aos agentes comunicacionais ou interlocutores, à intenção daquela comunicação, à sua função social, ao suporte usado para a comunicação e a outros aspectos relevantes. 

O gênero corresponde a uma classificação fluida, que pode mudar, já que depende de uma série de elementos para se compor. Por exemplo, nem sempre uma crônica estará em um jornal ou terá a intenção de divertir. Nem sempre uma canção estará em um álbum ou terá a função de entreter ou favorecer a fruição. 

Os principais gêneros textuais são: biografias, reportagens, notícias de jornal, cartas abertas, cartas pessoais, diários, poesias, contos, fábulas, petições, cardápios de restaurantes e receitas de comida, entre outros.

Para favorecer o letramento além da alfabetização, o trabalho com gêneros é essencial ao professor, já que insere as classificações abstratas em relação à função que ocupam no texto, de acordo com todos os elementos descritos acima.

2ª Etapa: Dissertação e artigo de opinião — características

O artigo de opinião é um texto de caráter argumentativo, ou seja, apresenta a opinião do autor e busca convencer o leitor a respeito dela. Usualmente, é publicado em veículos de comunicação ou jornais, mas também é tema de muitos vestibulares. Costuma ter como assunto algo que está em debate ou em destaque na sociedade e a respeito de que, portanto, muitas pessoas estão a par dos detalhes ou têm opiniões, de forma que sua função é fornecer mais argumentos para a discussão ou expressar a opinião de determinado setor da sociedade.

O texto dissertativo-argumentativo do artigo de opinião é escrito em norma culta da língua portuguesa, em terceira pessoa do singular ou do plural e normalmente apresenta uma estrutura bem definida e tamanho relativamente curto, para contemplar um espaço predeterminado do jornal ou da redação de vestibular. Neste último caso, costuma ser de 25 a 30 linhas.

Estrutura do artigo de opinião

A estrutura mais comum de artigo de opinião tem, em média, entre 3 e cinco parágrafos, podendo ter mais se o espaço reservado para o debate for maior, no caso de jornais e revistas. Ele costuma apresentar um tamanho menor, porque responde à dinamicidade do debate sobre o tema e não costuma se aprofundar muito, fazendo um panorama sobre o que o autor considera o principal sobre seu ponto de vista.

_Gênero textual Artigo de Opinião

Em relação à organização e à estrutura, os artigos não mudam muito. O artigo de opinião costuma ter:

– Título: apresenta uma síntese do texto em poucas palavras.

– Tese: apresentada logo no primeiro parágrafo ou nos primeiros parágrafos, a tese é explicitamente a opinião do autor sobre determinado assunto. Nela, são apresentados o tema, no qual o autor fundamenta o debate, e a sua opinião sobre determinado assunto, quando deixa claro qual  abordagem terá ao escrever.

– Argumentação: A partir do segundo ou dos próximos parágrafos, o autor aprofunda sua opinião, buscando o convencimento do leitor. Para isso, utiliza dados, exemplos ou parte de situações de amplo conhecimento da sociedade. No caso de redações de vestibular, é comum que a prova apresente uma coletânea de textos nos quais já existem dados e argumentos que auxiliam o debate. Quando se trata de textos em jornais, normalmente o próprio jornal já vem fazendo essa discussão e apresenta elementos que fomentam o debate.

– Contra-argumentação: Em alguns casos, para fortalecer a opinião do autor do texto, pode-se adotar a estratégia de usar uma opinião contrária, de conhecimento comum ou que esteja na coletânea. Nesse caso, o autor apresenta a opinião contrária e rebate os argumentos de forma a fortalecer sua opinião.

– Conclusão: O último ou os últimos parágrafos apresentam a conclusão do artigo, momento em que o autor amarra todos os argumentos usados e retoma a primeira parte do texto, fazendo uma síntese.

É importante enfatizar, portanto, que, apesar de o artigo expressar uma opinião do autor que o escreveu, ela é baseada em dados, fontes e outras informações que precisam ser apresentadas, não somente para fortalecer o argumento e melhor convencer o leitor, mas também para não cometer erros ou preconceitos e opressão. Nos vestibulares em que o artigo de opinião é solicitado, expressar uma posição que seja entendida como uma afronta aos Direitos Humanos torna a redação passível de ser anulada. Sugere-se, portanto, que se debata com os estudantes também acerca dos limites da liberdade de expressão, bem como sobre a necessidade de a opinião ser construída com base em fundamentos reais e possíveis de serem provados com pesquisas, dados e opiniões de especialistas.

Destrinchando um artigo de opinião

Sugere-se que o professor analise um artigo de opinião de tema relevante para os estudantes, em conjunto com a turma. O texto de Camila Rocha, chamado “Estudantes devem ser ouvidos sobre o novo ensino médio”, publicado no jornal Folha de São Paulo, no dia 19 de março de 2023, pode ser um bom ponto de partida. 

ROCHA, Camila. Estudantes devem ser ouvidos sobre o novo ensino médio. Jornal Folha de S. Paulo.
Disponível em: Estudantes devem ser ouvidos sobre novo ensino médio.
Acesso: 19/03/2023.

Camila Rocha: Doutora em Ciência política pela USP e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.

Autora: O jornal apresenta a autora e suas referências, que explicam o porquê de sua opinião ser relevante para estar no jornal.

Estudantes devem ser ouvidos sobre o novo ensino médio

Título: A autora deixa claro que vai defender a necessidade da participação dos estudantes na reforma da educação que já está em voga no país.

Para além de representar uma nova forma de precarização pedagógica, o novo ensino médio pode se tornar uma catástrofe política. Por isso, é urgente aprender com erros passados.

Há mais de sete anos, o governo do estado de São Paulo anunciou uma reestruturação escolar. A ideia era separar as unidades escolares de acordo com os diferentes ciclos de estudo, o que implicaria no fechamento de mais de 90 escolas estaduais.

As pesquisas que subsidiaram tal projeto eram frágeis e foram duramente criticadas à época. Porém, pior do que isso, os sujeitos que seriam diretamente afetados pela reforma, os estudantes, nem sequer foram consultados.”

Tese: Rocha apresenta sua principal tese: a de que os estudantes precisam ser ouvidos no caso da reforma do ensino médio, já que não ouvi-los pode trazer graves consequências. Seu principal argumento é o aprendizado e para isso apresenta o conflito gerado pelo fechamento de escolas que ocorreu em 2015 e o movimento secundarista que se seguiu a ele.

“De um dia para o outro, muitos souberam que suas escolas seriam fechadas. Ou que seria necessário mudar para uma escola distante para continuar os estudos. Para além dos problemas de deslocamento, laços de sociabilidade com colegas, professores e funcionários seriam bruscamente interrompidos sem uma justificativa crível.

Os estudantes tentaram buscar soluções por meio do diálogo, mas o poder público permaneceu de portas fechadas. Sem ter a quem recorrer, decidiram se mobilizar, inspirados em um manual escrito por estudantes chilenos sobre como ocupar uma escola. Pouco tempo depois, mais de 200 escolas seriam ocupadas pelos próprios alunos ao final de 2015. 

O governo paulista, então comandado por Geraldo Alckmin, entendeu erroneamente que o movimento era controlado por organizações de oposição e se recusou a falar com os estudantes. Por conta disso, as ocupações se estenderam no tempo, gerando uma cascata de prejuízos, entre os quais a não realização da prova do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) em 174 escolas, e a absurda criminalização de estudantes, familiares e professores.

Em Mato Grosso e Goiás, quase 30 escolas foram ocupadas. No Espírito Santo foram cerca de 60 ocupações. No Ceará, quase 70. No Rio de Janeiro, cerca de 80. E os estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul somaram 150 ocupações cada, aproximadamente.

O estado do Paraná, porém, bateu o recorde: quase 850 escolas estaduais ocupadas. De acordo com os organizadores do livro “Ocupar e Resistir: Movimentos de Ocupação de Escolas pelo Brasil (2015-2016)”, os secundaristas paranaenses realizaram o segundo maior movimento de ocupações de escolas do mundo.

Ao lado de mineiros e capixabas, os paranaenses questionavam justamente a proposta do novo ensino médio, o “NEM”, que fora imposta de forma apressada e autoritária durante o governo Temer por meio de uma medida provisória.”

Desenvolvimento – No desenvolvimento do texto, a autora apresenta dados por estado e uma linha do tempo que fundamentam sua ideia e seus argumentos. Ela alega que o descontentamento dos estudantes e a falta de diálogo com eles, que, segundo ela, são os maiores interessados no assunto, geraram as ocupações de escola em 2015. Para isso, ela mostra números, datas e fatos que suportam sua posição.

“Passados sete anos, as reclamações sobre o novo modelo se avolumaram. Sindicatos e as associações científicas já vinham se manifestando contra a reforma por motivos amplamente divulgados em artigos científicos, livros e meios de comunicação, mas agora os estudantes (re)começaram sua própria campanha.

No último dia 15 o mote #RevogaNEM passou a circular nas redes sociais. Será que finalmente serão ouvidos?”

Conclusão — Como conclusão, Rocha mostra que a falta de diálogo com o projeto leva os estudantes a novamente se organizarem para resistir às mudanças. Ela, então, retoma o primeiro parágrafo, para provar seu ponto de vista.

3ª Etapa: Produzindo artigos de opinião — atividades

Proposta de atividade: construindo artigos de opinião

Sugere-se que o/a professor/a faça uma sequência de atividades que ajudem os estudantes a treinar a capacidade argumentativa, de debate e pesquisa. 

1) Levantamento de temas

O/A professor/a pode fazer um levantamento de temas entre os estudantes e na sociedade, que sejam relevantes e motivem os alunos no debate. Para isso, ele/a pode fazer uma pesquisa utilizando ferramentas diversas, dentre as quais um formulário anônimo do Google. Algumas sugestões de temas possíveis são:

  • Legalização da maconha ou das drogas de forma geral;
  • Permissão do porte de armas;
  • Novo ensino médio;
  • Sisu, vestibular e cotas;
  • Racismo estrutural;
  • Violência policial;
  • Banheiros unissex;
  • Uso de uniforme nas escolas;
  • Liberdade de expressão; e
  • Demarcação de terras indígenas.

2) Preparação da coletânea de textos

O/A professor/a, a partir do tema eleito, pode fazer uma coletânea com textos sobre o assunto. É importante priorizar textos que contenham imagens, gráficos, números e posições de especialistas. Sugere-se que o/a professor/a dê prioridade aos textos que tenham menos opinião e mais informação, e que evite maniqueísmos, como apenas colocar opiniões como contra x a favor, buscando explorar mais os argumentos e subsidiar um debate.

3) Debate entre a turma

O/A professora pode realizar um debate entre seus estudantes. Para isso, ele/ela pode dividir a sala em pelo menos três grupos, sendo que um terá a função de defender uma opinião, outro será responsável por sustentar a tese antagônica e o terceiro grupo fará a análise e a crítica dos argumentos trazidos por ambos os grupos. O restante da turma será espectadora. O projeto pode ser a longo prazo, com a exploração de diversos temas. Nesse caso, sugere-se que os grupos revezem funções e temas, fazendo com que todos os estudantes ao longo dos debates percorram todas as funções (espectador, grupo e mediador).

É natural que haja grupos contra e a favor, mas é importante que o/a professor/a tente evitar que as opiniões se restrinjam a isso, buscando ampliar o debate para posições mais complexas, que fujam do simples sim ou não, com construção de opinião crítica, quando for possível que isso ocorra.

Junto aos estudantes, o/a professor/a pode estabelecer as regras. Algumas sugestões de regramento para o debate são:

  • Usar linguagem adequada: evitar palavrões e gritos;
  • Estabelecer uma ordem e um determinado tempo de fala;
  • Decidir em conjunto se haverá turnos de fala, réplica e tréplica, quem e quando pode falar;
  • Escolher o grupo mediador de cada debate;
  • Preparar a turma previamente, com textos compartilhados por todos. Obs.: Incentivar que os estudantes façam as próprias pesquisas sobre o tema, mas que compartilhem suas descobertas com colegas; e
  • Escolher entre ter ou não uma ata ou um registro do debate, caso em que se deve escolher uma ou mais pessoas para elaborar. Obs.: Cabe ao professor avaliar a necessidade desse registro, visto que os estudantes irão elaborar um artigo. Se a intenção do/a professor for a de uma produção textual por debate, a ata é um trabalho a mais para os estudantes. Caso opte por fazer uma única produção, então cada aluno já expressará suas opiniões no texto.

4) Produção do artigo

O/A professora pode elaborar essa atividade a partir de duas propostas:

  • Proposta 1: Como fruto de cada debate, todos os estudantes deverão fazer uma redação. O/A professor/a, pode fazer a correção e a devolutiva com as explicações de como melhorar o texto, além de realizar correções ortográficas. O estudante realiza as correções e reflete sobre as sugestões, escrevendo um novo texto.
  • Proposta 2: Ao final de um ciclo de debates, cada um dos estudantes escolhe a respeito de qual tema quer escrever e faz seu artigo de opinião, para ser corrigido e aperfeiçoado. Nesse caso, pode-se propor que o estudante faça apenas um artigo sobre um tema que não foi debatido por ele, ou seja, no qual foi espectador.

Em ambos os casos, o/a professor/a pode também revezar funções dos estudantes. Por exemplo, um corrige o texto do outro e faz sugestões. É possível, ainda, criar uma publicação em forma de revista, livro, blog ou exposição das redações, valorizando a diversidade de posições e os textos dos estudantes.

Sugere-se que, em qualquer um dos casos, o/a professor/a peça para que os estudantes façam um rascunho, passem a limpo, entreguem uma primeira versão a ser corrigida pelo/a professor/a ou colegas, passe a limpo novamente e entregue uma versão final.

4ª Etapa: Artigos de opinião no vestibular

O/A professor/a pode pedir que os estudantes façam uma redação a partir de propostas reais de temas de vestibulares. Abaixo, como sugestão, o Texto 2 do vestibular da UNICAMP 2018:

  • Unicamp, 2018 – Texto 2: artigo de opinião — Liberdade de expressão

Considere a seguinte situação: uma postagem recente em uma rede social de uma mensagem de ódio contra os nordestinos foi foco de intensa discussão. Dada a repercussão do caso, o jornal de maior circulação de sua cidade resolveu fazer um caderno especial sobre o tema “Liberdade de Expressão”. Leitores de diferentes perfis foram convidados a se manifestar e você foi o estudante escolhido. Para atender a esse convite, você deverá escrever um artigo de opinião em que discutirá a seguinte questão: “Há limite para a liberdade de expressão?

No seu artigo de opinião, você deve:

  1. a) identificar e explicitar os dois principais posicionamentos sobre a questão tratada; 
  2. b) assumir um desses dois posicionamentos e sustentá-lo com argumentos.

Seu texto deverá considerar as seguintes citações:

“Liberdade de expressão é a possibilidade de as pessoas se manifestarem sobre fatos e ideias sem interferências externas, sobretudo do Estado. Discurso de ódio é uma tentativa de desqualificar e excluir do debate grupos historicamente vulneráveis, seja por religião, cor da pele, gênero, orientação sexual ou qualquer traço utilizado com o objetivo de inferiorizar pessoa ou grupo.” 

(Luís Roberto Barroso, Ministro do STF.)

———-

“A frase ‘eu discordo do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo’ talvez seja a melhor definição para a liberdade de expressão. Afinal, é muito fácil conceder a liberdade de expressão às ideias com que concordamos; muito mais difícil é aceitar a manifestação de ideias que desgostamos. O que se tem visto no Brasil nos últimos tempos, no entanto, é uma crescente vontade de reprimir formas de expressão que sejam consideradas desrespeitosas e preconceituosas. A iniciativa, embora tenha como pano de fundo uma intenção nobre, tem gerado situações desproporcionais, limitando o direito à livre expressão e violando a Constituição Federal.” 

(Bruno de Oliveira Carreirão, advogado.)

———-

“Liberdade de expressão é poder se manifestar sobre aquilo que não ofenda ou ataque o sentimento íntimo das pessoas. Discurso de ódio é o que tem por objetivo incitar, criar beligerância e promover animosidades contra esses sentimentos pessoais.” 

(Marcelo Itagiba, ex-deputado.)

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“As grandes sociedades se caracterizam pela pluralidade de valores, alguns excludentes. A liberdade de expressão é ligada à liberdade em si, mas há o valor da luta contra o preconceito. Como lidar com o conflito de valores? Os EUA optaram pela liberdade de expressão. O Brasil optou por uma legislação protetiva. Isso guarda um certo paternalismo, mas expressa respeito. 

(Fernando Schüler, cientista político.)

———-

“É necessário entender a ideia de identidade e de alteridade. Por uma questão de sobrevivência, nos sentimos seguros quando próximos de algo com que nos identificamos. Queremos sempre que o outro seja igual a nós e, se não for, talvez tenhamos que destruí-lo. Este é um pressuposto fundamental para o surgimento do discurso de ódio.” 

(Izidoro Blikstein, professor da FGV e especialista em Análise do Discurso.)

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“Liberdade de expressão é o direito de expor a opinião e exercitar a divergência sem ser perseguido ou condenado. O discurso de ódio é um conceito um tanto abstrato e elástico. Para uns, é a expressão da verdade desnuda do politicamente correto; para outros, é a tentativa abjeta de difamar seu interlocutor.” 

(Rachel Sheherazade, jornalista e apresentadora de TV.)

—————–

“O discurso de ódio aparece quando você acha que seu modo de ser e estar no mundo deve ser um modelo com o qual outras pessoas têm que se conformar. Se isso não acontecer, o discurso de ódio vem para deslegitimar a sua vivência, para fazer com que pareça que sua vida não merece ser vivida.” 

(Linn da Quebrada, cantora.)

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“Liberdade de expressão não é um direito absoluto, nem pode ser. As pessoas têm dificuldade de entender que vivem em sociedade, que existem regras e que a gente precisa delas, sobretudo no que diz respeito à vida do outro.”

(Djamila Ribeiro, ativista dos movimentos negro e feminista e ex-Secretária Adjunta de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo.)

Adaptado de: Personalidades discutem o que é liberdade de opinião e discurso de ódio.
Acesso em 13/11/2017.

SOBRE OS TEXTOS SOLICITADOS

A prova de redação da UNICAMP é composta por duas propostas, que se complementam de maneira a permitir que diferentes habilidades de leitura e produção de textos sejam avaliadas.

(…)

Texto 2

Na proposta do Texto 2, é apresentado um conjunto de excertos com depoimentos de personalidades de diferentes áreas de atuação social e cultural, os quais, em sua maioria, integram uma matéria publicada em 30/06/2017 pelo Jornal Folha de S. Paulo em que se discute a questão em pauta. O enunciado da proposta cria, a partir das leituras propostas, uma situação de produção em que o candidato deve se colocar na posição de um estudante que foi convidado pelo jornal de maior circulação de sua cidade para escrever um artigo de opinião para um caderno especial que vai reunir outros textos sobre a questão, escritos por leitores de diferentes perfis.

O gênero da produção textual é, pois, o artigo de opinião e a prova exige que o estudante assuma uma posição frente à questão “Há limites para a liberdade de expressão?” e a sustente com mais de um argumento.

Disponível em: Vestibular Unicamp — 2018.
Acesso em: 19/03/2023

Materiais Relacionados

  • Para ler mais sobre gêneros textuais:

MATOS, Talliandre. Gêneros Textuais. Português.
Disponível em: Gêneros textuais: o que são, exemplos, tipos X gêneros – Português.
Acesso: 19/03/2023.

Como trabalhar os gêneros textuais – Blog do Khan Academy.
Disponível em: Como trabalhar os gêneros textuais – Khan Academy Blog.
Acesso: 19/03/2023.

  • Para saber mais sobre artigo de opinião:

MARINHO, Fernando. Artigo de Opinião. Português.
Disponível em: Artigo de opinião: estrutura, passo a passo, como começar – Português.
Acesso: 19/03/2023.

OLIVEIRA, Rafael Camargo de. Artigo de Opinião. Brasil Escola.
Disponível em: Artigo de opinião: o que é, características, exemplo – Brasil Escola.
Acesso: 19/03/2023.

OLIVEIRA, Felipe. Artigo de Opinião. Educa Mais Brasil.
Disponível em: Artigo de Opinião – língua portuguesa Enem | Educa Mais Brasil.
Acesso: 19/03/2023.

Artigo de Opinião. Brasil Escola.
Disponível em: Artigo de Opinião – Brasil Escola.
Acesso: 19/03/2023.

  • Para ler mais sobre como fazer um debate em sala de aula:

OLIVEIRA, Lucas. Como organizar e conduzir um debate formal em sala de aula. Canal do Educador – Brasil Escola.
Disponível em: Como organizar e conduzir um debate formal em sala de aula – Educador Brasil Escola.
Acesso: 19/03/2023.

Arquivos anexados

  1. 2023_Plano de aula_Gênero textual Artigo de Opinião_Mayra Mattar Moraes.docx

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